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Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?
7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.
[METTE] “FOR THE PEOPLE”
De pessoas para pessoas. Assim se faz música e nem faria sentido ser de outra maneira. Para METTE, este motivo é tão importante que não demora a surgir no alinhamento do seu EP de estreia, METTENARRATIVE, sendo a segunda faixa a poder escutar-se após um breve tema introdutório de apenas 14 segundos. Com a força da uma SZA ou de uma Beyoncé, a cantora e bailarina eleva-nos a alma com uma canção que tem tanto de banger como de espiritual e pode muito bem servir de hino para as comunidades de pessoas de tons de pele mais escuras.
[Jeshi] “Air Raid”
“Another Cigarette”, “3210”, “Protein”, “Sick” e “Killing Me Softly” foram algumas das sonantes canções incluídas em Universal Credit, um mais do que competente álbum de estreia assinado por Jeshi há pouco mais de um ano e que mais se assemelhou a um verdadeiro ataque aéreo, tal foi a quantidade de bombas que largou nos nossos ouvidos. Depois das merecidas férias em termos editoriais, o rapper de Londres voltou esta semana com um novo “Air Raid”, uma pulsante e híbrida faixa estilo drill meets IDM que não deixa dúvidas quanto ao cunho pessoal que Jeshi procura para a sua arte sonora. O beat foi criado com a ajuda dos habituais colaboradores Max Frith e Cajm, já o videoclipe, que traz um cavaleiro britânico da era medieval para o centro da acção, tem Francis Plummer na realização.
[MIKE, Wiki & The Alchemist] “Mayors A Cop”
Só nos podemos sentir abençoados por viver na mesma era que artistas como MIKE, Wiki e The Alchemist. Produtos de diferentes gerações, o trio é uma testemunha viva de que o hip hop não se fecha em faixas etárias, um espaço de criatividade onde anciãos e novos praticantes podem co-criar sem qualquer tipo de pressão ou exigência para cumprir com determinado padrão. No final de contas é a cultura que sai a ganhar. E se já nos dávamos por contentes devido ao facto deste tridente nos ter dado o EP One More no final do ano passado, neste momento somos das pessoas mais felizes do mundo por os podermos escutar a contracenar novamente, desta vez no longa-duração Faith Is A Rock, que tem neste “Mayors A Cop” o seu primeiro complemento visual.
[DJ Shadow] “You Played Me”
A produção de cassetes em massa serve de pano de fundo para o vídeo conduzido por the reggies (nome já creditado em peças de Rich Brian, Aluna & KAYTRANADA, Zack Fox & Kenny Beats ou bbno$) para o segundo avanço a ser extraído de Action Adventure, disco que se segue nas contas do lendário DJ Shadow e que tem sido apontado para uma edição a 27 de Outubro. Depois do synth-pop de “Ozone Scraper”, é o funk cinematográfico da década de 80 a estar na ordem do dia no mais recente single do autor de Endtroducing….., que disse aos fãs que a música do seu próximo álbum reflecte uma evolução da sua técnica ao longo de toda a carreira e que “não conseguiria ter feito estas faixas há alguns anos“.
[Eartheater] “Crushing”
É quase como que uma projecção de consciência este “Crushing”. Entre drones hipnóticos, drums estilo soul music e um certo folclore que a sua voz carrega, Eartheater tem aqui um dos temas bem conseguidos do seu novo Powders, um r&b vanguardista que tem tanto de doce como de venenoso. Editado pela Chemical X, o sucessor de Trinity saiu no final da semana passada desprovido de qualquer participação vocal, mas munido de produções alcançadas com as ajudas de Sega Bodega, Tony Seltzer, Elliott Kozel ou Lecx Stacy.
[william crooks] “COUNTERFFFIT”
Não é rap contrafeito, é “COUNTERFFFIT” mesmo. Ou seja, o tema lançado há um par de dias por william crooks é bem original e merece ter o algoritmo a trabalhar melhor a seu favor. O trap lo-fi para mentes macabras deste rapper e produtor da Georgia foi uma das agradáveis surpresas da última semana, ele que apesar de não ser propriamente um nome sonante já estava debaixo do nosso radar desde a altura em que, através do Spotify, fomos dar com os seus extremamente aconselháveis “don’t look at me!” e “drive it like U stole it“, faixas nas quais se mostrou como uma espécie de Injury Reserve da loja dos 300 — isto dito no melhor dos sentidos, pois claro.
[JMSN] “Soft Spot”
Todos temos um soft spot reservado para alguém. JMSN não escapa a esta máxima, mas difere dos demais por conseguir transpor esse sentimento para uma bela canção de r&b futurista que vai beber influências ao movimento britânico do garage. Além de ser o título do seu mais recente single, Soft Spot é também o termo que vai surgir em letras garrafais no disco que se segue nas contas do cantautor, produtor e multi-instrumentista de Dallas, Texas, cujo lançamento está prometido ainda para o decorrer deste ano.
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