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Fotografia: Direitos Resevados
Publicado a: 14/11/2022

Uma semana de novidades audiovisuais nos terrenos do hip hop e electrónica pela mão de Gonçalo Oliveira.

7 Dias, 7 Vídeos

Fotografia: Direitos Resevados
Publicado a: 14/11/2022

Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?

7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.


[White Girl Wasted] “Barz Simpson” feat. MF DOOM & Jay Electronica

Mais um grande trabalho da ABOVEGROUND, desta vez para o videoclipe de um tema que tem tudo para ser um clássico instantâneo. Afinal de contas, não é todos os dias que um artista inglês tem a oportunidade de contar com a voz de MF DOOM num tema seu, ainda para mais quando era suposto que o eterno rapper da máscara de ferro assinasse apenas 16 barras e não as 32 que ficaram registadas em “Barz Simpson”, conforme Sonnyjim nos revelou em entrevista. Com os astros assim tão alinhados, só podia ser uma das faixas mais emblemáticas de White Girl Wasted, álbum lançado pela Daupe! há um par de meses. E se esta música tem três vilões (Jay Electronica completa o tridente verbal), no vídeo é o actor Leigh Gill quem veste a pele de malfeitor e rouba um contrato discográfico que que o deixa economicamente confortável para o resto da vida.


[Tobe Nwigwe] “LORD FORGIVE ME [at the crib version]” feat. FAT

No pico do Verão, “LORD FORGIVE ME” era o banger mais sonante de moMINTs e nele estavam também creditados Pharrell Williams e os EARTHGANG. Tobe Nwigwe, que agora está a oferecer novas roupagens às canções desse disco com um carimbo de “[at the crib version]”, prova que nem era preciso ter recorrido aos versos de terceiros para chegar a um resultado igualmente surpreendente. É ele e a mulher, FAT, que nos asseguram este lado mais imersivo de “LORD FORGIVE ME”, interpretado com a ajuda de alguns músicos, num cenário em que o verde pastel volta a ser o tom dominante e pelo qual as filhas do casal vão deambulando, como que a tentar roubar toda a nossa atenção.


[Freddie Dredd] “Limbo”

Inspirado em Dante Alighieri, Freddie Dredd deu-nos a sua própria versão da travessia do abismo em Freddie’s Inferno. “Limbo” é a faixa de abertura do segundo álbum do artista canadiano pela RCA Records, trabalho que ficou desde logo marcado pela sonoridade sombria e um estilo de rap que vai beber influências a nomes como Bones ou $uicideboy$. Depois de ter ganho notoriedade no TikTok, Freddie Dredd está a mostrar que os seus dotes para a música não são coisa passageira e soma centenas de milhões de reproduções ao longo de um já considerável catálogo.


[Ezra Collective] Ao Vivo @ Tiny Desk Concert

São cinco os cientistas que fundem o jazz a uma panóplia de outras sonoridades dentro dos Ezra Collective. Femi Koleoso (bateria), TJ Koleoso (baixo), Joe Armon-Jones (teclas), James Mollison (saxofone) e Ife Ogunjobi (trompete) formam a banda inglesa que iniciou actividade durante a década passada e que tem estado bem no centro de um furacão musical que já nos trouxe nomes como Nubya Garcia, Shabaka Hutchings, Moses Boyd ou os SAULT. Há duas semanas, lançaram Where I’m Meant To Be pela Partisan Records e estão agora a promovê-lo em diferentes frentes, antes levarem o seu som a conquistar os palcos internacionais — em Fevereiro de 2023, a digressão em torno do disco vai levar o quinteto a passar por Espanha, França, Bélgica, Alemanha ou, claro, pelo Reino Unido. Como parte dessa promoção, o grupo estreia-se finalmente no palco do Tiny Desk Concert com os temas “Victory Dance”, “Welcome To My World” e ainda “Chapter 7”, este último extraído do EP de estreia com o mesmo título.


[Sega Bodega] “Kepko”

Cuidado com os strobes. Sega Bodega está de regresso com um novo single, “Kepko”, o seu primeiro desde que, no ano passado, lançou Romeo, trabalho que solidificou o seu status enquanto produtor de música electrónica mutante, capaz de se fazer manifestar tanto em registos mais cavernosos como em formas que mais se aproximam da estética pop. É o próprio quem assume a direcção da sua nova amostra visual, conduzida com a ajuda de Lydia Ourahmane e, de certa forma, do próprio destino — “a câmera da Lydia está assombrada. Tudo o que gravámos foi parar assim ao computador, destruído e com glitches: um presente” explicou o artista através de um comunicado, ele que desconstruiu ainda o processo criativo de “Kepko” num vídeo de quase uma hora.


[HAWA] “TRADE”

Actualmente sediada em Nova Iorque, HAWA nasceu na Alemanha e foi criada na Guiné. Algures entre o canto e o rap, o seu estilo vai buscar referências tanto a fenómenos globais, como o do hip hop, como a culturas menos presentes no quadro mainstream, como acontece com a música oriunda do continente africano. Em 2020, lançou o seu primeiro the ONE pela b4, uma subsidiária da 4AD. Há duas semanas, subiu um degrau e apresentou-se pela editora-mãe com um projecto mais arriscado, HADJA BANGOURA, do qual salta este “TRADE”, um single que facilmente conseguimos imaginar como produto de um sonho em que Wizkid e The Weeknd eram os protagonistas principais.


[Tyler, The Creator] “THINGS I LOVE”

E se alguém entrevistasse Tyler, The Creator com um tema inédito seu a tocar como pano de fundo? Será mais ou menos essa a ideia por detrás deste “THINGS I LOVE”, uma canção-entrevista que nasceu da conversa com Paul Croughton e Paige Reddinger, publicada este mês pela Robb Report. Melhor do que ler é escutar e ver que tipo de itens têm um lugar especial no coração de Tyler Okonma — dos relógios e dos livros da saga Arrepios aos carros, pins, discos, malas ou até uma lendária capa da XXL (Fevereiro de 2003) que tem a famosa ameaça tripla do rap do início do milénio, formada por Eminem, Dr. Dre e 50 Cent.

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