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Fotografia: Nash Does Work
Vídeo: Luis Almeida
Publicado a: 06/03/2019

O sucessor de ATLAS saiu na passada sexta-feira.

Branko: “Nosso é um disco de canções que representam o momento que se vive actualmente em Lisboa”

Fotografia: Nash Does Work
Vídeo: Luis Almeida
Publicado a: 06/03/2019

Em 2017, Branko dizia que a Enchufada tinha as “garras afiadas” para 2018. No ano passado, a label de João Barbosa cumpriu o prometido e lançou uma série de sons e celebrou a música que foi assinando com concorridas festas que se alargaram de Lisboa ao Porto. Chegados a 2019, o DJ e produtor lança Nosso e ainda assinala um ano de Na Surra no B.Leza.

Um disco “que é um bocadinho de todos”, assegura, por ser “focado nas colaborações”, mas também por celebrar “o nosso som”. Ou seja, “o som de Lisboa, o som que andamos a praticar e a desenvolver já desde o início dos Buraka Som Sistema“. Quatro anos depois de ATLAS, um álbum que implicou cinco carimbos no passaporte, o produtor, que já nos tinha posto a dançar com singles como “Over There” e “Stand By” no ano passado, chega com 11 faixas que falam quatro línguas e que surgem de uma viagem sem rumo, mas com demos da lusofonia como ponto de partida.

Na passada quinta-feira, numa Na Surra cheia de amigos em palco e fora dele, Branko provou que a fórmula tem muito para dar “Tudo Certo”. Seguem-se agora Londres e Berlim numa tourrecheada de datas até em teatros portugueses. É que, aqui apresenta-se, garante o produtor, “uma abordagem à música electrónica e à dança, mas se calhar pelo lado mais do impacto cultural que a música electrónica tem em termos de ser a nova forma de criação e recriação de padrões tradicionais de música”.



A primeira vez que te entrevistei foi no final de 2017 altura em que falavas das “garras de fora” da Enchufada e em que referias que já tinhas feito as viagens para Club Atlas. A inspiração para este Nosso veio toda dessas viagens de 2017? Quais são os pontos de inspiração para este álbum?

Em termos de inspiração… o Nosso é um disco muito aberto, é um disco de canções que eu fui fazendo, compondo, e em que a determinada altura, talvez nessa altura em que falámos, uns meses depois de sair a compilação Enchufada na Zona, foi quando eu comecei a pensar que todo esse material era um disco, que toda aquela música era um disco. Mas já tinha muita música feita antes. Então eu acho que a inspiração para o Nosso é um bocadinho os últimos anos todos desde o ATLAS até aqui, em termos de percurso, em termos de experiências, em termos de coisas que eu fui vivendo. O ATLAS ainda saiu enquanto Buraka Som Sistema estava a acontecer e agora para este disco já não, já consegui pensar nas coisas e gerir o tempo de forma um bocadinho diferente.

A meu ver a inspiração foi tanto o Club Atlas, como concertos importantes que dei e que modificaram a minha forma de tocar e de pensar como a minha música é apresentada, como as Na Surra, como um bocadinho de tudo e mais alguma coisa. Acho que mudou muito a forma como me relaciono comigo próprio enquanto artista. Se calhar quando saiu o disco anterior ainda não me sentia propriamente um artista a solo.

Este Nosso é de quem?

Nosso é um bocadinho de todos. Eu não sou muito pessoa de ficar no estúdio a criar sozinho, sinto-me quase mal quando tenho que pensar nos projectos e falar tanto da minha visão. Para mim há sempre uma colectividade envolvida, mais que não seja toda a cena musical de Lisboa e todos os artistas à minha volta que me inspiram e que participam de alguma forma no disco. Sem dúvida que é um disco focado nas colaborações, novamente, e então como tal é um disco nosso. É um disco meu e de todas as pessoas que participam e que contribuíram de alguma forma para ele existir. Mas depois também é um disco de celebração do nosso som — que é uma expressão que eu uso muito — que é aquela ideia do nosso som enquanto o som de Lisboa, o som que andamos a praticar e a desenvolver já desde o início dos Buraka Som Sistema. É uma expressão que eu uso e daí fazer completamente sentido enquanto um álbum.

