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Publicado a: 23/10/2022

Um longo trajecto recompensado com o reconhecimento dos seus pares.

Sonnyjim: “Quando fazes uma coisa muitas vezes durante tanto tempo, acabas por te tornar bom nisso”

Publicado a: 23/10/2022

De talento obscuro britânico a figura de culto global da cena hip hop, a escalada de Sonnyjim foi lenta mas progressiva. Com quase 20 anos de actividade enquanto MC e beatmaker, a sua história não é fácil de se contar apenas com recurso ao que se encontra pela Internet, até porque muito do seu catálogo inicial foi mandado retirar das principais plataformas por questões estéticas. “Se procurares com afinco, consegues encontrar alguma coisa”, lança-nos em jeito de desafio durante uma conversa que decorreu há uma semana através do Zoom. E, de facto, há por aí uma pérola ou outra a merecer ser relembrada.

Foi em 2016 que o jogo virou e nada mais foi retirado desde então, com o objectivo de construir um novo e mais sólido currículo, sem distracções passadas. “Eu não queria que as pessoas com quem trabalho agora aterrassem no meu Spotify ou no meu YouTube e pensassem que eu pudesse soar assim no presente. Era uma faca de dois gumes”, explica. A julgar pelos seis anos que passaram desde Mud In My Malbec, a sua primeira edição pela Daupe!, Sonnyjim está a fazer tudo certo. Dos discos a solo aos projectos colaborativos, a sua música já cruza fronteiras — tem edições pelos italianos da Tuff Kong Records e da Pornofunk Oscuro, passou recentemente pela dinamarquesa Copenhagen Crates e está em vias de se lançar no mercado indiano — e as fichas técnicas dos projectos nos quais se envolve são, por norma, um autêntico Quem é Quem? da cultura hip hop mundial. Se até 2021 já tinha contracenado em temas com gente como Conway, Westside Gunn, Buckwild, Twista, Quelle Chris ou Kool Keith, o que dizer do seu novo álbum White Girl Wasted, que reúne MF DOOM, Jay Electronica, DJ Premier ou até mesmo Madlib ao longo de oito faixas? O que seria um sonho tornado realidade para muitos, mais parece um dia no escritório para o talentoso e visionário artista inglês, que na entrevista para o ReB não demonstrou quaisquer sinais de abrandamento.



Lembro-me de me ter cruzado com a tua música em 2016 e, ao ouvir o Mud In My Malbec, ter ficado com a sensação de que aquilo não me soava a versos de um estreante.

Estás certíssimo. Eu lancei a minha primeira cena em 2005. Sonnyjim era um nome que, definitivamente, já girava por aí ainda antes do Mud In My Malbec. Diria que foi no Mud In My Malbec que me reinventei, tanto a nível artístico como de direcção. Mas, sim, lancei a primeira cena em 2005 e já ando aí há bastante tempo.

São quase 20 anos. Ainda assim, foi sempre muito difícil encontrar alguma referência a ti antes desse momento.

Tirei tudo das plataformas. As pessoas mandam-me mensagens todos os dias, a perguntar porque retirei ou onde é que ainda as podem encontrar. Ainda tenho algumas edições físicas de alguns projectos e, por vezes, envio às pessoas. Escolhi tirar tudo — e tem alturas em que me arrependo de já não ter as músicas antigas disponíveis — porque houve uma evolução no meu som. Eu não queria que as pessoas com quem trabalho agora aterrassem no meu Spotify ou no meu YouTube e pensassem que eu pudesse soar assim no presente. Era uma faca de dois gumes. Escolhi essa via, de retirar tudo.

Usaste sempre esse nome, Sonnyjim?

Sempre o mesmo nome. E digo-te que, se procurares com afinco, consegues encontrar alguma coisa [risos]. Se quiseres, até te mando isso.

Por curiosidade, já que falaste numa mudança na tua sonoridade: se eu for escutar isso, achas que vou notar o quê? Presumo que seja boom bap na mesma, se calhar apenas não tão polido?

É boom bap, mas eu rimava de maneira diferente. O meu estilo de rap era um bocado mais agressivo. Mas também o rap daquela altura era geralmente mais agressivo.

Esta nova vaga que tem estado a surgir mudou bastante as coisas, não foi?

