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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 27/05/2025

A mesma essência, mas com novas influências.

Yang: “Espero que neste projeto encontrem crescimento, é esse o propósito”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 27/05/2025

astros e afetos podem parecer duas palavras distantes, mas, ao longo das 6 faixas que compõem o novo EP de Yang, traduzem mundos muito próximos: os do artista.

Neste novo EP, o rapper, cantor e produtor (a quem poderíamos atribuir ainda mais valências), apresenta-se vulnerável e genuíno, com o mesmo timbre difícil de confundir e novas influências que tornam a sua música ainda mais difícil de catalogar. Na produção, o habitual companheiro nanu, bem como Épico, dão-lhe algumas cordas — estas não muito bambas — por onde Yang tenta equilibrar-se entre aquilo que são as suas emoções e o seu propósito.

Na entrevista que poderão ler de seguida, o artista desconstruiu o seu novo projeto, colocando a nú o seu processo, as suas influências e o conceito por detrás da mais recente adição à sua discografia.



O título deste projeto tem uma justaposição interessante. Podes falar-nos um pouco mais sobre este nome escolhido e como se liga com o conceito do EP?

É um nome que já trago há algum tempo e que começou por dar mote a esta junção das 6 canções. Nasceu da divisão temporal entre o conceito de relação amorosa e a procura, daquilo que temos de fazer, do nosso propósito. Na minha visão, estas duas palavras fazem uma divisão perfeita de dois mundos: a parte mais platónica, carnal e emocional de que todos precisamos e a parte mais ligada ao propósito e ao nosso trabalho. Esta era uma divisão que acabava por acontecer muitas vezes na minha cabeça e tinha muita dificuldade em encontrar um equilíbrio entre os dois mundos. Sinto que é essa a história que estas seis canções contam e que acaba por lhes trazer o mesmo chão e tornar o projeto coeso.

Consideras esses elementos “extra-música” como o título, a própria capa ou cores importantes para a coesão de um projeto e para a criação do seu universo?

Sim, sem dúvida. Em relação a este EP, quando senti que tinha seis temas tão coesos, senti que era uma boa oportunidade para, mostrando a minha versatilidade, dar a conhecer mais um dos meus lados. Entretanto, o conceito foi-se desenvolvendo por diferentes caminhos e achei que precisava de algo que representasse essa divisão. Foi assim que nasceu o título. Mesmo nas cores, utilizamos o rosa e o amarelo para mostrar a divisão existente. Até nos objetos escolhidos tentámos deixar alguns easter eggs. Toda esta divisão estética também é uma forma de transmitir a divisão emocional.

Quais consideras ser os elementos diferenciadores deste EP em relação aos restantes projetos que compõem a tua discografia?

Sempre que começo a escrever algo novo, estou a tentar transmitir algo que quero dizer naquele momento. E isso torna o que escrevo mais vulnerável. Tenho tentado desprender-me daquela parte a que podemos chamar mais técnica e procurado mais a mensagem e os sentimentos que quero transmitir ali. Nestas seis canções, podem encontrar mais um bocado da minha história, de coisas que eu efetivamente procuro dizer-vos e, acima de tudo, um lado mais melódico que se calhar ainda não tinha apresentado. Também explorei alguns instrumentais que ainda não tinha explorado e tenho, neste projeto, algumas influências como a bossa nova ou o trap que se está a fazer no Brasil. São cenas novas que tenho ouvido, que me têm influenciado e que não queria deixar de trazer para este novo projeto. Estou a trazer as influências de sempre, mas também estas novas sonoridades que me têm inspirado a nível da música urbana mundial. Ainda no outro dia alguém me disse, e eu não lembro quem foi, que sentia uma versão 2.0 daquilo que eu tenho trazido. E eu gostava que no próximo [projeto] fosse o 3.0 e depois o 4.0… Espero que neste projeto encontrem crescimento, é esse o propósito.

Durante a criação de um projeto, qual é a parte que te traz uma maior satisfação? É a escrita, esta descoberta de nova música?

Eu gosto muito de produzir, mas cada vez gosto mais de toda a parte de dar vida a um tema. Todo aquele processo em que partimos de uma ideia do zero e todos contribuem para chegar ao momento, dentro do estúdio, em que todos sentem que o que criámos é especial. Isto é quase que uma busca por um sentimento específico, uma adrenalina que queres voltar a sentir. Acho que qualquer coisa que possa trazer para dentro do processo e me faça chegar aí, é o que eu vou procurar fazer. Neste momento, o meu foco tem sido mais a escrita. Até posso começar a produzir qualquer coisa, mas quando sinto que já criei o suficiente para dizer aquilo que quero, acabo por entregar ao nanu ou ao Épico, que trabalhou connosco neste projeto, no sentido de que eles possam elevar aquilo para outro patamar.

Então é justo dizer que consideras que trabalhar com alguém como o nanu, que te acompanha desde o início, é importante porque te ajuda a atingir a visão que procuras?

Acho que é impossível atribuir um valor a isso, a teres alguém a acreditar assim em ti. Nunca vai dar para recompensar o voto de confiança que me foi dado desde o início. O nanu é alguém que sabe o quanto eu quero isto, o quanto eu luto por isto e é um grande contributo para que tudo isto seja possível. Aprendemos muito um com o outro e essa visão que partilhamos desde o início é o que acaba por dar vida a tudo isto. Mesmo que eu tenha apenas uma ideia pouco desenvolvida musicalmente, mas que ambos consigamos perceber onde quero chegar e o que quero dizer, ele consegue agarrar nisso e dar-lhe vida e elevá-lo.

Vais poder apresentar este teu novo EP no Musicbox, no próximo dia 7 de junho. Como pensas fazer a tradução deste astros e afetos do estúdio para o palco?

No fundo, vou fazer a tradução como faço com as minhas restantes músicas: com o auxílio da minha banda. Estamos mortinhos para reagrupar e dar vida a um novo set, está a dar-nos bastante pica para trabalhar. E acho que estes novos sons se vão traduzir muito bem porque já têm uma boa quota parte de [som] orgânico neles e muitos dos membros da banda também tocaram e ajudaram a construir o próprio EP. Portanto, no final do dia, vamos só dar uma versão live daquilo que foi feito no estúdio enquanto fazemos algumas viagens ao passado e a outros sons.


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