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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 27/03/2020

De Whitney Houston a Lil Peep, do dub ao krautrock: estes são os documentários que vais poder ver neste período de confinamento.

16 documentários/séries documentais sobre música para ver na quarentena

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 27/03/2020

Pode facilmente argumentar-se que não se desperdiça um segundo de vida quando aproveitamos o nosso tempo livre para ver algo que nos entretém ao mesmo tempo que nos ensina. O mundo atravessa tempos de profunda incerteza, com a pandemia de COVID-19 a obrigar milhares de pessoas a uma repentina mudança nas suas vidas e rotinas. O presente explica-se com hashtags com carga dramática — #stayhome #staythefuckhome #euficoemcasa #vaitudoficarbem – e se a palavra de ordem é mesmo ficar em casa, sobretudo depois do Governo ter decretado o Estado de Emergência, então é necessário encontrar formas de investir o tempo que agora parece sobrar. E a música, já se sabe, pode ser a melhor de todas as terapias ocupacionais, o melhor passatempo, o melhor escape para a criatividade, a melhor forma de expressão e a mais séria matéria para alimentar o pensamento. E, claro, a música escreve-se, toca-se e canta-se, escuta-se e lê-se. Mas também se vê.

Abaixo propomos 16 documentários, com orientações variadas, praticamente todos disponíveis para se ver online — a excepção é Dub Echoes. Procurámos documentários que poderão, certamente, contribuir para que quem os veja saia mais rico/a desta estranha aventura em que todos fomos forçados a entrar. Há emo trap e krautrock, música de dança e electrónica, dub e Uk Drill, documentários em português e em inglês. O que não há mesmo são desculpas para não mergulharem nestas imagens.
[HARRY PARTCH – Music Studio] Pensemos fora da caixa por uns minutos! Harry Partch foi um compositor americano e criador instrumentista conhecido por ter elevado a música microtonal a um novo patamar. E este pequeno documentário de 1958 é uma porta de entrada para a genialidade deste carpinteiro sonoro. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– André Forte


[Surviving R. Kelly] Passa agora pouco mais de um ano desde que Surviving R. Kelly, a série documental que expõe as dezenas de crimes de abuso sexual dos quais o cantor de Chicago foi acusado, estreou na norte-americana Lifetime. Ao longo de seis episódios, vítimas, familiares e colegas de profissão relatam de forma crua, impressionante e, muitas vezes, incrédula as experiências vividas ao lado de R. Kelly. Do casamento com a cantora, e à época ainda adolescente, Aaliyah à criação de um rede de pornografia juvenil, a série debruça-se pelo conflito entre a imagem ora santificada ora promíscua de uma das maiores figuras da música mundial e da comunidade negra e religiosa norte-americana. Sem deixar de lado o silenciamento generalizado da indústria face aos crimes perpetrados durante décadas por Kelly ou a relação que o consumo da sua música estabelece com a manutenção do seu “estilo de vida”, Surviving R. Kelly é uma peça-chave para expor o sexismo e a misoginia na indústria musical, ainda hoje um dos seus calcanhares de Aquiles. Surviving R. Kelly foi nomeado para sete prémios dos quais venceu três.

– Núria R. Pinto


[The Sound of Belgium] Documentário recentemente redescoberto na web sobre a música de dança na Bélgica. Desde o movimento popcorn da década de 60 até ao declínio da subcultura new beat, uma hora e tal de discos em rotações erradas, de vestuário com fotografias roubadas das lápides e do clubbing visto como uma pandemia aos olhos de políticos conservadores.

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– Eduardo Morais


[Whitney Escrito e realizado por Kevin MacDonald, Whitney traça a história da carreira musical da cantora norte-americana Whitney Houston. Com um percurso brilhante e dramático ao longo dos seus 48 anos de vida, o documentário segue os constantes altos e baixos da vida pessoal e profissional de uma das maiores cantoras de todos os tempos. Do início da sua carreira, com apenas 15 anos, aos 25 de milhões de álbuns vendidos e primeiro Grammy aos 22, a soprano e supermodelo cresce para ser tornar a artista mais premiada de sempre da história mundial, reclamando para si o Guinness World Record, com mais de 450 galardões atribuídos. A vida de glória e sucesso nos palcos contrasta com a fragilidade, a depressão, a relação conturbada com o marido Bobby Brown e os problemas com o álcool e drogas que assombravam Houston desde a adolescência e acabariam por ditar o seu desaparecimento precoce, a 11 de Fevereiro de 2012. 

– Núria R. Pinto


[Tecla Tónica]

Tecla Tónica abre portas a um mundo para muitos desconhecido, ou pelo menos esquecido: a história música electrónica em Portugal e os seus pioneiros. O realizador Eduardo Morais entrevistou várias figuras lendárias da música electrónica portuguesa, desde José Cid e Vítor Rua a Carlos Zíngaro, Rui Eduardo Paes e Graça Moura, tentando ligar todas as peças que criam a história do movimento electrónico nacional desde os anos 60 até à actualidade e conectando também o desenvolvimento da tecnologia e do estilo em si. Cativante tanto visual como musicalmente, para além do conteúdo extenso mas não massivo do documentário, Tecla Tónica é uma excelente forma de se passar um serão leve enquanto se aprende sobre aqueles que começaram a revolução tecnológica na musica portuguesa.

– Francisco Couto


[Lil Peep: Everybody’s Everything]

Não é preciso gostar da música de Gustav Ahr para se apreciar este documentário: há um certo perfume inebriante, como existia nas canções do autor de Come Over When You’re Sober, Pt. 1, nesta peça audiovisual realizada por Sebastian Jones e Ramez Silyan. A dupla captou a aura desta rockstar moderna que encontrou conforto no emo trap e chamou família (o avô materno é decisivo para humanizar o “poeta tatuado”), amigos e colaboradores (da crew GothBoiClique a ILoveMakonnen) para a frente da câmara com o objectivo de criar um retrato completo da pessoa que Lil Peep foi. E conseguiu. A ascensão meteórica culminou numa morte prematura, em 2017, quando contava apenas 21 anos, um desfecho triste para um artista que tinha tudo (do som ao modo de vestir) para estarmos, em 2020, a falar dele como um dos grandes nomes pop da actualidade. Como muitos outros antes dele, o estilo de vida vertiginoso tirou-lhe a oportunidade de viver esse futuro risonho.

