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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/04/2021

Na última sexta-feira de cada mês, Miguel Santos escreve sobre artistas emergentes que têm tudo para tomar conta do mundo da música.

Abram alas para… Topaz Jones

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/04/2021

No quarto capítulo desta rubrica debruçamo-nos sobre a sétima arte e vamos falar sobre um realizador. Topaz Jones (também) é um rapper mas deve ser definido como muito mais do que isso: prova disso é o filme Don’t Go Tellin’ Your Momma, que acompanha o álbum com o mesmo título lançado este ano. Mas que tirem o cavalinho da chuva aqueles que pensam que não há música metida ao barulho — e tragam-no para dentro de casa porque todos merecem (devem!) ouvir a obra prodigiosa deste multifacetado artista norte-americano.  

Não é a primeira vez que o músico nascido George David Brandon Jones é motivo de destaque na praça do Rimas – é atentamente seguido pela nossa equipa desde há pelo menos cinco anos. Mas enquanto Arcade — de batidas amigáveis e convidativas e uma versatilidade na voz que poucos demonstram — era um diamante em bruto, Don’t Go Tellin’ Your Momma está pronto para ser incrustado num anel da Cartier. Os instrumentais fogem da estética abundante do trap para algo mais orgânico e que respira verdadeiramente, sem precisar de ser ligada a ventiladores de auto-tune. E se os beats brilham é também por reflexão do excelente trabalho vocal de Jones: há uma perícia nos flows e uma qualidade literária de invejar o mais destro dos poetas. 

A sua entrega traz-nos à memória nomes como J. Cole ou Kendrick Lamar mas a sua escrita revela-nos uma pessoa diferente. Cantar e cuspir barras são duas faces da mesma moeda — e vemos Jones confortável em todas as frentes. Seja qual for o modo de dispersão, há sempre um esforço para a aproximação da alma do artista ao corpo humano que a alberga, e a sua música é extremamente pessoal.  Temas como “Blue” ou “Herringbone” do seu mais recente álbum mostram-nos que Jones consegue eficazmente transformar a sua experiência subjectiva numa mensagem objectiva e transversal a qualquer pessoa. A sua singular abordagem ressoa com a pluralidade da experiência humana, e com qualquer pessoa que o oiça em acção.  

O filme que acompanha o lançamento deste álbum funciona então como uma extensão da visão artística de Topaz Jones. É independente do projecto musical mas ambos apoiam-se um no outro para que tenhamos o quadro completo. É (mais) uma prova da ambição desmedida de Jones, e um óptimo pretexto para uma introdução enganadora. De há cinco anos para cá, muita coisa mudou. Mas Topaz Jones mantém-se imperial na sua arte, numa trajectória ascendente e em clara evolução. Cá estaremos daqui a cinco anos para provavelmente atirarmos mais uma série de elogios completamente merecidos.


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