Ficou bem mais diferente. As cenas agora são mais descontraídas, mais despidas. Também tem a ver com a noção de beat que se tinha naquela altura. Os beats eram mais agressivos e são eles quem dita o estilo que tu tens de adoptar a rimar em cima dele. Tens de ser mais duro a rimar para que consigas captar a atenção das pessoas e fazeres-te escutar.

Entretanto a Daupe! aparece e lembro-me de que não demorou muito tempo até que te apresentassem como parte da equipa. Como é que isso aconteceu?

O The Purist é um amigo meu. Conhecemo-nos desde 2014, para aí. Começámos a trabalhar em 2015. Eu mostrei-lhe o que tinha. Eu já tinha o Mud In My Malbec terminado. Quando o mostrei em estúdio, ele disse, “deixa-me ser eu a meter isso na rua por ti”. Achei que era fixe. Demos algumas voltas à coisa, ele deu-me alguma ajuda. Os convidados que tinha, originalmente, eram outros. Tirámos esses. O único que ficou da versão original creio que foi o Quelle Chris. Eu também já andava a trabalhar com o Heems, por isso convidei-o para um dos temas. O The Purist também já trabalhava com o Westside Gunn, então conseguimo-lo para uma faixa. O mesmo se passou com o Da$h.

Sempre achei impressionante o quão rapidamente a Daupe! se estabeleceu, ao ponto de ser daquelas editoras que esgota praticamente tudo o que lança.

É engraçado dizeres isso. Quando saíram as primeiras coisas do Westside Gunn, as cenas não esgotavam. Tu podias encontrar cópias nas lojas. Houve ali alguns lançamentos em que se venderam quantidades normais. Mas assim que houve aquele “casamento” entre a editora e o Westside Gunn, isso meio que moldou o caminho que veio a seguir, tanto para a editora como para o Westside Gunn, diria eu.



Lançastes recentemente um novo projecto por eles. Adorei o título, White Girl Wasted.

Não é nada de muito profundo. “White girl wasted” é uma expressão que temos, em Inglaterra, para quando se fica todo fodido. E a cena é que nós, enquanto estávamos a fazer esse álbum, estávamos mesmo todos fodidos [risos]. É simples.

Acho que isso transparece para o álbum. Aquilo soa-me a versos escritos já em clima de after party [risos].

Muitos deles foram [risos]. A cena do título e da capa… Nós não queríamos enfiar para ali qualquer cena que se associasse facilmente às merdas do rap. Queríamos que aquilo pudesse ser uma capa que pudesses associar a cenas dos Daft Punk ou assim, entendes? “Mas quem é este gajo?! Nunca vi nada assim”. Queríamos criar essa sensação de que poderia ser mesmo qualquer coisa. Tu lês aquele título, vês a capa, mas não consegues adivinhar que aquilo é um disco de rap. A capa não tem um bacano qualquer a fazer sinais de gangue com as mãos, todos tatuados ou com dreads, nem um título como My Life Pt. III ou algo assim [risos].

Como foi trabalhar com o The Purist neste registo? Se não me engano, é a primeira vez que ele assume a produção integral de um trabalho teu.

É, sim. Foi uma cena boa. Diria que fizemos 90% dele juntos, no estúdio. A casa dele fica duas ruas depois do meu estúdio, portanto é normal nós nos juntarmos para trabalhar. Foi fixe e ensinámos muito um ao outro. Eu contei-lhe alguns segredos sobre como rimar e ele revelou-me muitos segredos de produção. Quando ambos estão lá pelo amor ao trabalho, para fazer o melhor projecto, acabas por aprender muitas merdas. As pessoas aprendem juntas ao longo dos anos.

Existe alguma particularidade nos beats que escolhes para rimar?

Eu agarro qualquer um que faça a minha caneta mover-se. Eu posso estar a fazer qualquer coisa, se eu ouço “aquele” beat e os pensamentos me vêm à cabeça, paro, deixo fluir e concentro-me no tema. Tu nunca sabes quando é que vais ter outra oportunidade. O teu cérebro nunca funciona da mesma maneira duas vezes. Na segunda vez, tu já experienciaste ouvir o beat antes.

Essa magia acontece sempre no decorrer do teu dia ou estipulas uma determinada hora para estar em estúdio à procura desse momento?

