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Publicado a: 01/09/2018

ZigurFest’18 – Dia 3: do romance no Teatro Ribeiro Conceição à electricidade na Rua da Olaria

Publicado a: 01/09/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Vera Marmelo

Ao terceiro dia, o ZigurFest dissipou, através das actuações, as poucas dúvidas que existiam sobre a sua importância num contexto aparentemente conservador como o de Lamego. Totalmente gratuito, as portas dos espaços do evento estão sempre abertas e isso proporciona a entrada de novos pares de olhos e ouvidos todos os dias, factor fundamental para criar um ambiente propício à troca de ideias, sejam elas sobre música ou outro assunto que nada tenha a ver.

Ontem, André Gonçalves, mago das máquinas, abriu as festividades no Palco Castelo com a sua Música Eterna, uma aplicação que também é um álbum — e que foi criada pelo próprio. Ao vivo, a prestação foi guiada pela intuição do “maestro” André, responsável por organizar as partes e dar vida a um todo que não será facilmente replicado.

Num ambiente de total descontracção, o artista fez magia: os contornos técnicos das suas criações são de uma elegância irrefutável e os efeitos para o corpo e mente também são inegáveis. Se a música pode sarar algumas feridas, a prova está aqui.

Ainda a levitar, as Savage Ohms controlaram as operações no Castelo de Lamego e recuperaram o imaginário do krautrock para uma apresentação (a última no Palco Castelo) que induziu os presentes num transe colectivo.

 



Umas horas depois, o primeiro concerto no Palco TRC (Teatro Ribeiro Conceição) na edição deste ano ficou a cargo de dB, beatmaker gaiense que se transformou recentemente no verdadeiro “romântico de snack-bar da música portuguesa”. O Último Tango em Mafamude dançou-se perante uma plateia que se mostrou receptiva a um espectáculo que girou à volta dos instrumentais que são disparados da SP-404SX, da Roland, mas que também deixou espaço para a presença do guitarrista Marco Duarte. O programa ideal para o romântico alternativo.

Com um humor singular e uma capacidade inata para utilizar o brejeiro sem cair no mau gosto, David Besteiro fechou a sua prestação com o seu single a solo mais conhecido, “#150mL”, do álbum 4400 OG. A adesão à actuação de dB é digna de nota: à mesma hora, os Amor Electro tocavam no Palco Principal da Avenida Dr. Alfredo de Sousa, o que não impediu as pessoas de trocarem o popular pelo desconhecido. Mais uma vitória para o evento.

 



Vaiapraia e as Rainhas do Baile inauguraram o Palco Olaria e, ancorados numa prestação superlativa de Rodrigo Araújo, tiveram uma das actuações mais explosivas do dia. “Isto faz-me lembrar Pixies”, ouviu-se uma e outra vez da boca de algumas pessoas que, tal como nós, nunca se tinham cruzado com o power trio que pega no garage e no punk e constrói canções pop/maiores que a vida com letras provocativas e corrosivas. Um daqueles casos em que ficamos a pensar: como é que estas músicas ainda não estão na boca de toda a gente?

O palco ainda estava a tremer e Ângela Polícia tinha uma missão ingrata: tocar depois de um dos melhores concertos do festival. Coadjuvado por uma DJ/flautista e uma trompetista — um elenco invulgar –, o músico de Braga mostrou a sua mistura de rap, dub, trip hop e punk. Pruridades, o seu disco de estreia, foi a base do alinhamento e a musculatura dos instrumentais manteve-se intacta nas versões ao vivo.

Os MUTUAL, de André Geada e Manuel Bogalheiro, deram por terminada a festa no Palco Olaria. Para o último dia, Scúru Fitchádu, Allen Halloween e O Carro de Fogo de Sei Miguel são os nomes mais sonantes do cartaz.

 


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