– Alexandre Ribeiro


[Electro Chaabi] Documentário da realizadora franco-tunisina Hind Meddeb, esta peça foca-se na cena explosiva de Cairo no pós-Primavera Árabe, em que jovens sem a disponibilidade financeira da alta sociedade, mas sedentos de liberdade, criaram alternativas aos clubes nocturnos exclusivos da alta classe egípcia em festa de rua ou em casamentos. Foi deste movimento, que vai buscar uma atitude punk, uma pitada de hip hop nos arranjos, e muita percussão, que surgiram artistas como MC Sadat, Islam Chipsy, ou o mais experimental Maurice Louca. Acima de tudo, é a expressão de uma juventude à procura de si mesma que é abordada cuidadosamente nesta peça.

– André Forte


[Surviving R. Kelly] Passa agora pouco mais de um ano desde que Surviving R. Kelly, a série documental que expõe as dezenas de crimes de abuso sexual dos quais o cantor de Chicago foi acusado, estreou na norte-americana Lifetime. Ao longo de seis episódios, vítimas, familiares e colegas de profissão relatam de forma crua, impressionante e, muitas vezes, incrédula as experiências vividas ao lado de R. Kelly. Do casamento com a cantora, e à época ainda adolescente, Aaliyah à criação de um rede de pornografia juvenil, a série debruça-se pelo conflito entre a imagem ora santificada ora promíscua de uma das maiores figuras da música mundial e da comunidade negra e religiosa norte-americana. Sem deixar de lado o silenciamento generalizado da indústria face aos crimes perpetrados durante décadas por Kelly ou a relação que o consumo da sua música estabelece com a manutenção do seu “estilo de vida”, Surviving R. Kelly é uma peça-chave para expor o sexismo e a misoginia na indústria musical, ainda hoje um dos seus calcanhares de Aquiles. Surviving R. Kelly foi nomeado para sete prémios dos quais venceu três.

– Núria R. Pinto


[The Sound of Belgium] Documentário recentemente redescoberto na web sobre a música de dança na Bélgica. Desde o movimento popcorn da década de 60 até ao declínio da subcultura new beat, uma hora e tal de discos em rotações erradas, de vestuário com fotografias roubadas das lápides e do clubbing visto como uma pandemia aos olhos de políticos conservadores.

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– André Forte


[Ata Kak – Time Bomb] Ata Kak gravou uma cassete de rap lo-fi no Gana na década de 80 que à época não passou a fronteira da sua localidade. Hoje actua e esgota concertos por todo o mundo após o editor Brian Shimkovitz (Awesome Tapes from Africa) ter feito tudo para o encontrar.

– Eduardo Morais


[Whitney Escrito e realizado por Kevin MacDonald, Whitney traça a história da carreira musical da cantora norte-americana Whitney Houston. Com um percurso brilhante e dramático ao longo dos seus 48 anos de vida, o documentário segue os constantes altos e baixos da vida pessoal e profissional de uma das maiores cantoras de todos os tempos. Do início da sua carreira, com apenas 15 anos, aos 25 de milhões de álbuns vendidos e primeiro Grammy aos 22, a soprano e supermodelo cresce para ser tornar a artista mais premiada de sempre da história mundial, reclamando para si o Guinness World Record, com mais de 450 galardões atribuídos. A vida de glória e sucesso nos palcos contrasta com a fragilidade, a depressão, a relação conturbada com o marido Bobby Brown e os problemas com o álcool e drogas que assombravam Houston desde a adolescência e acabariam por ditar o seu desaparecimento precoce, a 11 de Fevereiro de 2012. 

– Núria R. Pinto


[Tecla Tónica]

Tecla Tónica abre portas a um mundo para muitos desconhecido, ou pelo menos esquecido: a história música electrónica em Portugal e os seus pioneiros. O realizador Eduardo Morais entrevistou várias figuras lendárias da música electrónica portuguesa, desde José Cid e Vítor Rua a Carlos Zíngaro, Rui Eduardo Paes e Graça Moura, tentando ligar todas as peças que criam a história do movimento electrónico nacional desde os anos 60 até à actualidade e conectando também o desenvolvimento da tecnologia e do estilo em si. Cativante tanto visual como musicalmente, para além do conteúdo extenso mas não massivo do documentário, Tecla Tónica é uma excelente forma de se passar um serão leve enquanto se aprende sobre aqueles que começaram a revolução tecnológica na musica portuguesa.

– Francisco Couto


[Lil Peep: Everybody’s Everything]

Não é preciso gostar da música de Gustav Ahr para se apreciar este documentário: há um certo perfume inebriante, como existia nas canções do autor de Come Over When You’re Sober, Pt. 1, nesta peça audiovisual realizada por Sebastian Jones e Ramez Silyan. A dupla captou a aura desta rockstar moderna que encontrou conforto no emo trap e chamou família (o avô materno é decisivo para humanizar o “poeta tatuado”), amigos e colaboradores (da crew GothBoiClique a ILoveMakonnen) para a frente da câmara com o objectivo de criar um retrato completo da pessoa que Lil Peep foi. E conseguiu. A ascensão meteórica culminou numa morte prematura, em 2017, quando contava apenas 21 anos, um desfecho triste para um artista que tinha tudo (do som ao modo de vestir) para estarmos, em 2020, a falar dele como um dos grandes nomes pop da actualidade. Como muitos outros antes dele, o estilo de vida vertiginoso tirou-lhe a oportunidade de viver esse futuro risonho.

