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Texto: ReB Team
Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 15/04/2021

De volta ao rap de gente grande.

Bambino: “Um gajo continua a tentar ser coerente e a representar a old school”

Texto: ReB Team
Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 15/04/2021

“Rap de Gente Grande” é a nova faixa a solo de Bambino e foi lançada no início desta semana pela RAIA. O single antecipa o seu primeiro projecto a solo — e empresta-lhe o título.

Está de volta uma das lendas vivas do hip hop nacional em nome próprio. Depois dos ORTEUM terem fundado a sua própria editora em 2019, Bambino aproveitou a boleia para se focar no projecto In3gah, a meias com Sanrise. O álbum de estreia da dupla não tardou a chegar às ruas, numa mostra de que a raça old school continua a ter argumentos para se manter viva no actual panorama do rap português. Numa troca de impressões com a nossa redacção, o rapper e produtor da Margem Sul, ex-Black Company, começou por frisar a “escola” em que cresceu e pela qual continua a dar sangue:

“Eu tenho uma expressão em que me refiro a certo people como os últimos moicanos. Aquele pessoal que surgiu no início dos 90s, quando o rap começou em Portugal, e que ainda hoje continuam a ter algum ênfase e continuam a ser respeitados. A bem ou a mal, um gajo continua sempre a tentar ser coerente, a trabalhar e a representar a old school. Ou lá o que quer que vocês lhe chamam. Eu já nem digo old school… Eu já me chamo de fóssil, man.”



Neste cenário de regresso em nome próprio e em pleno 2021, a pergunta que paira será: “o que mudou na arte de um dos pioneiros do nosso movimento nestes cerca de 30 anos de carreira?” Nas palavras do próprio:

“A minha mensagem não mudou muito desde o tempo em que eu comecei no rap. Eu estou no rap desde… Nem digo desde o início dos 90s, porque eu com datas… É uma cena do caraças. Mas posso dizer que, desde meados dos anos 90, um gajo está no rap. A minha mensagem não mudou muito. O meu rap não é do espaço nem falo sobre fórmulas matemáticas ou bullshit like that. O meu rap é nonsense. É old school rap. Eu costumo dizer que sou um rapper old school, porque o meu rap não precisa de… Eu posso estar a falar bullshit mas o meu rap vai estar crazy, right? É o nonsense rap. O rap, para mim, é divagação. Numa de Bocage. (…) O rap é uma cena muito simples. É teres uma track e droppares a tua alma. Eu sou do tempo em que não havia beats e um gajo tinha de rappar em cima de whatever.”

A dividir tecto com nomes sonantes de outras gerações na RAIA, desde Tilt e NERVE a Cora ou Il Bruto, todos eles focados na criação de discos que o ReB anseia ouvir religiosamente, resta agora perceber se o Mad Nigga tem também algum trunfo na manga para ajudar neste ataque cerrado ao mercado. Seja qual for o plano, pressão é algo que não afecta as rotinas e metodologias musicais do veterano:

“Uma cena fixe é que não tenho pressão. Estou a fazer o que eu quero e o que eu gosto. Estou a levar o meu tempo. Eu sou um bocado preguiçoso. Mas o pessoal deve ligar a minha preguiça à perfeição. Estou a dizer o quê? Um gajo tem estado com calma. Às vezes gravo um som e está crazy mas eu digo ‘não é isso que eu quero’. Ou seja, se calhar a minha visão vai estar deturpada, mas o meu trabalho, quando sair, vocês vão poder dizer ‘isto é a visão do Bambino’. A cena nunca vai sair por causa de pressão. Estou a trabalhar sem pressão nenhuma. Um gajo está a gravar nas calmas, que é como eu gosto. É mais um dia no escritório. A minha vida é esta. Eu não faço mais nada. A minha vida é acordar para fazer hip hop e dormir a pensar no hip hop.”


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