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Fotografia: Os Fredericos
Publicado a: 15/04/2019

O destaque deste ano vai para a guitarrista Marta Pereira da Costa.

Westway LAB 2019 – Why Portugal Event: da guitarra portuguesa às bases electrónicas

Fotografia: Os Fredericos
Publicado a: 15/04/2019

No ano passado, o Why Portugal concentrou as suas actuações no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), também conhecido como Black Box, onde foi possível testemunhar as actuações dos Moonshiners, Isaura, Stereossauro e Omiri – o projecto de Vasco Ribeiro Casais, que cruzou o som de instrumentos como a gaita-de-foles, cavaquinho, bouzouki português e nyckelharpa com vídeos de música tradicional portuguesa, foi a actuação mais aplaudida do cardápio.

O destaque deste ano do Why Portugal Event vai para Marta Pereira da Costa. A artista, apresentada como “a primeira e, actualmente, a única guitarrista profissional de fado a nível mundial”, serviu um concerto brilhante, no Auditório, que só sofreu, infelizmente, pela reduzida afluência – a hora marcada para a actuação coincidiu com a apresentação de Sarah MacDougall, canadiana que, além de concentrar em si as atenções da sua própria comitiva (de recordar que este foi um dia em que o Canadá, país convidado, teve especial foco), juntou igualmente um considerável leque de curiosos.

Apesar de tudo, Marta não se deixou intimidar. Sentada num banco alto, vestida de branco dos pés à cabeça, contrastando com a indumentária mais tradicional do fado, e de guitarra portuguesa ao colo, interpretou alguns temas da sua carreira, com a ajuda de António Pinto (viola), Alexandre Alves (bateria), Miguel Amado (contrabaixo) e Alexandre Diniz (piano). Entre outras, ouviram-se “Movimento”, de bombo bastante presente, “Memórias”, uma música dedicada a sua avó, tocada pela primeira vez ao vivo, e “Viagem”, canção que compôs em conjunto com Pedro Pinhal.

À medida que o concerto avança, Marta vai colocando em evidência a sua destreza na guitarra portuguesa, acelerando e travando consoante a cadência imposta pela canção e recolhendo assim aplausos entusiásticos por parte da plateia. Próximo do final, interpreta o clássico “Verdes Anos”, de Carlos Paredes, passando dos contornos originais, com os quais começou, para uma versão jazzística, bela, suave e muito bem executada. Só talento, aqui.

Momentos antes, no Pátio, os Vaarwell davam o tiro de partida para as actuações da noite. Bastante eficiente na sua missão, articulando sonoridades agradáveis ao ouvido, o trio, liderado por Margarida Falcão, a voz doce que também dá vida às Golden Slumbers, projecto que divide a meias com a sua irmã, serviu as vibrações certas para um público bastante receptivo e familiarizado com o idioma exercitado em palco – a comitiva canadiana que entretanto chegara da recepção realizada no Paço dos Duques de Bragança, constitui uma boa parte da audiência.

“Stay” é a primeira a aterrar no coração da plateia, com Ricardo Nagy (guitarra e teclados) e Luís Monteiro (baixo e sampler) a darem o suporte necessário à voz de Margarida, que também se empenha em desenhar cativantes melodias nos teclados. Longe vão os tempos em que os Vaarweel se apresentavam com mais elementos em palco (no concerto de apresentação de Homebound 456, no CCB, até baterista levaram), contudo, continuam a exercitar uma pop simples e directa, onde é possível encontrar um interessante cruzamento entre o lado acústico da voz, suave e aconchegante, e a almofadada cama de instrumentais onde esta se deita. “Floater” e “YOU” marcam o regresso ao registo de longa-duração lançado em Março de 2017, enquanto “Young” abraça Early Rise, EP recentemente editado. Vibrações boas.

Coube a Neev a tarefa de encerrar as actuações da noite. Munido de uma competente banda, dividida entre bateria, guitarra e violoncelo, o multi-instrumentista português, por vezes sentado ao piano outras vezes de guitarra gémea estilo Led Zeppelin à tiracolo, correspondeu com a missão que lhe fora atribuída, com uma prestação apenas maculada pelo excesso de decibéis que se fez sentir no espaço Box. Por vezes, menos é mais. Este foi um desses casos.


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