– Alexandre Ribeiro


[Electro Chaabi] Documentário da realizadora franco-tunisina Hind Meddeb, esta peça foca-se na cena explosiva de Cairo no pós-Primavera Árabe, em que jovens sem a disponibilidade financeira da alta sociedade, mas sedentos de liberdade, criaram alternativas aos clubes nocturnos exclusivos da alta classe egípcia em festa de rua ou em casamentos. Foi deste movimento, que vai buscar uma atitude punk, uma pitada de hip hop nos arranjos, e muita percussão, que surgiram artistas como MC Sadat, Islam Chipsy, ou o mais experimental Maurice Louca. Acima de tudo, é a expressão de uma juventude à procura de si mesma que é abordada cuidadosamente nesta peça.

– André Forte


[Surviving R. Kelly] Passa agora pouco mais de um ano desde que Surviving R. Kelly, a série documental que expõe as dezenas de crimes de abuso sexual dos quais o cantor de Chicago foi acusado, estreou na norte-americana Lifetime. Ao longo de seis episódios, vítimas, familiares e colegas de profissão relatam de forma crua, impressionante e, muitas vezes, incrédula as experiências vividas ao lado de R. Kelly. Do casamento com a cantora, e à época ainda adolescente, Aaliyah à criação de um rede de pornografia juvenil, a série debruça-se pelo conflito entre a imagem ora santificada ora promíscua de uma das maiores figuras da música mundial e da comunidade negra e religiosa norte-americana. Sem deixar de lado o silenciamento generalizado da indústria face aos crimes perpetrados durante décadas por Kelly ou a relação que o consumo da sua música estabelece com a manutenção do seu “estilo de vida”, Surviving R. Kelly é uma peça-chave para expor o sexismo e a misoginia na indústria musical, ainda hoje um dos seus calcanhares de Aquiles. Surviving R. Kelly foi nomeado para sete prémios dos quais venceu três.

– Núria R. Pinto


[The Sound of Belgium] Documentário recentemente redescoberto na web sobre a música de dança na Bélgica. Desde o movimento popcorn da década de 60 até ao declínio da subcultura new beat, uma hora e tal de discos em rotações erradas, de vestuário com fotografias roubadas das lápides e do clubbing visto como uma pandemia aos olhos de políticos conservadores.

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– Vasco Completo


[DJ Rashad & DJ Spinn: Teklife at Monterrey] Documentário Pitchfork realizado por Jim Larson, esta média-metragem acompanha a saída de Rashad, génio mobilizador da crew Teklife e principal agitar da cena juke e footwork de Chicago, e do seu co-conspirador Spinn da Windy City rumo a Monterrey, no Norte do México. Ainda que as latitudes se mantenham no norte dos países, é uma oportunidade de ver Rashad em alguns dos últimos momentos da sua vida, longe dos pratos e da mesa de mistura, e a discorrer sobre como começou — tendo o destino, onde chegou, como pano de fundo. É também uma óptima oportunidade para atestar que usar óculos escuros pode ser uma opção independente da hora do dia.

– André Forte


[Ata Kak – Time Bomb] Ata Kak gravou uma cassete de rap lo-fi no Gana na década de 80 que à época não passou a fronteira da sua localidade. Hoje actua e esgota concertos por todo o mundo após o editor Brian Shimkovitz (Awesome Tapes from Africa) ter feito tudo para o encontrar.

– Eduardo Morais


[Whitney Escrito e realizado por Kevin MacDonald, Whitney traça a história da carreira musical da cantora norte-americana Whitney Houston. Com um percurso brilhante e dramático ao longo dos seus 48 anos de vida, o documentário segue os constantes altos e baixos da vida pessoal e profissional de uma das maiores cantoras de todos os tempos. Do início da sua carreira, com apenas 15 anos, aos 25 de milhões de álbuns vendidos e primeiro Grammy aos 22, a soprano e supermodelo cresce para ser tornar a artista mais premiada de sempre da história mundial, reclamando para si o Guinness World Record, com mais de 450 galardões atribuídos. A vida de glória e sucesso nos palcos contrasta com a fragilidade, a depressão, a relação conturbada com o marido Bobby Brown e os problemas com o álcool e drogas que assombravam Houston desde a adolescência e acabariam por ditar o seu desaparecimento precoce, a 11 de Fevereiro de 2012. 

– Núria R. Pinto


[Tecla Tónica]

Tecla Tónica abre portas a um mundo para muitos desconhecido, ou pelo menos esquecido: a história música electrónica em Portugal e os seus pioneiros. O realizador Eduardo Morais entrevistou várias figuras lendárias da música electrónica portuguesa, desde José Cid e Vítor Rua a Carlos Zíngaro, Rui Eduardo Paes e Graça Moura, tentando ligar todas as peças que criam a história do movimento electrónico nacional desde os anos 60 até à actualidade e conectando também o desenvolvimento da tecnologia e do estilo em si. Cativante tanto visual como musicalmente, para além do conteúdo extenso mas não massivo do documentário, Tecla Tónica é uma excelente forma de se passar um serão leve enquanto se aprende sobre aqueles que começaram a revolução tecnológica na musica portuguesa.

– Francisco Couto


[Lil Peep: Everybody’s Everything]

Não é preciso gostar da música de Gustav Ahr para se apreciar este documentário: há um certo perfume inebriante, como existia nas canções do autor de Come Over When You’re Sober, Pt. 1, nesta peça audiovisual realizada por Sebastian Jones e Ramez Silyan. A dupla captou a aura desta rockstar moderna que encontrou conforto no emo trap e chamou família (o avô materno é decisivo para humanizar o “poeta tatuado”), amigos e colaboradores (da crew GothBoiClique a ILoveMakonnen) para a frente da câmara com o objectivo de criar um retrato completo da pessoa que Lil Peep foi. E conseguiu. A ascensão meteórica culminou numa morte prematura, em 2017, quando contava apenas 21 anos, um desfecho triste para um artista que tinha tudo (do som ao modo de vestir) para estarmos, em 2020, a falar dele como um dos grandes nomes pop da actualidade. Como muitos outros antes dele, o estilo de vida vertiginoso tirou-lhe a oportunidade de viver esse futuro risonho.