Como foi todo o processo criativo, chamar colaboradores, usar aquilo que apreendeste nas viagens e nestes quatro anos desde o ATLAS? Lembras-te por onde começaste? Houve algum som que te despertou?

Em termos de processo criativo este foi um disco que foi acontecendo. Começou com uma série de demos instrumentais todas relacionadas com géneros ligados à lusofonia, de música influenciada pelo afro house, pelo tarraxo, pelo zouk, pelo zouk bass, pelo baile funk por tudo e mais alguma coisa. E a partir dessas demos comecei a relacionar-me com outros artistas e a perceber com quem é que queria trabalhar e quem é que queria chamar. Também a surpreender-me um bocadinho todos os dias e também a ir à procura e deixar-me guiar um bocadinho por onde estava e ia passando. No fundo acabou por ser uma mistura de tudo. Tanto aconteceram colaborações e gravações em viagens que fiz por causa do programa para a RTP, o Club Atlas, como viagens que fiz especificamente para ir trabalhar com alguém em Londres ou uma situação desse género.

No fundo há tipo um abrir da ideia do disco com uma série de demos, depois há espairecer completamente e perder-me completamente numa série de coordenadas e direcções musicais, mas depois no fim — e essa é se calhar a parte que dá mais trabalho ainda — trazer tudo de volta para casa, para Lisboa, e fazer com que as músicas, apesar de gravadas em hemisférios diferentes e feitas em realidades completamente diferentes, consigam fazer todas sentido e fazer um disco. Na minha opinião, o disco começa e acaba em Lisboa, no meio passa um bocadinho por todo o lado e sem grandes limitações de coordenadas musicais ou do que quer que seja.

E houve artistas que trouxeste a Lisboa especificamente para gravar colaborações?

Não houve artistas que trouxe a Lisboa especificamente para isto. Houve artistas com quem gravei em Lisboa porque estavam em Lisboa por alguma razão, como por exemplo o Pierre Kwenders que estava cá a tocar e acabei por fazer uma sessão com ele aqui. Mas eu prefiro ir ter com a pessoa. No fundo há aqui uma coisa interessante, eu sento-me muitas vezes com pessoas que não conheço de lado nenhum e elas também não me conhecem a mim, e para além de fazermos música — que às vezes já é difícil juntos, expor emoções, sentimentos, técnicas e saber ou não sabermos — ainda temos de nos conhecer um bocadinho e perceber as sensibilidades da outra pessoa e tudo isso. A minha tendência nas colaborações é meio que anular-me, anular as minhas opiniões e deixar a coisa acontecer, deixar ser a pessoa a comandar. Por isso sinto-me sempre melhor a ir ter com essa pessoa. Não me faz muito sentido pôr uma pessoa num avião durante duas horas, num hotel, fora de casa, fora de tudo, para depois pedir o melhor dela ao mesmo tempo.



Preferes seres tu a colocar-te nessa posição?

Sim, vou eu e essa pessoa só basicamente acordou em casa, tomou o pequeno-almoço e vai ter ao estúdio. Acho muito mais confortável.

E qual foi o artista que não conhecias e que chamaste para o álbum?

Que não conhecia antes? De forma alguma? Muitos deles! Mais os que não conhecia dos que os que conhecia, sinceramente. Houve até pessoas que ainda não conheci. Por exemplo, a Catalina García, que é uma vocalista de uma banda colombiana chamada Mounsier Periné, ainda não cheguei a conhecer. Basicamente conectei com ela porque ela fez uma vez um story a dançar um tema do ATLAS e eu gostei, comecei a investigar um bocadinho quem é que ela era, o que é que fazia, reparei que ela tinha imensos seguidores e fui tentar perceber. No meio desse processo acabei por tropeçar numa colaboração super fixe que trouxe toda uma visão para já mais alegre — a meu ver é a música mais alegre do disco — e é também uma música em espanhol que era uma coisa que eu adorava. O disco passa por quatro línguas diferentes que para mim era uma coisa super importante que queria mesmo ter.

Mas há outros. A Cosima nunca tinha conhecido, o Miles from Kinshasa nunca tinha conhecido antes das sessões. Há muitos mais os que não tinha conhecido do que os que conhecia já.

