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Publicado a: 19/10/2017

A posição da mulher no hip hop é discutida em novo podcast do Público

Publicado a: 19/10/2017

[TEXTO] Alexandra Oliveira Matos [FOTO] Nuno Ferreira Santos

Hoje, mais do que nos anos 90, o tema da igualdade de género é falado e badalado um pouco por toda a parte. O hip hop também. Apesar de, por cá, os primeiros passos terem sido dados nos anos 90, e de já em ’96 as Djamal estarem a pedir que Abram Espaço, parece que só agora, no passado mês de Julho, é que houve efectivamente lugar para RAPensar as Ciências Sociais e a Política, na Universidade de Coimbra, com uma mesa redonda dedicada às rappers portuguesas. “Não vou cumprir com a p*ta da expectativa. O Feminino e o Rap”: era esta a premissa do debate em que participaram Telma Tvon, Mynda’Guevara, Muleca XIII, Lady N e também a investigadora Joana Bárbara. O Rimas e Batidas não conseguiu marcar presença, mas há um novo podcast do Público, Do Género, para ouvir. A condução da conversa cabe à jornalista Aline Flor.

“Fomos inicialmente bem recebidas e sentíamo-nos parte de uma família”, conta, no podcast, Telma Tvon que começou a rimar nos anos 90 e que acredita que tudo começou a mudar com a entrada de novas pessoas na cultura que “vinham com outras perspectivas não tão familiares”. Tvon explica ainda à jornalista que foi na cultura hip hop que também cresceu como mulher, compreendeu melhor os papéis de género e percebeu que rimar os problemas que são específicos do universo feminino pode empoderar quem escreve e quem ouve. “Há várias possibilidades de ser feminina dentro do universo do género feminino”, afirma Tvon remetendo o tema para tantas rappers que à época a inspiraram, incluindo o colectivo Djamal de que faziam parte Jeremy, Jumping, X-Sista e Sweetalk.

Mas onde estão estas MCs? As pistas para a resposta a esta pergunta seguem-se na conversa. Tvon espera que “comecem a questionar-se (os rappers) sobre as coisas que dizem” e sugere que “há várias questões que se têm que rever, não é só o rapper que põe rabos no videoclipe, é mesmo toda a expressão”. A rapper lamenta ainda o facto de termos de fazer um “esforço mental” para conseguirmos nomear pelo menos quatro rappers no activo e sublinha que isso se deve ao facto de as mulheres estarem “mesmo cá em baixo na hierarquia de igualdades”. Mynda’Guevara é sangue novo e assegura que um dos seus objectivos é “fazer com que mais raparigas cantem rap”, ainda assim não deixa de chamar à atenção para o facto de se calhar algumas “não terem oportunidade de mostrar o que valem”. Muleca XIII, que também foi entrevistada no ReB, explica a diferença entre sexismo e feminismo no podcast Do Género. E quanto aos temas do rap acredita que se devem abordar os temas que realmente importam, incluindo o feminismo. Porém, sugere que uma abordagem mais “softpower, em que não se bate tanto de frente”, como diz, pode ser benéfica. Muleca toca ainda o tema do assédio sexual que pode também afastar as mulheres num mundo, também o do hip hop, que é essencialmente de homens. “Os verdadeiros homens que fazem hip hop e que têm entendimento da essência da cultura e do que ela representa realmente, não os vês falar mal das mulheres”, assegura Lady N. Um podcast para ouvir e pensar. Talvez não seja estranho que tenha começado por aqui.

 


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