– Alexandre Ribeiro


[Electro Chaabi] Documentário da realizadora franco-tunisina Hind Meddeb, esta peça foca-se na cena explosiva de Cairo no pós-Primavera Árabe, em que jovens sem a disponibilidade financeira da alta sociedade, mas sedentos de liberdade, criaram alternativas aos clubes nocturnos exclusivos da alta classe egípcia em festa de rua ou em casamentos. Foi deste movimento, que vai buscar uma atitude punk, uma pitada de hip hop nos arranjos, e muita percussão, que surgiram artistas como MC Sadat, Islam Chipsy, ou o mais experimental Maurice Louca. Acima de tudo, é a expressão de uma juventude à procura de si mesma que é abordada cuidadosamente nesta peça.

– André Forte


[Surviving R. Kelly] Passa agora pouco mais de um ano desde que Surviving R. Kelly, a série documental que expõe as dezenas de crimes de abuso sexual dos quais o cantor de Chicago foi acusado, estreou na norte-americana Lifetime. Ao longo de seis episódios, vítimas, familiares e colegas de profissão relatam de forma crua, impressionante e, muitas vezes, incrédula as experiências vividas ao lado de R. Kelly. Do casamento com a cantora, e à época ainda adolescente, Aaliyah à criação de um rede de pornografia juvenil, a série debruça-se pelo conflito entre a imagem ora santificada ora promíscua de uma das maiores figuras da música mundial e da comunidade negra e religiosa norte-americana. Sem deixar de lado o silenciamento generalizado da indústria face aos crimes perpetrados durante décadas por Kelly ou a relação que o consumo da sua música estabelece com a manutenção do seu “estilo de vida”, Surviving R. Kelly é uma peça-chave para expor o sexismo e a misoginia na indústria musical, ainda hoje um dos seus calcanhares de Aquiles. Surviving R. Kelly foi nomeado para sete prémios dos quais venceu três.

– Núria R. Pinto


[The Sound of Belgium] Documentário recentemente redescoberto na web sobre a música de dança na Bélgica. Desde o movimento popcorn da década de 60 até ao declínio da subcultura new beat, uma hora e tal de discos em rotações erradas, de vestuário com fotografias roubadas das lápides e do clubbing visto como uma pandemia aos olhos de políticos conservadores.

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– Francisco Couto


[Real Scenes Uma série incontornável para qualquer músico, jornalista, ouvinte ou mero curioso que se interesse por música electrónica e as dimensões socio-culturais que interligam o meio urbano à vida nocturna das grandes cidades. A série criada pela Resident Advisor aborda como o contexto desta música de dança é vivido em cidades tão marcantes como Bristol, Paris, Berlim, Joanesburgo, Detroit, Cidade do México, Nova Iorque ou Tóquio. Os testemunhos de artistas, promotores, ravers, editores e ainda detentores de lojas de discos — todos peças fulcrais para caracterizar cada cidade e o meio musical que constituem — são fascinantes e evidenciam diversas problemáticas que tanto influenciam a música que é feita e ouvida (e como é ouvida) nestes centros culturais, passando impreterivelmente por temas como o turismo, as legislações sufocantes ou a falta de espaços para se consumir electrónica. A pergunta que fica é: para quando uma edição lisboeta/portuense?

– Vasco Completo


[DJ Rashad & DJ Spinn: Teklife at Monterrey] Documentário Pitchfork realizado por Jim Larson, esta média-metragem acompanha a saída de Rashad, génio mobilizador da crew Teklife e principal agitar da cena juke e footwork de Chicago, e do seu co-conspirador Spinn da Windy City rumo a Monterrey, no Norte do México. Ainda que as latitudes se mantenham no norte dos países, é uma oportunidade de ver Rashad em alguns dos últimos momentos da sua vida, longe dos pratos e da mesa de mistura, e a discorrer sobre como começou — tendo o destino, onde chegou, como pano de fundo. É também uma óptima oportunidade para atestar que usar óculos escuros pode ser uma opção independente da hora do dia.

– André Forte


[Ata Kak – Time Bomb] Ata Kak gravou uma cassete de rap lo-fi no Gana na década de 80 que à época não passou a fronteira da sua localidade. Hoje actua e esgota concertos por todo o mundo após o editor Brian Shimkovitz (Awesome Tapes from Africa) ter feito tudo para o encontrar.

– Eduardo Morais


[Whitney Escrito e realizado por Kevin MacDonald, Whitney traça a história da carreira musical da cantora norte-americana Whitney Houston. Com um percurso brilhante e dramático ao longo dos seus 48 anos de vida, o documentário segue os constantes altos e baixos da vida pessoal e profissional de uma das maiores cantoras de todos os tempos. Do início da sua carreira, com apenas 15 anos, aos 25 de milhões de álbuns vendidos e primeiro Grammy aos 22, a soprano e supermodelo cresce para ser tornar a artista mais premiada de sempre da história mundial, reclamando para si o Guinness World Record, com mais de 450 galardões atribuídos. A vida de glória e sucesso nos palcos contrasta com a fragilidade, a depressão, a relação conturbada com o marido Bobby Brown e os problemas com o álcool e drogas que assombravam Houston desde a adolescência e acabariam por ditar o seu desaparecimento precoce, a 11 de Fevereiro de 2012. 

