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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 13/03/2024

Tão honesto e livre quanto caseiro.

Artimanhas Ardilosas, Vol. 1: pedrvso & Dragão Crioulo provam que o underground não é bagunça

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 13/03/2024

O primeiro volume do projeto Artimanhas Ardilosas foi lançado no início deste mês e os artistas Dragão Crioulo e pedrvso apresentam um álbum que chega elevando o nível do cenário do rap brasileiro, sem fórmulas prontas e rico em referências. Autenticidade e talento, duas palavras que definem bem o trabalho de 9 faixas dos dois artistas lançado sob o selo Sujoground, trazendo colaborações diretas do underground do rap nacional como Coronel, Sérgio Estranho, Sub Delta e Magroteus.

Alternando entre rimas agressivas e suaves, Dragão mantém uma construção rítmica e lírica dinâmica, prendendo os ouvintes em cada linha, sem preguiça de experimentar, fugindo do molde da indústria e presenteando o underground brasileiro com uma obra concisa e bem feita. Cada verso revela diferentes facetas de sua personalidade e experiência de vida.

pedrvso, artista originário de São José do Rio Preto, compartilhou sua visão sobre o projeto Artimanhas Ardilosas e sua colaboração com Dragão Crioulo. Ele destacou a importância desse projeto, mencionando que foi o primeiro que produziu inteiramente e reconhecendo a atenção que Dragão Crioulo deu às suas batidas no início de sua carreira. A conexão profunda entre eles deixa claras as referências culturais e visões artísticas semelhantes. Sobre o álbum em si, pedrvso ressaltou o quanto se sentiu livre na criação, tanto por sua parte, quanto a de Diogo (Dragão Crioulo). Fica claro que eles não se sentiram presos a temas específicos para escrever, deixando a vivência de ambos falar por si só e guiar o que seria feito.

pedrvso descreve seu processo de produção dos loops como uma experimentação, sem se ater a técnicas rígidas, mas focando em capturar a essência desejada. Alguns dos loops apresentam uma sonoridade mais clássica, enquanto outros têm uma abordagem mais experimental, conforme nos explica:

“Alguns loops são loops que têm uma onda mais clássica, e outros não, outros eu sinto que têm uma onda um pouco mais experimental. Tem um loop específico da Marcella Twelve que é literalmente só uma voz, um vocal feminino. Enfim, no meu processo de produção desses loops também eu não fiquei me prendendo a nenhuma técnica ou método, nem nada do tipo. Não é que eu fiz de qualquer jeito, mas eu não fiquei me prendendo a nenhuma técnica ou método, pra mim o importante era simplesmente soar bem. Às vezes não estava perfeitinho e está tudo certo, às vezes tem um pedaço que não está exatamente no mesmo tempo que o outro e está tudo certo, também… Enfim, nesse sentido eu sinto que é tudo muito caseiro, muito despojado, muito livre.”

A sensação de algo feito em casa, no mais profundo sentido do que isso significa, realmente permeia todo o projeto e deixa um gostinho de “quero mais”, de conforto, de nostalgia, de que podemos esperar algo ainda melhor cada vez que uma track acaba.

Marcílio, ilustrador de São José dos Campos, compartilhou sua experiência ao ser convidado pela Sujoground para criar a capa do álbum. Ele já acompanhava o trabalho de Dragão Crioulo desde a época da CalMob e de pedrvso por meio de outras produções. Para essa colaboração, Marcílio e sua equipe buscaram diversas referências:

“Eu me inspirei muito no Dragon Ball, o Dragon Ball antigo, que tinha aquele traço bem infantil. Principalmente para o dragão, tentei trazer bastante esse traço dessa mistura dos quadrinhos com o rap. Me inspirei bastante também na capa do Freddie Gibbs com Madlib da Bandana e tentei trazer essa visão nossa, essa visão Brasil.”

Marcílio destaca a sensação de honra ao participar desse projeto e expressa sua admiração pelo trabalho de Dragão Crioulo, sentindo que conseguiu capturar um pouco da qualidade do álbum na capa que ilustrou.

Fica difícil não esperar pelo Artimanhas Ardilosas Vol. 2 quando o primeiro já chega com os dois pés na porta e sem pedir licença para existir. Por enquanto, podemos apreciar o álbum pelas plataformas de streaming ou pelo YouTube, no canal da Sujoground:


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