Falavas aí das demos com que tudo começou e desse material sonoro todo. Houve algo diferente daquilo que fizeste no ATLAS ou daquilo que fizeste nos Buraka Som Sistema? Algum som novo que quiseste ir buscar, algum instrumento?

Eu no ATLAS tinha uma baliza, eram cinco viagens, cinco semanas, em cinco estúdios de cidades concretas onde colaborei com pessoas dessas cidades. No Nosso não havia essa baliza, não havia limites, não havia referências nem pontos cardeais de onde eu queria ir ou não queria ir. Foi um processo mais orgânico de deixar só a música acontecer e de me ir cruzando com as pessoas tentando não forçar demasiado porque acho que não vale a pena. As coisas foram simplesmente acontecendo. Uma coisa que queria muito fazer era alguma música só inspirada em coisas daqui da cidade de Lisboa, em coisas, como falámos há bocadinho, como as Na Surra — deixar que uma noite ganhasse quase vida num disco. Não achei que tinha necessariamente que viajar para todos os temas e para todas as faixas.

Tenho pela primeira vez mais músicos a gravarem instrumentos, que é uma coisa diferente. Desde guitarras, a percussões e coisas do género. Não tinha no ATLAS e essa talvez seja assim a grande diferença em termos da procura de inspiração.

Material reunido e disco alinhado, qual é a história que achas que quiseste contar? Há alguma história?

Não é um disco conceptual, não é um disco em que eu me proponho a contar uma história, uma narrativa. É um disco, a meu ver, de canções que representam o momento que se vive actualmente em Lisboa, a música que se faz actualmente em Lisboa e que celebra a diversidade de input que se faz sentir na música que se cria aqui. Isto enquanto produtor em termos dos beats e dos patterns que estou a utilizar e a explorar durante todo o disco. Essa para mim é, se calhar, a grande afirmação. Depois a nível das colaborações vocais aquilo que vou à procura é de conseguir agarrar exactamente nessas fórmulas que são daqui e que se calhar não estão ainda misturadas com uma série de outras fórmulas do mundo inteiro. Tentar ir um bocadinho atrás dessa fusão desses dois universos, do soul com o baile funk, de uma série de coisas que acabam por estar espalhadas pelo disco.



Isso acaba por se notar também pelas quatro línguas que aparecem no disco…

Sim, um bocadinho. Acho que se nota pelas línguas e também acho que as músicas têm histórias por si só. Fui também buscar algumas frases que queria dizer e usei algumas das entrevistas do Club Atlas para também afirmar algumas coisas interessantes durante o disco, algumas músicas têm samples de voz no final. Essas são as histórias individuais.

Eu ouço muita música em plataformas de streaming, sou super consumidor da música nesse formato, é um formato que me faz imenso sentido. Então para mim enquanto criador é um bocado inevitável eu dissociar-me completamente da forma como ouço música. Acho que o disco é quase mais uma playlist de Spotify do que propriamente um álbum naquele conceito clássico dos anos 90, que era todo gravado pelo mesmo produtor, com a mesma sonoridade em que o microfone estava sempre no mesmo sítio, etc. É exactamente o contrário. Cada música aponta na sua direcção e depois existe um glúten algures, mas eu não tenho muita noção de qual é.

Achas que as pessoas vão encontrar essa cola?

Eu acho que a cola é suposto ser invisível. E não pretendo que o disco soe a uma só coisa, eu pretendo que essa narrativa, que é a minha, esteja presente sem ser necessariamente algo específico. Se calhar a coisa mais específica é o facto de eu tentar que todas as músicas tenham um momento do produtor. É um disco de um produtor, por isso acho que não faz sentido que a música toda seja comunicada directamente pelo vocalista à pessoa que a está a ouvir. Da mesma maneira que sabes que uma canção é do Santana porque tem sempre o solo de guitarra, eu sinto que tenho de ir sempre à procura do meu solo de guitarra, do meu momento em que a pessoa que está no microfone se afasta um bocadinho e eu chego directamente aos ouvidos do ouvinte. Essa ideia para mim é muito forte e eu tento que exista em todas as músicas.