– Núria R. Pinto


[Tecla Tónica]

Tecla Tónica abre portas a um mundo para muitos desconhecido, ou pelo menos esquecido: a história música electrónica em Portugal e os seus pioneiros. O realizador Eduardo Morais entrevistou várias figuras lendárias da música electrónica portuguesa, desde José Cid e Vítor Rua a Carlos Zíngaro, Rui Eduardo Paes e Graça Moura, tentando ligar todas as peças que criam a história do movimento electrónico nacional desde os anos 60 até à actualidade e conectando também o desenvolvimento da tecnologia e do estilo em si. Cativante tanto visual como musicalmente, para além do conteúdo extenso mas não massivo do documentário, Tecla Tónica é uma excelente forma de se passar um serão leve enquanto se aprende sobre aqueles que começaram a revolução tecnológica na musica portuguesa.

– Francisco Couto


[Lil Peep: Everybody’s Everything]

Não é preciso gostar da música de Gustav Ahr para se apreciar este documentário: há um certo perfume inebriante, como existia nas canções do autor de Come Over When You’re Sober, Pt. 1, nesta peça audiovisual realizada por Sebastian Jones e Ramez Silyan. A dupla captou a aura desta rockstar moderna que encontrou conforto no emo trap e chamou família (o avô materno é decisivo para humanizar o “poeta tatuado”), amigos e colaboradores (da crew GothBoiClique a ILoveMakonnen) para a frente da câmara com o objectivo de criar um retrato completo da pessoa que Lil Peep foi. E conseguiu. A ascensão meteórica culminou numa morte prematura, em 2017, quando contava apenas 21 anos, um desfecho triste para um artista que tinha tudo (do som ao modo de vestir) para estarmos, em 2020, a falar dele como um dos grandes nomes pop da actualidade. Como muitos outros antes dele, o estilo de vida vertiginoso tirou-lhe a oportunidade de viver esse futuro risonho.

– Alexandre Ribeiro


[Electro Chaabi] Documentário da realizadora franco-tunisina Hind Meddeb, esta peça foca-se na cena explosiva de Cairo no pós-Primavera Árabe, em que jovens sem a disponibilidade financeira da alta sociedade, mas sedentos de liberdade, criaram alternativas aos clubes nocturnos exclusivos da alta classe egípcia em festa de rua ou em casamentos. Foi deste movimento, que vai buscar uma atitude punk, uma pitada de hip hop nos arranjos, e muita percussão, que surgiram artistas como MC Sadat, Islam Chipsy, ou o mais experimental Maurice Louca. Acima de tudo, é a expressão de uma juventude à procura de si mesma que é abordada cuidadosamente nesta peça.

– André Forte


[Surviving R. Kelly] Passa agora pouco mais de um ano desde que Surviving R. Kelly, a série documental que expõe as dezenas de crimes de abuso sexual dos quais o cantor de Chicago foi acusado, estreou na norte-americana Lifetime. Ao longo de seis episódios, vítimas, familiares e colegas de profissão relatam de forma crua, impressionante e, muitas vezes, incrédula as experiências vividas ao lado de R. Kelly. Do casamento com a cantora, e à época ainda adolescente, Aaliyah à criação de um rede de pornografia juvenil, a série debruça-se pelo conflito entre a imagem ora santificada ora promíscua de uma das maiores figuras da música mundial e da comunidade negra e religiosa norte-americana. Sem deixar de lado o silenciamento generalizado da indústria face aos crimes perpetrados durante décadas por Kelly ou a relação que o consumo da sua música estabelece com a manutenção do seu “estilo de vida”, Surviving R. Kelly é uma peça-chave para expor o sexismo e a misoginia na indústria musical, ainda hoje um dos seus calcanhares de Aquiles. Surviving R. Kelly foi nomeado para sete prémios dos quais venceu três.

– Núria R. Pinto


[The Sound of Belgium] Documentário recentemente redescoberto na web sobre a música de dança na Bélgica. Desde o movimento popcorn da década de 60 até ao declínio da subcultura new beat, uma hora e tal de discos em rotações erradas, de vestuário com fotografias roubadas das lápides e do clubbing visto como uma pandemia aos olhos de políticos conservadores.

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– Rui Miguel Abreu


[Dub Echoes Dub Echoes é a introdução ideal para quem se quer iniciar na exploração do dub. 40 figuras míticas na história e no desenvolvimento deste movimento mostram as suas perspectivas e insights, desde a mítica criação com King Tubby ao experimentalismo de Lee Scrath, passando ainda pela metamorfose sonora que levou à criação do hip hop, dubstep, drum n bass, e muitos outros estilos aliados à música de dança. Este documentário leva-nos não só a entender a essência do que é o dub para quem o criou, como também nos dá bases sólidas para entender o impacto que este teve na criação de vários géneros musicais e culturas de hoje em dia, desde os soundsystems aos primeiros remixes.

– Francisco Couto


[Real Scenes Uma série incontornável para qualquer músico, jornalista, ouvinte ou mero curioso que se interesse por música electrónica e as dimensões socio-culturais que interligam o meio urbano à vida nocturna das grandes cidades. A série criada pela Resident Advisor aborda como o contexto desta música de dança é vivido em cidades tão marcantes como Bristol, Paris, Berlim, Joanesburgo, Detroit, Cidade do México, Nova Iorque ou Tóquio. Os testemunhos de artistas, promotores, ravers, editores e ainda detentores de lojas de discos — todos peças fulcrais para caracterizar cada cidade e o meio musical que constituem — são fascinantes e evidenciam diversas problemáticas que tanto influenciam a música que é feita e ouvida (e como é ouvida) nestes centros culturais, passando impreterivelmente por temas como o turismo, as legislações sufocantes ou a falta de espaços para se consumir electrónica. A pergunta que fica é: para quando uma edição lisboeta/portuense?

– Vasco Completo


[DJ Rashad & DJ Spinn: Teklife at Monterrey] Documentário Pitchfork realizado por Jim Larson, esta média-metragem acompanha a saída de Rashad, génio mobilizador da crew Teklife e principal agitar da cena juke e footwork de Chicago, e do seu co-conspirador Spinn da Windy City rumo a Monterrey, no Norte do México. Ainda que as latitudes se mantenham no norte dos países, é uma oportunidade de ver Rashad em alguns dos últimos momentos da sua vida, longe dos pratos e da mesa de mistura, e a discorrer sobre como começou — tendo o destino, onde chegou, como pano de fundo. É também uma óptima oportunidade para atestar que usar óculos escuros pode ser uma opção independente da hora do dia.