Tiro muitas notas. Tenho a sorte de ser músico a tempo inteiro. Se eu escutar algo que goste, posso parar o que quer que seja que estou a fazer para trabalhar num tema. Mas, e claro, existem alturas em que vou mesmo a estúdio já com essa intenção. Funciona das duas formas. Ultimamente, há algo que tenho feito com maior frequência. Há muita gente a enviar-me beats e, se me enviarem pastas deles, eu percorro-os todos. Se eu chego ao quarto beat e gostar, vou escrever para ele. Às vezes, de uma pasta nascem duas faixas. É uma forma rápida de trabalhar e é por isso que eu tenho lançado muita coisa. Mas pode acontecer eu estar a revisitar um certo beat 10 vezes. Cada tentativa é diferente. Por norma, fica sempre lá qualquer coisa da primeira sessão. Pela minha experiência, essa é impossível de recriar e tento agarrar a oportunidade sempre que ela chega.

Quando dizes que tens muitas pessoas a enviar-te beats, já estamos a falar de potenciais colaboradores numa escala global? Ou estamos a falar maioritariamente de produtores ingleses e americanos?

Enviam-me cenas de todo o lado. Mas a maior parte vem de gajos da América. E eu nem costumo perguntar de onde é que são [risos]. Se me perguntarem, “posso enviar-te beats?” Eu respondo, “claro que sim!” Tu nunca sabes o que vais encontrar. Até pode ser alguém que nem é um grande produtor, mas se me enviar 20 beats pode haver um deles que é especial. Tenho tido menos tempo, mas sempre que o tenho tento ouvir aquilo que me enviam.

O que mais salta à vista no alinhamento do White Girl Wasted são os convidados. É uma lista daquelas que estará, certamente, nos sonhos muitos artistas. Como é que se reunem as condições para que um fenómeno destes aconteça?

As pessoas perguntam-me isso a toda a hora e eu tenho pena de não ter uma resposta diferente para dar. Foi só contactá-los. Com o Lee Scott e o Milkavelli, eu conheço-os. Eu e o Lee Scott até estamos a finalizar um projecto juntos — ele faz os beats, eu as rimas. Esses dois tive-los mesmo no estúdio. Foi fácil a esse ponto. Com o resto do pessoal, nós temos muitos amigos em comum. Ao DOOM perguntámos-lhe. Pagámos-lhe por um verso de 16 barras e ele devolve-nos um de 32 barras. Ele amou o tema. Ele tinha aquelas músicas para a Adult Swim e chegou a querer comprar-nos essa faixa para utilizar. Nós ficámos, “nah, precisamos disso para a nossa cena”. Isto para te dizer que ele não só fez o verso como gostou mesmo da forma com que a canção ficou. Quando escrevi o meu verso não sabia que o DOOM ia entrar. Nem ele nem o Jay Electronica. Também o contactámos. Quando lhe dissemos que o DOOM ia entrar, ele aceitou logo. Acho que ele entregou o verso dele em uma semana. Tivemos sorte. Com o Madlib, nós conseguimos ligar-nos ao Egon e falámos-lhe sobre o projecto. Com Premier também temos uma data de amigos em comum. Foi tudo muito fácil. Adorava poder ter algumas histórias mais malucas para te contar [risos]. Foi falar com toda a gente e esperar pelas respostas.

Isso acontece tudo pelas redes sociais ou chegas mesmo a ter a oportunidade de conhecer alguns desses nomes com quem colaboras à distância? Mesmo aqueles com quem trabalhaste anteriormente?

Já pude estar com o Preemo algumas vezes. Fora o Lee Scott e o Milkavelli, não conheci pessoalmente mais ninguém. O Madlib foi através do Egon. Lidámos directamente com o DOOM, mas não chegámos a conhecê-lo nem a ele nem ao Jay. O Jay até vem cá no mês que vem para dar um par de espectáculos. Espero conseguir estar com ele enquanto ele cá tiver. Ando a tentar ir a Los Angeles em breve.

Vais tocar lá?

