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Fotografia: Chikolaev
Publicado a: 04/11/2019

No passado sábado, a autora de EmContraste apresentou a sua mixtape de estreia em Lisboa.

AMAURA na Casa Independente: preparada para assumir o protagonismo

Fotografia: Chikolaev
Publicado a: 04/11/2019

Não é o momento mais brilhante da mixtape, mas é a altura em que se percebe de onde vem e para onde quer ir: “Valerie”, a olhar olhos nos olhos para a versão de Mark Ronson com Amy Winehouse, torna-se outra canção na voz de AMAURA, aliás, passa a ser dela, arrumando qualquer questão sobre autenticidade — aquilo que salta das suas cordas vocais é, mesmo que lá vivam todas as suas referências, uma expressão única e inimitável que obrigará outros e outras a correrem atrás. A saraivada de palmas que recebeu depois dessa interpretação (ainda melhor ao vivo do que na versão de estúdio) foi só um dos pontos altos da apresentação de EmContraste, o projecto de estreia da cantora que pertence aos quadros da Mano A Mano, na Casa Independente, em Lisboa.

Maura Magarinhos, acompanhada por DJ Sahid, TNT e Serge De La Rue, não tremeu na hora de assumir a linha da frente, mostrando-se sempre disponível para pequenos diálogos com o público nas pausas entre as canções e impondo-se quando achou que estavam a ser mais reactivos do que participativos. E há ali uns laivos de diva nas entrelinhas, ou seja, de alguém que tem plena noção do que quer — e que já transparece em muitas das letras — e de como quer: a saída de palco depois de “Blues do Tinto” foi tão rápida e anti-climática que nem deu para uma despedida como deve ser.

O alinhamento não se desviou das faixas que encontramos no seu único trabalho a solo, com excepção para um novo tema, a penúltima da noite, que soou a algo que podia ter entrado no que acabou de editar. De resto, em termos de performance, pouco (ou nada) a apontar: a honestidade na abordagem e o vozeirão estão alinhados, e não existem sons menores: de “T.P.M.” a “Surfista da Banheira”, “Coopero” a “Voyerismos de Memórias” ou “Dança”, com o “patrão” TNT, o único convidado a juntar-se à cantora, a “Marvel Da Tuga”, parece só faltar o co-sign de um Richie Campbell (que pode ser o nosso Drake em termos de capacidade para ampliar a popularidade de um artista menos conhecido ao levá-lo para o grande público com uma simples partilha) para Maura se tornar, à nossa escala, uma Jorja Smith, alguém que tanto está nas stories da vossa influencer favorita como nas listas de melhores discos do ano da publicação mais reputada do universo musical.

Olhando para o cômputo geral, o descomprometimento do formato mixtape permitiu-lhe experimentar sem que se colocasse fora de pé, e o potencial é tanto que, no live, deu para imaginar, mesmo que não estivessem lá fisicamente, um baixista e um coro a pintar os contornos de “Só Sinto”, por exemplo, um dos diamantes mais reluzentes de EmContraste. Com o acompanhamento adequado e a sorte necessária para não se perder pelo caminho, é difícil imaginar um futuro em que AMAURA não esteja a deslumbrar plateias por essas salas de espectáculos pelo país fora. A Casa Independente pode ter sido só o início… E não tarda nada poderemos confirmar as suspeitas no Super Bock em Stock.

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