– André Forte


[Ata Kak – Time Bomb] Ata Kak gravou uma cassete de rap lo-fi no Gana na década de 80 que à época não passou a fronteira da sua localidade. Hoje actua e esgota concertos por todo o mundo após o editor Brian Shimkovitz (Awesome Tapes from Africa) ter feito tudo para o encontrar.

– Eduardo Morais


[Whitney Escrito e realizado por Kevin MacDonald, Whitney traça a história da carreira musical da cantora norte-americana Whitney Houston. Com um percurso brilhante e dramático ao longo dos seus 48 anos de vida, o documentário segue os constantes altos e baixos da vida pessoal e profissional de uma das maiores cantoras de todos os tempos. Do início da sua carreira, com apenas 15 anos, aos 25 de milhões de álbuns vendidos e primeiro Grammy aos 22, a soprano e supermodelo cresce para ser tornar a artista mais premiada de sempre da história mundial, reclamando para si o Guinness World Record, com mais de 450 galardões atribuídos. A vida de glória e sucesso nos palcos contrasta com a fragilidade, a depressão, a relação conturbada com o marido Bobby Brown e os problemas com o álcool e drogas que assombravam Houston desde a adolescência e acabariam por ditar o seu desaparecimento precoce, a 11 de Fevereiro de 2012. 

– Núria R. Pinto


[Tecla Tónica]

Tecla Tónica abre portas a um mundo para muitos desconhecido, ou pelo menos esquecido: a história música electrónica em Portugal e os seus pioneiros. O realizador Eduardo Morais entrevistou várias figuras lendárias da música electrónica portuguesa, desde José Cid e Vítor Rua a Carlos Zíngaro, Rui Eduardo Paes e Graça Moura, tentando ligar todas as peças que criam a história do movimento electrónico nacional desde os anos 60 até à actualidade e conectando também o desenvolvimento da tecnologia e do estilo em si. Cativante tanto visual como musicalmente, para além do conteúdo extenso mas não massivo do documentário, Tecla Tónica é uma excelente forma de se passar um serão leve enquanto se aprende sobre aqueles que começaram a revolução tecnológica na musica portuguesa.

– Francisco Couto


[Lil Peep: Everybody’s Everything]

Não é preciso gostar da música de Gustav Ahr para se apreciar este documentário: há um certo perfume inebriante, como existia nas canções do autor de Come Over When You’re Sober, Pt. 1, nesta peça audiovisual realizada por Sebastian Jones e Ramez Silyan. A dupla captou a aura desta rockstar moderna que encontrou conforto no emo trap e chamou família (o avô materno é decisivo para humanizar o “poeta tatuado”), amigos e colaboradores (da crew GothBoiClique a ILoveMakonnen) para a frente da câmara com o objectivo de criar um retrato completo da pessoa que Lil Peep foi. E conseguiu. A ascensão meteórica culminou numa morte prematura, em 2017, quando contava apenas 21 anos, um desfecho triste para um artista que tinha tudo (do som ao modo de vestir) para estarmos, em 2020, a falar dele como um dos grandes nomes pop da actualidade. Como muitos outros antes dele, o estilo de vida vertiginoso tirou-lhe a oportunidade de viver esse futuro risonho.

– Alexandre Ribeiro


[Electro Chaabi] Documentário da realizadora franco-tunisina Hind Meddeb, esta peça foca-se na cena explosiva de Cairo no pós-Primavera Árabe, em que jovens sem a disponibilidade financeira da alta sociedade, mas sedentos de liberdade, criaram alternativas aos clubes nocturnos exclusivos da alta classe egípcia em festa de rua ou em casamentos. Foi deste movimento, que vai buscar uma atitude punk, uma pitada de hip hop nos arranjos, e muita percussão, que surgiram artistas como MC Sadat, Islam Chipsy, ou o mais experimental Maurice Louca. Acima de tudo, é a expressão de uma juventude à procura de si mesma que é abordada cuidadosamente nesta peça.

– André Forte


[Surviving R. Kelly] Passa agora pouco mais de um ano desde que Surviving R. Kelly, a série documental que expõe as dezenas de crimes de abuso sexual dos quais o cantor de Chicago foi acusado, estreou na norte-americana Lifetime. Ao longo de seis episódios, vítimas, familiares e colegas de profissão relatam de forma crua, impressionante e, muitas vezes, incrédula as experiências vividas ao lado de R. Kelly. Do casamento com a cantora, e à época ainda adolescente, Aaliyah à criação de um rede de pornografia juvenil, a série debruça-se pelo conflito entre a imagem ora santificada ora promíscua de uma das maiores figuras da música mundial e da comunidade negra e religiosa norte-americana. Sem deixar de lado o silenciamento generalizado da indústria face aos crimes perpetrados durante décadas por Kelly ou a relação que o consumo da sua música estabelece com a manutenção do seu “estilo de vida”, Surviving R. Kelly é uma peça-chave para expor o sexismo e a misoginia na indústria musical, ainda hoje um dos seus calcanhares de Aquiles. Surviving R. Kelly foi nomeado para sete prémios dos quais venceu três.

– Núria R. Pinto


[The Sound of Belgium] Documentário recentemente redescoberto na web sobre a música de dança na Bélgica. Desde o movimento popcorn da década de 60 até ao declínio da subcultura new beat, uma hora e tal de discos em rotações erradas, de vestuário com fotografias roubadas das lápides e do clubbing visto como uma pandemia aos olhos de políticos conservadores.