Vou tocar e visitar. Mais do que tocar, quero mesmo é trabalhar, entrar em estúdios diferentes e colaborar com mais pessoas. Eu já conheci o Da$h e já estivemos juntos uma data de vezes. Também conheço bem o Heems e fiz o vídeo com ele em Nova Iorque. Converso muito com o Buckwild pelo FaceTime e, por acaso, até andamos a planear o segundo volume. Quando for aos States quero mesmo conhecer o gajo e fazer umas músicas juntos. O Conway foi sempre tudo pela Internet. É assim: há cenas que acontecem pela Internet e outras não. Há muitos artistas americanos com quem ando a trabalhar agora e quando eles vêm a Inglaterra disponibilizo a minha casa e o meu estúdio para que possamos estar juntos.

A tua lista de colaborações é bastante grande e tenho a certeza que já pudeste riscar bastantes nomes da tua bucket list pessoal. Há alguém com quem gostasses muito de trabalhar e que ainda não se tenha proporcionado?

Há, claro. Mas eu quero, acima de tudo, trabalhar com malta que queira trabalhar comigo. Eu adoraria trabalhar com o Nas ou assim, mas quero trabalhar com quem quer trabalhar comigo. Enquanto produtor, vejo-me a fazer cenas para o Your Old Droog. Até já fizemos um par de temas, mas gostava de fazer mais com ele. Ao nível dos produtores, há uns quantos com quem gostava de colaborar, mas não quero estar a revelar [risos]. Posso dizer-te que eu e o Madlib estamos a trabalhar em mais coisas. Estamos a tentar fechar um EP. Quero fazer mais coisas com o Preemo e espero visitá-lo quando voltar aos States. Há mais uns quantos, mas acho que só vou revelar quando for a altura certa.



Tu trabalhas muito no teu rap, tens de gerir toda uma rede de contactos, produzes e ainda andas à caça de novos talentos, como o Vic Spencer ou o Robert. Como é que arranjas tempo para te debruçares sobre todas estas coisas no teu dia-a-dia?

É engraçado dizeres isso porque eu nem me estou a esforçar assim tanto. Eu não me levanto antes da uma da tarde e há dias em que nem trabalho. Sei lá. A cena é que o meu cérebro não se desliga. Eu posso estar a ver um filme com a minha miúda, no sofá, e há um beat que me chega [leva o telemóvel ao ouvido]. Em 15 minutos faço uma cena. Vou à rua passear o cão e, em 15 minutos, volto com um verso feito. Eu faço isto há muito tempo. Quando tu fazes uma coisa muitas vezes durante tanto tempo, acabas por te tornar bom nisso. É tão fácil como isso. Não é magia [risos]. É só mesmo o facto de eu já levar muito tempo a fazer isto. É quase como uma segunda natureza que eu tenho. Meto-me a fazer uma lista de ideias, quando dou por mim posso lá ter dois temas.

Acho que nem preciso de te perguntar porque é que havias de querer uma colaboração com o DOOM, mas ao mesmo tempo tens o Da$h, que apesar de ser um nome que eu admiro não é alguém que goze da mesma notoriedade. Consideras-te uma pessoa atenta ao que se anda a passar em circuitos não tão menos óbvios?

Eu nem ouço assim tanta música de momento. Só que estive muito ligado a essa cena ao longo dos últimos 10 anos e conheço muita gente. Há quem me venha pedir por beats, eu vejo quem é a pessoa e com quem é que ela anda a trabalhar. Mas também há quem me venha dizer, “já escutaste este gajo?” Eu vou ouvir e se gostar pergunto logo, “queres fazer música?” Há muitos rappers e produtores que não o fazem porque não querem ser vistos como a pessoa que deu o primeiro passo ou assim. É uma cena de orgulho. As pessoas preferem que sejam os outros a perguntar. Estou-me a cagar para isso. Se eu gosto do que fazes, vou dar-te o toque. E se disseres “não”, está tudo bem. Eu continuo na minha cena e não levo isso a peito, de todo. Mas a maioria das pessoas nem me tem dado “não”, mais “sim”. E dessas pessoas que me dizem sim, eu vou querer fazer dois ou três temas com elas. “Que se lixe, mais vale fazermos um projecto agora”. Vamos à procura do dinheiro. É assim que as cenas acontecem. Mas se me perguntas sobre um rapper com quem gostasse de colaborar, eu digo-te o Stove God Cook$. Ele é um desses gajos novos de cuja música eu gosto.

E o que me podes dizer do projecto com o Robert? Pareceu-me que ele não tinha nada editado antes das cenas que fez contigo. Como é que se encontra e aposta num artista assim?

