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Publicado a: 11/01/2017

Woner sobre Nil Sine Deo: “Ambos estávamos em sintonia em relação ao que queríamos que isto fosse”

Publicado a: 11/01/2017

Nil Sineo Deo é o EP conjunto de Ghost Wavvves e Woner. Depois de lançarem o primeiro single com direito a vídeo em 2016, a dupla revela o pacote completo.

A colaboração entre MC e produtor não é nova: A Minha Cabeça Sai Sempre Cortada (Vol.3), álbum a solo lançado em 2016 por Woner, conta com instrumentais de Ghost Wavvves. Tendo em conta isso, o novo trabalho foi um processo natural: “A ideia de fazer um projecto juntos já era antiga (desde a altura em que nos conhecemos). Fomos fazendo algumas músicas nos últimos anos para tentar chegar a um tipo de sonoridade que correspondesse ao que sentíamos. Não foi preciso pensar sobre o conceito, ambos estávamos em sintonia em relação ao que queríamos que isto fosse. Só tivemos que esperar estar um mood específico”, contou Woner ao ReB.

 


https://www.youtube.com/watch?v=1tMlixq_KLA


Densa e negra, a escrita de Woner não é de fácil digestão e as referência são uma bola de neve: “A verdade é que na arte todos podemos ter o nosso universo e somos livres para criar tudo da forma que quisermos. Todos temos um lugar e um universo para criar. Quanto às minhas referências: Baudelaire, Les Fleurs du Mal é dos poucos livros que gosto. Edgar Allan Poe, claro. El-P (comecei a produzir por causa dele), Eyedea, Cage, Slug, Aesop Rock foram muito importantes para mim há uns anos. Inspiro-me muito em jogos e anime em termos de ambiente e desenvolvimento das personagens (Evangelion, Mirai Nikki, Final Fantasy, Shenmue, etc). Antigamente também me inspirava em filmes, mas agora a área do cinema faz-me sentir muito ‘indiezinho’, no entanto tenho de referir Sorrentino e Solondz.”

A angústia latente no flow e palavras do rapper não deixam ninguém indiferente. O MC de Vila Nova de Gaia discorre sobre a Internet e o excesso de informação: “Acho que tem um efeito negativo quando não se respeita a arte e se consome tudo num dia e se esquece no outro. Não considero sentir angústia como uma coisa negativa. Óbvio que devemos procurar estar bem, no entanto, sentir faz parte de estar vivo. A Internet é uma coisa boa, a informação é uma coisa boa, o querer aprender algo é uma coisa boa. Normalmente, as pessoas mais angustiadas costumam ser aquelas que não fizeram o que deviam ter feito ou aquelas que pensam demasiado em busca de tentar perceber. Esta semana comecei a ler sobre teorias em relação à velocidade da luz e buracos negros no tópico de como se poder, hipoteticamente, chegar a outro sistema solar. Sem Internet, isto seria tão mais complicado e aborrecido de procurar. Sentir coisas menos boas a nível psicológico é o preço a pagar pela informação. É a vida (agora).”

Nil Sine Deo é o culto”, podemos ler na descrição no Bandcamp – um reflexo da negritude presente no novo trabalho. Podem entrar, mas ninguém vos promete que vão sair iguais.

 


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