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

– Eduardo Morais


[Krautrock: The Rebirth of Germany] Os documentários musicais da BBC são extraordinárias fontes de aprendizagem, frutos de uma cultura que há décadas valoriza o pensamento sobre a música, talvez o mais avançado país no que à produção de crítica musical diz respeito. Faz por isso sentido que a BBC honre essa fasquia elevada com documentários de qualidade. E Krautrock – The Rebirth of Germany é disso excelente exemplo. O retrato do género que foi, precisamente, baptizado nas páginas da imprensa britânica — e não sem algum escárnio associado próprio de quem não tinha ainda largado todos os traumas da guerra – começa com um enquadramento histórico, mostrando as ruínas em que o país ficou mergulhado depois da 2ª Guerra Mundial. E depois conta a história particular de um país que, profundamente traumatizado pelo seu passado, quis olhar para o futuro através da música.Entre finais dos anos 60 e finais dos anos 70, quando a Neue Deutsche Welle se impôs, a cena Krautrock viveu do talento extremo de bandas como os Neu!, Can, Faust, Popol Vuh, Amon Duul ou, claro, Tangerine Dream e Kraftwerk. Cada uma delas profundamente influente, gerando fértil descendência activa até aos dias de hoje.

– Rui Miguel Abreu


[Dub Echoes Dub Echoes é a introdução ideal para quem se quer iniciar na exploração do dub. 40 figuras míticas na história e no desenvolvimento deste movimento mostram as suas perspectivas e insights, desde a mítica criação com King Tubby ao experimentalismo de Lee Scrath, passando ainda pela metamorfose sonora que levou à criação do hip hop, dubstep, drum n bass, e muitos outros estilos aliados à música de dança. Este documentário leva-nos não só a entender a essência do que é o dub para quem o criou, como também nos dá bases sólidas para entender o impacto que este teve na criação de vários géneros musicais e culturas de hoje em dia, desde os soundsystems aos primeiros remixes.

– Francisco Couto


[Real Scenes Uma série incontornável para qualquer músico, jornalista, ouvinte ou mero curioso que se interesse por música electrónica e as dimensões socio-culturais que interligam o meio urbano à vida nocturna das grandes cidades. A série criada pela Resident Advisor aborda como o contexto desta música de dança é vivido em cidades tão marcantes como Bristol, Paris, Berlim, Joanesburgo, Detroit, Cidade do México, Nova Iorque ou Tóquio. Os testemunhos de artistas, promotores, ravers, editores e ainda detentores de lojas de discos — todos peças fulcrais para caracterizar cada cidade e o meio musical que constituem — são fascinantes e evidenciam diversas problemáticas que tanto influenciam a música que é feita e ouvida (e como é ouvida) nestes centros culturais, passando impreterivelmente por temas como o turismo, as legislações sufocantes ou a falta de espaços para se consumir electrónica. A pergunta que fica é: para quando uma edição lisboeta/portuense?

– Vasco Completo


[DJ Rashad & DJ Spinn: Teklife at Monterrey] Documentário Pitchfork realizado por Jim Larson, esta média-metragem acompanha a saída de Rashad, génio mobilizador da crew Teklife e principal agitar da cena juke e footwork de Chicago, e do seu co-conspirador Spinn da Windy City rumo a Monterrey, no Norte do México. Ainda que as latitudes se mantenham no norte dos países, é uma oportunidade de ver Rashad em alguns dos últimos momentos da sua vida, longe dos pratos e da mesa de mistura, e a discorrer sobre como começou — tendo o destino, onde chegou, como pano de fundo. É também uma óptima oportunidade para atestar que usar óculos escuros pode ser uma opção independente da hora do dia.

– André Forte


[Ata Kak – Time Bomb] Ata Kak gravou uma cassete de rap lo-fi no Gana na década de 80 que à época não passou a fronteira da sua localidade. Hoje actua e esgota concertos por todo o mundo após o editor Brian Shimkovitz (Awesome Tapes from Africa) ter feito tudo para o encontrar.

– Eduardo Morais


[Whitney Escrito e realizado por Kevin MacDonald, Whitney traça a história da carreira musical da cantora norte-americana Whitney Houston. Com um percurso brilhante e dramático ao longo dos seus 48 anos de vida, o documentário segue os constantes altos e baixos da vida pessoal e profissional de uma das maiores cantoras de todos os tempos. Do início da sua carreira, com apenas 15 anos, aos 25 de milhões de álbuns vendidos e primeiro Grammy aos 22, a soprano e supermodelo cresce para ser tornar a artista mais premiada de sempre da história mundial, reclamando para si o Guinness World Record, com mais de 450 galardões atribuídos. A vida de glória e sucesso nos palcos contrasta com a fragilidade, a depressão, a relação conturbada com o marido Bobby Brown e os problemas com o álcool e drogas que assombravam Houston desde a adolescência e acabariam por ditar o seu desaparecimento precoce, a 11 de Fevereiro de 2012. 

– Núria R. Pinto


[Tecla Tónica]

Tecla Tónica abre portas a um mundo para muitos desconhecido, ou pelo menos esquecido: a história música electrónica em Portugal e os seus pioneiros. O realizador Eduardo Morais entrevistou várias figuras lendárias da música electrónica portuguesa, desde José Cid e Vítor Rua a Carlos Zíngaro, Rui Eduardo Paes e Graça Moura, tentando ligar todas as peças que criam a história do movimento electrónico nacional desde os anos 60 até à actualidade e conectando também o desenvolvimento da tecnologia e do estilo em si. Cativante tanto visual como musicalmente, para além do conteúdo extenso mas não massivo do documentário, Tecla Tónica é uma excelente forma de se passar um serão leve enquanto se aprende sobre aqueles que começaram a revolução tecnológica na musica portuguesa.