Não tinha. Ainda esta manhã estive a falar imenso com o Robert. O que aconteceu é que ele usava um outro nome, Sleaze. Entretanto esteve preso e, quando saiu, eu fui vê-lo. Nós já tínhamos feito alguns álbuns, ali a partir de 2008. Quando ele regressou da prisão, disse-lhe, “estou envolvido em toda esta situação das labels e das edições em vinil, deixa-me produzir-te um álbum”. Ele dizia, “não, acabei de sair e já não estou mais interessado na música”. Eu insisti, “faz-me apenas quatro ou cinco temas, eu arranjo-te dinheiro e fazemos isso”. Ele lá aceitou. Fizemos essas quatro ou cinco canções e mostrei algumas ao Purist. Foi ele quem sugeriu, “devias arranjar o Kool Keith para aqui”. Conseguimos o Kool Keith para essa tema. Continuámos a fazer faixas e fui sempre mostrando ao Purist. Fizemos faixas que não chegaram a entrar no álbum. Ele foi ganhando forma e tornou-se naquilo que é agora. O Robert é meu amigo há muito tempo.

E o Vic Spencer? Apesar de ele viver na América, vocês já levam quatro volumes de Spencer For Higher editados.

Pois é [risos]. O Vic é de Chicago. Ele trabalha muito rápido e eu trabalho muito rápido. Torna-se muito fácil.

Conheceste-o antes ou depois do Mud In My Malbec?

O que aconteceu foi que eu tinha a capa do Mud In My Malbec, e então vi uma capa do Vic com o Big Ghost Ltd… Pensei, “que cena. Isto parece-se mesmo com a minha capa”. No mesmo dia, alguém no Twitter postou, “o Vic e o Sonnyjim deviam fazer alguma coisa juntos”. Pensei, “quem será este Vic Spencer?” Ainda por cima era o gajo que tinha uma capa igual à minha. “Deixa-me ouvir a música dele.” Já nem me lembro se fui eu que o contactei ou ele a mim, mas ele é um gajo fixe e uma pessoa com quem se trabalha muito facilmente. Fizemos quatro Spencer For Higher e acho que chegámos ao fim. Temos uma outra cena em andamento. Já lhe mandei uns beats mas ele ainda não gostou de nada [risos].

2022 já se está a chegar ao fim e eu presumo que sejas uma pessoa com uma agenda bastante bem delineada. Há algum dos teus próximos lançamentos sobre os quais possas já falar?

Acabei de assinar um contrato com uma editora da Índia.

Como se chama?

Azadi Records. Eles estão a fazer a cena deles e está a resultar. Quero lá ir antes do final deste ano para poder passar algum tempo, familiarizar-me com a cena. O álbum com eles sairá em Fevereiro e temos grandes convidados, todos eles de ascendência indiana — alguns são de Inglaterra, outros mesmo da Índia e de outras partes do mundo. Mas são mesmo artistas muito grandes. Não para a cultura do hip hop propriamente dita, mas são nomes maiores que o DOOM ou o Jay Electronica. Também já comecei a fazer um projecto com o Lee Scott.

Esse será para a Daupe! ou para a Blah?

Ainda não decidimos sobre isso. Já falámos por alto sobre esse assunto, mas eu e o Lee somos gajos muito abertos a qualquer tipo de oportunidade. Quem nos oferecer mais dinheiro, é lá que vamos buscar o cheque [risos]. Eu creio que ele não está preocupado com isso. Eu não estou, de todo. Tenho um álbum com o Brain Orchestra, outro com um gajo chamado Graymatter. É tudo malta bacana. Há pouco tempo fiz uma faixa com o Statik Selektah.

E concertos? Há a possibilidade de te encontrarmos na estrada em breve?

Quero fazer uma pequena digressão em Fevereiro. Eu gostava de a ter feito ainda este ano, mas como o álbum demorou um bocado a sair já não foi possível. Vamos voltar a apostar nisso no ano que vem. Mas eu não gosto assim tanto dos espectáculos nem me considero um gajo dado à performance. Apenas não me importo de os fazer.

Uma cena mais caseira, apenas no Reino Unido?

À volta do mundo, na verdade. Neste momento, podes considerar que já tenho uma agenda europeia. Também quero ir à Austrália.


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