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Texto: ReB Team
Fotografia: Manuel Lino
Publicado a: 14/01/2022

Entre Berlim e a Beira Baixa.

Bandua: “Este projecto surgiu da vontade de criar algo baseado no downtempo berlinense, mas com raízes do folclore português”

Texto: ReB Team
Fotografia: Manuel Lino
Publicado a: 14/01/2022

Daqui a menos de um mês, a 11 de Fevereiro, Bernardo D’Addario (aka Tempura) e Edgar Valente lançam o seu álbum de estreia enquanto dupla. Bandua, tiítulo do primeiro longa-duração e ao mesmo tempo nome da banda, começou a ser desvendado em 2021 com “Macelada“, mas esta sexta-feira ganhou um novo avanço: “Cinco Sentidos” é o mais recente single e tem um recomendável videoclipe assinado por Cláudia Batalhão (“Deslizes“, “Stand By” e “Volta“).

Se não estão a reconhecer os nomes, olhem com mais atenção: Addario foi aliado (no baixo) em muitos dos hits para os quais Lhast contribuiu, tais como “Por Pouco“, “Não Vales Nada“, “Gravidade“, “Bairro” ou “2020“; Valente é co-fundador dos Criatura, colectivo que editou Bem Bonda, disco destacado entre os melhores da primeira metade do ano passado.

Ao Rimas e Batidas, os Bandua apresentam-se em quatro partes; no comunicado, a sua música é descrita como pop electrónica de língua portuguesa e a referência apontada como mais próxima, em termos internacionais, são os Darkside. Curiosos?



[A criação do projecto]

Addario: O primeiro conceito do projecto foi concebido no início de 2018 quando comecei a produzir e tocar como DJ. Andava à procura de música downtempo com raízes portuguesas, sem muito sucesso, e foi durante essa procura que surgiu a vontade de criar algo baseado na sonoridade electrónica do downtempo berlinense, mas com as raízes do folclore português. Em 2019, já com uma base do que seria o single ”Cinco Sentidos,” convidei o Edgar para gravar e a partir dessa sessão é que começaram a surgir outras ideias que vieram a materializar-se no álbum e no projecto Bandua.

Edgar: É importante também referir que todas as letras das músicas deste disco foram resgatadas de antigos poemas ou canções da Beira, mais concretamente da zona Raiana. Algumas das canções foram reinterpretadas em relação às melodias originais e noutras, como no caso dos “Cinco Sentidos”, acabei também por adaptar e até acrescentar algumas partes de letra. A Beira Baixa acabou por ser o território em que nos inspirámos, devido ao facto de eu e o Addario termos raízes nossas lá. É um trabalho que queremos dedicar à nossa ancestralidade e à herança musical, cultural e espiritual que continua viva nas terras e nas gentes da Beira. 

[Inspirações]

Addario: Four Tet, 4hero, Acid Pauli, Nicolas Jaar, GYRL, LTJ Bukem, entre muitos outros. A cidade de Berlim e o seu movimento de musica electrónica, a vida nocturna e alguns clubes como o Kater Blau e o Sisyphos.

Edgar (para este trabalho): Catarina Chitas, Adufeiras de Monsanto, Adufeiras do Paúl, Idalina Gameiro, Mariana Root, Mayra Andrade, José Afonso, António Variações, João Aguardela, Criatura (apesar de fazer parte, é incontornável o que o grupo me tem inspirado na forma como olho as minhas próprias raízes).

[A ligação com a editora holandesa]

Addario: A ligação à editora holandesa-brasileira Frente Bolivarista veio graças a uma conexão estabelecida através do DJ e produtor português Pedro Martins com o label manager Daniel Lucas (Pigmaleão), que sugeriu que esse seria o lugar ideal para lançar este trabalho. Mais tarde o próprio Pedro Martins veio a mixar grande parte do trabalho comigo nos estúdios HAUS em Lisboa. E, através da editora, as faixas acabaram por ser levadas até ao sueco Anders Peterson para a masterização final. 

[Tocar ao vivo]

Addario: Queremos fazer uma tour de lançamento deste álbum passando por festivais, teatros, clubs e outros palcos. Estamos neste momento a procurar fechar um bom agenciamento tanto a nível nacional como internacional, pois também queremos levar o projecto para fora do país. 

Edgar: Vamos querer manter pelo menos três formatos distintos ao vivo. Um formato banda, em que iremos somar uma dupla de músicos para completar a banda e trazer outra organicidade à cena e um formato live act mais simplificado apenas com os dois. E depois há ainda a possibilidade de fazermos um formato DJ set para determinadas ocasiões. Estamos também já a preparar a indumentária e cenografia própria pensada para o espetáculo para garantir que convocamos toda a mística de Bandua para o palco. 


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