Até porque a voz captada por ti e depois misturada por ti soa sempre diferente. Gostas muito de brincar…

Sim, eu brinco sempre. Nem só é o captado e gravado, eu depois ainda samplo e re-samplo e viro ao contrário, mudo o pitch e faço tudo e mais alguma coisa. Há pessoas que não gostam muito, mas quase sempre acabam por aceitar. Esses momentos que já estão presentes por exemplo desde o “Reserva pra Dois” em que eu fui buscar a voz da Mayra e criei essa linha extra ou mesmo no “Paris Marselha” em que também fiz o mesmo com a voz do Cachupa Psicadélica. Esses momentos viraram os meus solos e é algo que me fez tanto sentido existir já nessa fase da música que me fez sentido continuar a fazê-lo.

Foram coisinhas que achas que foste buscar já depois dos Buraka Som Sistema? Quem é o Branko que foi dos Buraka, que fez o ATLAS depois entre projectos e que agora faz o Nosso? Houve um crescimento?

Houve, sem dúvida. Se eu pensar, principalmente desde o concerto de apresentação do ATLAS na ZDB até ao dia 29 de Dezembro no Terreiro do Paço no outro dia, eu acho que há uma série de experiências que me deram a conhecer o que gostava enquanto artista e o que gostava de fazer e como me sentia bem a relacionar-me com a música. Eu acho que onde eu fui encontrar o Branko diferente do Branko que participava nos Buraka Som Sistema é que eu acho que agora estou à procura de uma música electrónica que já não é tanto para ser consumida entre as duas e as seis da manhã e de uma forma super intensa. Eu acho que é uma música que pode ser consumida às nove e meia da noite ou às dez da noite. É uma música que celebra a música electrónica e que celebra a dança, mas não necessariamente a noite e o álcool. É se calhar uma abordagem à música electrónica e à dança, mas se calhar pelo lado mais do impacto cultural que a música electrónica tem em termos de ser a nova forma de criação e recriação de patterns tradicionais de música. A meu ver, prefiro muito mais conectar com as pessoas mais cedo e com uma ideia um bocadinho diferente, do que tinha nessa altura. Essa mudança de paradigma mudou muito o som do Nosso relativamente a outras coisas que tinha feito antes. Se bem que o ATLAS já caminhou um bocadinho nessa intenção, mas acho que entre o ATLAS e agora isso se concretizou de uma forma diferente. E concretizou-se mais ainda quando por exemplo conseguimos chegar a teatros. O Nosso vai ser apresentado em teatros em Portugal, que para mim é algo com que fico super feliz. Não havia um circuito de clubes numa série de cidades em que pudesse ir tocar, em que fizesse sentido ir tocar. Eu estava um bocadinho bloqueado a tocar em Lisboa e Porto, eventualmente em dois ou três sítios pontuais. Não sou propriamente um artista de Queima das Fitas e então tenho de ir à procura de um caminho. Esse caminho foi uma coisa que eu acho que é um bocadinho diferente, uma coisa que acho que ainda ninguém fez em termos de tour de apresentação de um álbum, que é para um DJ ir apresentar um concerto em teatros.



E vais levar as tuas participações para esses concertos?

Algumas delas sim. Esse formato de concerto com imagem, com os convidados, com algumas participações vocais, que me faz algum sentido continuar a desenvolver.

Falaste da Na Surra e daquilo que se faz hoje em dia em Lisboa. Sentes-te responsável por Lisboa em 2019 ser um ponto de partida e de chegada para imensos artistas?

Não, não me sinto nada responsável. Em termos de colectividades, Buraka Som Sistema, Enchufada, tudo isso, sem dúvida que as coisas têm um impacto que pode marcar, apontar direcções, e fazer com que uma série de pessoas veja isso. Mas relativamente ao que sou e ao que faço não consigo afirmar absolutamente nada. Eu acho é que a música que é feita nestes países que estão conectados pela língua portuguesa, pela lusofonia — que é um termo que eu não adoro, mas que existe — é algo marcante que ainda vai conquistar um espaço muito interessante no planeta Terra. Da mesma forma que tens hoje todo o universo latino e a forma como o reggaeton evoluiu desde o “Gasolina” até ao J Balvin, tudo isso. Pode ser construído um paralelismo com este nosso contingente. Lisboa, sem dúvida, é um dos epicentros disso tudo, mas São Paulo é muito maior, tem vinte milhões de pessoas, falam todas português também, e tem uma série de géneros que estão a tomar conta do planeta de alguma forma. Mas sinto que existe a visão global, de conseguir juntar tudo, e é também super interessante. A música latina tem uma relação enorme com Espanha e o facto de Espanha consumir tanta música latina.

