Numa das noites mais glamorosas do ano, a Met Gala de 2025, que decorreu ontem (5 de Maio), André 3000 surpreendeu fãs e críticos ao surgir vestido com um piano às costas, simbolizando o lançamento de um novo projecto, 7 piano sketches.
Conhecido tanto pelo seu talento musical como pelo seu estilo excêntrico, o veterano de Atlanta usou o evento como plataforma imprevisível para revelar a nova obra — uma coleção de sete composições minimalistas ao piano que dão continuidade à sua actual fase artística, profundamente voltada para a música instrumental e experimental.
Este lançamento marca mais um capítulo na metamorfose criativa de André 3000, que desde a sua saída do rap tradicional — após anos de aclamação global como parte do duo OutKast — tem explorado caminhos sonoros não convencionais. Em 2023, surpreendeu o público com New Blue Sun, um disco totalmente centrado na flauta, sem letras nem beats de hip hop, que dividiu opiniões mas consolidou a sua nova direcção artística. 7 piano sketches vem aprofundar essa busca, oferecendo peças introspectivas e improvisadas, onde o silêncio e a intenção são tão importantes quanto as notas tocadas.
O álbum, lançado discretamente nas principais plataformas de streaming e em vinil logo após a revelação na Met Gala, foi descrito pelo próprio autor como uma “colecção de esboços emocionais”. No Instagram, André Lauren Benjamin deixou um comentário mais aprofundado à sua nova entrada discográfica:
“Estes esboços de piano são improvisações. Para os criar, estendo os meus dedos sobre as teclas e movo-os aleatoriamente, mas com um objectivo, até encontrar algo que me pareça bom ou interessante. Se a sensação for mesmo boa, tento repeti-la. Não consigo identificar as notas, teclas ou acordes que estou a tocar. Gosto simplesmente do som e da mecânica de tocar piano. Alguns dos meus compositores e músicos de piano favoritos que me inspiram são Thelonious Monk, McCoy Tyner, Philip Glass, Stephen Sondheim, Joni Mitchell e Vince Guaraldi.
Estas peças de piano não foram gravadas com a intenção de as apresentar formalmente ao público. Eram gravações pessoais, feitas em casa. Por vezes, enviava-as por mensagem à minha família e amigos.
Perdoem a qualidade do som, foram todas gravadas com o meu iPhone directamente em cima do piano ou com o microfone do meu portátil, à exceção de ‘Blueberries’ (gravada em estúdio).
A maior parte destas peças foram gravadas no Texas. A casa que eu e o meu filho alugámos não tinha qualquer mobília. Apenas um piano, as nossas camas e os ecrãs de televisão.
Esta colecção de canções foi gravada quase uma década antes de New Blue Sun. O título original era The Best Worst Rap Album In History e aqui está um excerto das notas originais:
‘É, a brincar, o pior álbum de rap da história porque não tem letra nenhuma. É o melhor porque é o mais livre emocionalmente e o melhor que já senti pessoalmente. É o melhor porque é como um limpador de paleta para mim.’”