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Publicado a: 02/04/2018

VULTO. sobre YARIKATA: “Comecei a sentir a necessidade de voltar a ter um trabalho só meu”

Publicado a: 02/04/2018

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

VULTO. é quem assina o primeiro álbum de 2018 no catálogo de COLÓNIA CALÚNIA. Sérgio Faria assina a capa de YARIKATA, um trabalho instrumental composto por 20 temas.

Um regresso às edições extensas em nome próprio por parte de um dos produtores mais trabalhadores na cena nacional. Apesar do afastamento de VULTO. dos projectos a solo nos últimos anos, o seu nome não deixou de circular no panorama do hip hop — o “Homem Sombra” assinou a produção de SEMINÁRIO e CAFÉ, tendo também continuado a somar novos temas soltos fora da “casa” COLÓNIA CALÚNIA.

Em Março, VULTO. aumentava a sua lista pessoal com “ARRE, TANTOS FUTURISTAS EM 2K18”, um instrumental que servia de aviso para algo que estava prestes a acontecer. YARIKATA sucede a BIANCA 2010, o último longa-duração editado por Pedro, o Mau, um dos alter-egos de Pedro Carvalho que também coloca o seu nome na ficha técnica deste novo projecto. Entre técnicas de sampling e melodias trazidas do futuro, há 20 novas faixas servidas a lume-brando para deixar de molho no arranque da primeira semana de Abril.

O Rimas e Batidas falou com VULTO. sobre os contornos de YARIKATA, mergulhando um pouco no imaginário de um dos produtores que mais teima em lançar novas fórmulas para o espectro da produção digital made in Portugal.

 



Já não tínhamos um álbum instrumental teu desde o BIANCA 2010, sendo que ainda  te juntaste ao ELÓI em 2016 para o ENSAIOS CURIOSOS & REMISTURAS BELAS. No entanto, não desapareceste de cena. Houve algum motivo que te levasse a abrandar as tuas edições de longa-duração a solo?

Para ser honesto, não há uma grande razão para além da falta de tempo. Ter um emprego full-time e estar constantemente a colaborar com outras pessoas foi, aos poucos, afastando-me do meu trabalho a solo. De há uns tempos para cá comecei a sentir a necessidade de voltar a ter um trabalho só meu, em que percebesse a que é que eu próprio soava sem intervenção de ninguém por cima.

Para compensar essa “ausência”, ofereces-nos 20 novos temas em YARIKATA. É tudo material que tens trabalhado nestes anos de “silêncio”?

Não, isto é tudo material produzido este ano. A fazer música sou muito de fases. Comecei a aperceber-me que nos últimos meses todas as minhas produções estavam a ficar com registos muito semelhantes, então achei que faria sentido juntar esse material todo.

Porquê o título em japonês? Qual o significado de YARIKATA?

YARIKATA é uma expressão japonesa para “a forma de fazer as coisas” ou “o método próprio de alguém fazer algo”. Acho que quem me conhece e quem tem seguido minimamente o meu trabalho entende que é um título muito ilustrativo.

Escolheste apostar aqui num registo mais downtempo, com o lado electrónico bastante vincado, tendo algumas vibes de chillout. Tiveste em mente algum conceito quando reuniste estas tracks para que todas casassem num mesmo projecto?

Acho que esse registo sonoro sempre foi, de certa forma, muito contínuo nas minhas cenas. Como disse antes, este conjunto de músicas saiu todo quase que de seguida, no espaço de 3/4 meses, juntamente com mais uns vinte temas que acabaram por não passar na selecção final.

Os instrumentos virtuais continuam a ser uma aposta pessoal da tua parte mas, neste álbum, voltas a explorar muito o sampling. Tinhas saudades? Explica-nos alguns dos processos de produção que utilizaste para compor estas músicas.

Quando estou a fazer música não penso muito se quero usar samples ou só instrumentos. Vou indo e vou vendo. Muitas vezes começo com um sample que, no final, está irreconhecível de tão distorcido e diferente que está comparativamente à sua forma original. Outras vezes apercebo-me que já nem existe o sample que originou a cena que estou a fazer. Outras vezes introduzo samples já em fases finais. Não são obrigatórios. Só sigo a intuição, i guess. Foquei-me muito mais em melodia e ambientes nestas tracks do que até então. Algo que também se vai notar muito no LISTA DE REPRODUÇÃO, que está a ser feito com o L-ALI.

Disseste-me que consideras o YARIKATA como a tua melhor obra a solo. Há alguma destas faixas com a qual tenhas uma relação mais especial? Sem querer utilizar o termo “preferência”, porque poderia ser injusto, há algum tema que associes a um momento crucial neste trajecto que te levou à concepção do álbum?

Sinceramente não sinto que haja uma track específica que considere preferida. Foram todas feitas num curto espaço de tempo e, como tal, sinto-as que foram todas feitas com a mesma “massa”. Depois de excluídas as que não entraram para a selecção final, a maior parte das faixas ficou na ordem pela qual eu as produzi, até porque foi a ordem que me pareceu fazer mais sentido.

 


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