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Publicado a: 11/10/2018

As revelações de Pusha T ao mundo a partir de Berlim

Publicado a: 11/10/2018

[FOTOS] Eriver Hijano / Red Bull Content Pool

A edição deste ano da Red Bull Music Academy, em Berlim, caminha a passos largos para o fim. Ontem, Pusha T, rapper e presidente da G.O.O.D. Music, foi o protagonista de A Conversation With Pusha T, uma iniciativa especial, aberta ao público, no âmbito do Red Bull Music Festival, que preenche vários espaços da cidade alemã em paralelo às actividades da academia.

Depois de nomes como Janelle Monáe, Jlin ou Christian Rich sentarem-se no famoso sofá para lectures destinadas aos participantes da RBMA, o autor de Daytona abriu o jogo numa conversa pública (e difundida em directo pelo YouTube) com Anupa Mistry, jornalista que já escreveu artigos para a Pitchfork, The Guardian ou The FADER.

Em baixo, o Rimas e Batidas, presente na plateia do Kino International, destacou algumas passagens de uma entrevista que passou por assuntos como os Clipse, a amizade com Kanye West ou o beef com Drake.

 



[NEPTUNES, CLIPSE E “GRINDIN'”]

“Os Neptunes ensinaram-me que os beats não precisam de soar sempre dark e murky, podiam ser brilhantes, serem pesados, mas ainda assim terem cores.”

“Todos os dealers de drogas nos contrataram para shows de 2 mil dólares com o ‘Grindin”. Isso durou 9 meses.”

“Os Neptunes ajudaram a unir universos, Justin Timberlake e Kelis de um lado, street rap do outro. Eles a dada altura eram donos de 50 por cento das tabelas.”

“Quando eu gravei com o Justin não rimei sobre arco-íris. Pessoas como ele queriam também credibilidade. Toda a gente queria um pedaço das ruas.”

“Os Clipse eram artistas de mixtape que nunca podiam entrar numa mixtape porque não éramos de Nova Iorque.”

“O meu irmão foi sempre a voz da razão, muito astuto.”

 



[A RELAÇÃO COM KANYE WEST, DAYTONA E O ÁLBUNS COM 25 FAIXAS]

“Eu ganhei um milhão de milhas quando estava em digressão na Europa e o Ye me ligou a desafiar-me para trabalhar com ele. E então eu voava da Suécia para o Hawai sempre que tinha uma pausa de 3 ou 4 dias… jetlag? O que é isso? [risos]”

“O Ye era um grande fã dos Clipse e do Hell Hath No Fury. Uma vez tocou-o na íntegra numa loja da Louis Vitton em Nova Iorque.”

“O Ye é super focado muito talentoso, super produtor, sempre rodeado de grandes músicos. Numa sessão pode aparecer o RZA com um pack de samples.”

“O Kanye deu-me o som da nostalgia soul. Algo bem diferente do Pharrell.”

“Com o Kanye um tema pode demorar uns dias ou umas semanas, mas ele persegue os temas até os ter no ponto.”

“O processo dele? Vai à Amoeba em LA, compra uma tonelada de discos e vai para o estúdio ouvi-los até encontrar o que ele quer.”

“No Utah pode-se fugir de tudo e todos. E aí é fácil encontrar o que se precisa. E podemos ligar-nos as emoções mais fundas lá na cabana de madeira… mansão de madeira…”

“A cena das sete canções foi um desafio, porque tínhamos mais material. Coisas que eu adorava e por que ele não era assim doido. Eu pensava que ele ia ser o A&R e meter umas baterias e tal, mas ele meteu-se até ao limite, manda toda a gente sair do estúdio e não quer mais ninguém a mexer em nada. Ele voltou a apaixonar-se pelos synths, pelas caixas de ritmos. E isso aconteceu diante dos meus olhos. Em relação aos sete temas e reduzir a lista de 10 para 7 canções. Tive que pensar que ele ia fazer 35 beats, fazer beats para mim, para o Kid Cudi que é alguém bem diferente, para o NAS, para a Teyana, para ele…”

“Sabes, há muita gente a fazer álbuns com 25 faixas, para aumentar os streams. Eu não sou assim…”

 



[O AMOR PELA ARTE]

“Hoje estou muito bem na vida, mas não é acerca do dinheiro. É da arte. Se fosse pelo dinheiro eu faria discos diferentes, mas na verdade estou a fazer variações do mesmo álbum há 20 anos. Eu sei o que o meu público quer. É para ele que comunico. E não acha que haja mais alguém a fazer o que eu faço.”

“O rap é uma linguagem que muita gente entende.”

“Esta arte é baseada na competição. Na verdade toda a cultura do hip hop se baseia na competição. É ir para a rua com os ténis novos e dizer ‘tu não tens estes’.”

“Eu rimo para gente inteligente. Para pessoas que sabem o que se passa no mundo. Se não percebes é porque o que rimo não é para ti.”

 



[A COMPETIÇÃO NO RAP]

“Se o Drake lança discos e diz o que diz, se eu lhe respondo é porque o espírito competitivo que sinto é muito importante. Sinto que tenho que defender aquilo em que acredito.”

“Não sei se as pessoas percebem estes discos de beef. Sei o que a minha gente pensa, há que cortar cabeças. Mas isso é a onda da batalha. E é engraçado porque as pessoas vão jogar com a ideia de batalha nas rimas e deixam lá umas bocas, mas quando se responde a sério é ‘ah, ele foi longe demais’… é preciso cuidado quando se brinca com estas coisas.”

“Isto é como jogos de guerra. Faz-se o que se tem a fazer e não há nada para falar.”

 


 

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The Reception… #VirginiaIsForTerrence 7.21.18

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[A PRESIDÊNCIA DA G.O.O.D. MUSIC, O GÉNIO DE YE E O CASAMENTO COM VIRGINIA WILLIAMS]

“Ser presidente da G.O.O.D. Music é o meu desígnio. Há que partilhar experiências e encontrar artistas a quem mostrar o caminho, na música e na vida. Esse é o meu desígnio. Estou a trabalhar num álbum agora, mas quero também trabalhar com outros artistas.”

“As G.O.O.D. Fridays foram uma grande ideia. As pessoas estavam sempre a antecipar quem estaria envolvido, criou um grande barulho. E com esta ideia dos cinco álbuns foi o mesmo. Éramos nós a ver como nos podíamos superar.”

“O Pablo foi incrível: fui a Nova Iorque sequenciar o disco, estava perfeito mas na manhã seguinte acordei e o disco tinha 19 faixas que ainda estavam a ser misturadas…”

“Quando se consegue ter o Kanye ligado é incrível: eu quero o génio dele. E ele percebe bem mais de arte.”

“Eu não concordo com o Kanye em tudo. Ele tem sido uma pessoa que tenta fazer-se entender a qualquer custo. E para isso ele vai ao inferno se acreditar que depois o esforço compensa. E mesmo quando eu não concordo eu sei que o conheço, que conheço o seu coração. E ele quer um mundo melhor, quer dar oportunidades as pessoas. E nem eu sou assim. E por isso concordamos em discordar. Eu sei quem ele é e o que ele faz tem um objectivo.”

“Tenho muito orgulho do meu casamento há uns dias. Foi incrível. Estou feliz em como tudo correu este ano: musicalmente, pessoalmente, em termos de negócios.”

 


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