– Francisco Couto


[Lil Peep: Everybody’s Everything]

Não é preciso gostar da música de Gustav Ahr para se apreciar este documentário: há um certo perfume inebriante, como existia nas canções do autor de Come Over When You’re Sober, Pt. 1, nesta peça audiovisual realizada por Sebastian Jones e Ramez Silyan. A dupla captou a aura desta rockstar moderna que encontrou conforto no emo trap e chamou família (o avô materno é decisivo para humanizar o “poeta tatuado”), amigos e colaboradores (da crew GothBoiClique a ILoveMakonnen) para a frente da câmara com o objectivo de criar um retrato completo da pessoa que Lil Peep foi. E conseguiu. A ascensão meteórica culminou numa morte prematura, em 2017, quando contava apenas 21 anos, um desfecho triste para um artista que tinha tudo (do som ao modo de vestir) para estarmos, em 2020, a falar dele como um dos grandes nomes pop da actualidade. Como muitos outros antes dele, o estilo de vida vertiginoso tirou-lhe a oportunidade de viver esse futuro risonho.

– Alexandre Ribeiro


[Electro Chaabi] Documentário da realizadora franco-tunisina Hind Meddeb, esta peça foca-se na cena explosiva de Cairo no pós-Primavera Árabe, em que jovens sem a disponibilidade financeira da alta sociedade, mas sedentos de liberdade, criaram alternativas aos clubes nocturnos exclusivos da alta classe egípcia em festa de rua ou em casamentos. Foi deste movimento, que vai buscar uma atitude punk, uma pitada de hip hop nos arranjos, e muita percussão, que surgiram artistas como MC Sadat, Islam Chipsy, ou o mais experimental Maurice Louca. Acima de tudo, é a expressão de uma juventude à procura de si mesma que é abordada cuidadosamente nesta peça.

– André Forte


[Surviving R. Kelly] Passa agora pouco mais de um ano desde que Surviving R. Kelly, a série documental que expõe as dezenas de crimes de abuso sexual dos quais o cantor de Chicago foi acusado, estreou na norte-americana Lifetime. Ao longo de seis episódios, vítimas, familiares e colegas de profissão relatam de forma crua, impressionante e, muitas vezes, incrédula as experiências vividas ao lado de R. Kelly. Do casamento com a cantora, e à época ainda adolescente, Aaliyah à criação de um rede de pornografia juvenil, a série debruça-se pelo conflito entre a imagem ora santificada ora promíscua de uma das maiores figuras da música mundial e da comunidade negra e religiosa norte-americana. Sem deixar de lado o silenciamento generalizado da indústria face aos crimes perpetrados durante décadas por Kelly ou a relação que o consumo da sua música estabelece com a manutenção do seu “estilo de vida”, Surviving R. Kelly é uma peça-chave para expor o sexismo e a misoginia na indústria musical, ainda hoje um dos seus calcanhares de Aquiles. Surviving R. Kelly foi nomeado para sete prémios dos quais venceu três.

– Núria R. Pinto


[The Sound of Belgium] Documentário recentemente redescoberto na web sobre a música de dança na Bélgica. Desde o movimento popcorn da década de 60 até ao declínio da subcultura new beat, uma hora e tal de discos em rotações erradas, de vestuário com fotografias roubadas das lápides e do clubbing visto como uma pandemia aos olhos de políticos conservadores.

– Eduardo Morais


https://www.youtube.com/watch?v=H4mePnPw4rI&fbclid=IwAR37KBAwX5xq6pNvDIy9N2qZv_gIY1LDmkAlY0gYUwbZTH73C30dyVc227U [Modulations] Este documentário é uma peça essencial para muita gente, dada a ousadia que teve de olhar para a expressão da música electrónica como algo verdadeira humano e impossível de radicar em determinadas geografias ou contexto. Ao longo de pouco mais de uma hora, a realizadora Lara Lee aborda vários momentos da evolução da música electrónica, passando por Kraftwerk, Moroder, Afrika Bambaataa e Prodigy. Talvez precise de um segundo capítulo, mas este primeiro já serve de boa preparação intensiva para tudo o que envolva a criação de novas sonoridades.

– André Forte


[1976 Movimento Black Rio] Em plena ditadura brasileira, os Bailes Black eram uma manifestação jovem musical negra encabeçada por Tim Maia, Toni Tornado ou Cassiano, que celebrava o funk/soul e afirmava a sua raça em discotecas do país.

– Eduardo Morais


[Synth Britannia] Synth Britannia é parte de uma série (Prog Britannia ou Punk Britannia são outros exemplos) de muito bem estruturados documentários que beneficiam do monumental arquivo da BBC, mas também de uma inteligente visão crítica da história da música. Este documentário é altamente recomendável para qualquer pessoa com o mais leve interesse em música electrónica e explora os rebeldes que em finais dos anos 70 colocaram de lado as guitarras em detrimento de uma nova tecnologia que então despontava, ansiosos por inaugurarem o futuro. Dos Cabaret Voltaire e Human League a John Fox, a Mute de Daniel Miller, os Depeche Mode e os Yazoo, OMD e até Joy Division, muitos são os grupos que ajudaram a moldar o nosso presente que aqui estão representados, vendo as suas pioneiras histórias enquadradas num muito mais vasto panorama. Essencial.

– Rui Miguel Abreu


[Terms & Conditions: A UK Drill Story] Num sub-género com cada vez maior presença mediática em vários locais do mundo (lá fora, Drake já se aventurou em “War” e, por cá, Minguito vai-se assumindo como o grande protagonista da cena), o documentário realizado por Brian Hill vem na altura certa e reflecte sobre o impacto do drill no Reino Unido, a nova capital do estilo que tem encontrado grande resistência por parte dos políticos e das autoridades, muito por culpa da associação à violência — principalmente relacionada com esfaqueamentos. Este “confronto” entre a realidade e a arte é a premissa para se contar esta história. E, como vemos logo no início, há quem tenha uma visão clara do que se passa, como é o caso do rapper Drillminister: “Drill não causa violência. Drill é um reflexo da violência. É o reflexo do que se está a passar”.

– Alexandre Ribeiro

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