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Publicado a: 15/05/2018

BADBADNOTGOOD: “Tivemos muita sorte desde o início”

Publicado a: 15/05/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Direitos Reservados

No início desta década, um grupo de jovens canadianos (com fortes ligações ao jazz) começou a fazer versões de temas de rap. Gucci Mane, Tyler, The Creator, A Tribe Called Quest, Slum Village, Kanye West ou Wacka Flocka “cederam” as suas músicas ao trio (agora transformado em quarteto) que pegou, de forma orgânica, na herança “jazzy” do hip hop, adicionando-lhe uma generosa dose de juventude. Os BADBADNOTGOOD eram um dos principais destaques de uma nova geração que estava mais aberta à mistura e que, acima de tudo, queria uma versão do jazz revigorada, algo que desse para fazer headbanging, por exemplo.

Actualmente, não existem dúvidas que toda a atenção que lhes foi dispensada era afinal de contas totalmente merecida. O nome da banda está nos créditos de faixas de Danny Brown, Black Milk, Kaytranada, Earl Sweatshirt, Drake, Logic, Mac Miller, Rihanna, Mick Jenkins ou, (um)a (das) cereja(s) no topo do bolo, Kendrick Lamar. Ao telefone com Chester Hansen, o baixista dos BBNG, no final de Abril, o Rimas e Batidas não perdeu a oportunidade de falar sobre a sua pequena contribuição para DAMN., disco que acabava de ganhar o Pulitzer. “Eu acho que [a atribuição do prémio] é incrível. Fazer parte desse álbum foi muito fixe. É uma obra fantástica. O que aconteceu foi o seguinte: andávamos a explorar diferentes ideias e enviávamos para várias pessoas. O sample da ‘LUST.’ foi uma das coisas em que trabalhámos. Também chegámos a mandar para o Kaytranada. E depois acabou por ser o DJ Dahi, que trabalha com o Kendrick, a pegar. Fez um beat a partir daí. Nós ouvimos o instrumental um ano antes do álbum ser editado e achámos que estava fabuloso. Não sabíamos que ia fazer parte do disco e, na verdade, só soubemos perto da data de lançamento”, contou entre risos. “Gostámos muito do resultado final e ficámos bastante felizes”.

A ascensão foi rápida, mas tudo começou numa sessão especial com o autor de Flower Boy, que catapultou a banda para uma plataforma muito maior do que estariam à espera. “Tivemos muita sorte desde o início. Quando começámos, tudo aquilo partia de jams, momentos em que nos divertíamos.”



Este ano, Kali Uchis não perdeu a oportunidade de contar com o grupo em Isolation, o seu álbum de estreia. “Para esse tema em particular, nós trabalhámos directamente com ela, e as coisas foram fluindo a partir daí. Começámos com ideias simples para loops e depois produzimos tudo. Gravámos primeiro a bateria e o baixo e depois adicionámos outros instrumentos como a guitarra, teclado, etc.”, revelou Hansen, que iniciou esta caminhada com Matthew Tavares e Alexander Sowinski. Entretanto, Leland Whitty juntou-se oficialmente à banda e James Hill substituiu Matthew nas actuações ao vivo.

A impressionante lista de colaborações tem outro momento notável: Ghostface Killah, lendário rapper dos Wu-Tang Clan que rimou em cima dos instrumentais do grupo no longa-duração Sour Soul. “Passámos algum tempo com a crew do Ghostface [Killah]. Fizemos uma tour na Europa. Também fizemos alguns concertos nos Estados Unidos da América e Canadá. Foi uma experiência fantástica. Foi super cool estar numa digressão com uma lenda do hip hop. Estar no palco era uma loucura porque existiam pessoas que ouviam Wu-Tang há mais de 20 anos e pessoas que estavam lá por nossa causa.”



A vida de estrada levou-os para diferentes pontos do planeta e, como seria de esperar, ouvir música é parte importante das viagens. “Ouvimos um bocado de tudo, mas muito jazz e hip hop. Ultimamente andamos a ouvir muito material antigo do Miles Davis”, desvendou o baixista. As passagens pelos festivais também são fonte de inspiração (e de novas descobertas): “O ano passado vimos uma banda chamada Big Thief num festival de Chicago em que também tocámos. Nunca tinha ouvido falar deles e fiquei boquiaberto com a actuação. Também vimos o Moses Sumney quando estivemos na Austrália. Tivemos a oportunidade de conhecê-lo e à sua banda e vê-los algumas vezes. São incríveis.”

Os BadBadNotGood foram um dos grandes destaques da edição do ano passado do Vodafone Paredes de Coura. Hansen relembra a recepção do público português: “Fomos muito bem recebidos, as pessoas foram muito amigáveis e estavam receptivas a coisas diferentes. Ficámos espantados com a quantidade de pessoas que nos estavam a ver”.

A relação com o nosso país vai ter uma nova etapa em 2018: o festival EDP Cool Jazz estendeu o convite para o grupo voltar a Portugal. Sem disco novo desde 2016, o que é que podemos esperar do concerto que acontece no dia 17 de Julho, em Cascais? “Vai ser semelhante, mas com algumas coisas novas. A nossa sonoridade ao vivo tem-se alterado cada vez mais. Provavelmente vai existir improvisação e um par de canções que escrevemos no ano passado.”


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