São uma série de questões um bocadinho complexas e ficávamos se calhar aqui uma hora a falar disto, mas eu acho que há mesmo um contingente de música, deste nosso aglomerado de países que estão conectados, que tem mesmo uma coisa super importante a dizer. Espero que este Nosso, que a Enchufada [fez], que Buraka Som Sistema fez, sejam pequenos grãos de areia nessa movimentação cultural para o futuro. É por aí.

Dá um gozo particular ver as Na Surra cheias de gente a celebrar tudo isso?

Sim, é muito fixe ter um evento, que seja regular e que as pessoas voltem. Sem uma comunidade local não consegues contar a tua história em mais lado nenhum do mundo, falta-te o tapete. Da mesma forma que Buraka Som Sistema começou nas noites do Clube Mercado, hoje em dia há se calhar uma segunda vaga de tudo isso que foi fortalecida com um evento como as Na Surra e trouxe uma série de contexto e de pessoas à causa. O evento que fizemos agora em Janeiro do Sangue Novo Na Surra, para mim todas as outras Na Surra são para essa acontecer. Esses momentos são os que arrepiam, ter quatro miúdos novos que quase nunca tocaram em lado nenhum, a terem uma estreia a tocar e terem a reacção que têm do público.

É também por isso que vais estrear o teu Nosso na Na Surra?

Acho que era o que fazia sentido. Não fazia sentido estar a inventar muito em termos de ir à procura de outros conceitos ou de outras coisas. Há aqui este pontapé de saída destas datas que têm uma série de sítios onde já fui, espaços com quem já criei uma relação. Obviamente o B.Leza e o Maus Hábitos, mas também o Jazz Cafe em Londres e o Gretchen em Berlim são venues em que já estou a ir pela segunda e terceira vez. Isso para mim é algo muito fixe.

Tens algo preparado de diferente para a tour?

Depende um bocadinho do tipo de sítio em que vou tocar, mas tento quase sempre levar o lado todo visual. Em alguns concertos, em Londres e em Berlim, vou levar o Dino d’Santiago para fazermos uma espécie de showcase.

Tens alguma música preferida no álbum?

Acho que sim, mas vai mudando. Preferida de hoje ou desta semana? [risos]

A que te deu mais gozo fazer e em que sentiste que era mesmo aquilo…

Não sinto que há uma em que acertou tudo mais que as outras. Sinto que ficou um disco com uma série de canções que gosto muito de ouvir.

Uma que me deu um gosto especial é a “Tudo Certo” com o Dino. Porque eu gosto muito quando nós falamos sobre o que é que as músicas poderão ser antes delas existirem e a primeira vez em que me sentei com o Dino para o “Tudo Certo” não fizemos isso. Ele chegou ao estúdio, eu mostrei-lhe uma série de instrumentais, ele escolheu um, começámos a gravar algumas ideias numa tarde — o Dino é super rápido a criar. E o “Tudo Certo” teve uma versão muito lenta, uma música super calma. Não estávamos a acertar também muito bem com a letra. Quase todas as músicas que faço tenho 30 versões, nesta tinha 40 ou 50. Um exagero. Versões super diferentes da mesma música. E foi o tempo e a persistência que nos fez chegar à música. Falámos um dia e a direcção foi: não faz sentido estarmos aqui os dois sentados a fazer uma música que não seja uma que queiramos tocar numa Na Surra aos altos berros a pôr toda a gente a cantar. Essa é premissa, então revisitámos tudo e acabámos com a versão que temos. Foi um processo com uma pessoa com quem já tinha feito muitas vezes música, mas que foi super lento e acabou por resultar numa música que eu acho que é das mais bem conseguidas do disco.


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