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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/07/2023

Com um álbum na calha e um festival à porta.

Visco: “Bebo muito da arte das pessoas que me rodeiam”

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/07/2023

Já faz, de hoje a oito dias, quatro anos desde que Visco nos apresentou trabalho a solo: Tenho Tempo marcou, na altura, a sua estreia com um projecto de estúdio tutelado por Tayob J.. Agora, o rapper da Linha de Cascais tem outros sonhos inadiáveis por cumprir, objectivos esses que passam, primeiro, por Vegan Dreams — o seu novo álbum, desenvolvido novamente a par de Tayob J. — e, depois, pela FUGA — movimento criativo que tem em marcha, com a pgLang enquanto referência maior.

Com o seu segundo disco a um par de meses de se ver divulgado, o artista de raízes angolanas sobe ao palco do Beat Fest já no próximo fim-de-semana (onde toca a 30 de Julho), e leva à terceira edição do festival de Gavião alguns inéditos do seu próximo trabalho.



Anunciaste um novo projecto a solo para este ano já há algum tempo. Estamos perto de poder ouvir esse trabalho na íntegra? Ainda vai sair algum tema antes do disco?

Este projecto encontra-se pronto há algum tempo e felizmente será lançado muito em breve, em meados de Setembro/Outubro. Temos trabalhado no lançamento deste projecto da melhor forma e está planeado saírem mais temas até o seu lançamento.

O que representa este Vegan Dreams?

Vegan Dreams é o sonho saudável que todos temos dentro de nós. Todos ambicionamos algo, mesmo que longínquo. Quando fazes algo por amor e com vontade, os sonhos podem tornar-se realidade, e o projecto retrata essa linha de pensamento. Da luta pelos teus sonhos, de quem está ao teu lado e passa todos os dias por essa luta contigo. Bebo muito da arte das pessoas que me rodeiam, por isso, este é um projecto que se reflecte muito neles: desde o Tayob J., que está sempre ao meu lado em qualquer projecto; ao Mura, que todos os anos tem conseguido afirmar-se como deseja; também na correria do DJ Perez, que está sempre na estrada a tocar; ao Burnay, que continua fiel à sua identidade sem desistir; ao Rafael Matos dos Expresso Transatlântico, que finalmente está como merece; aos meus irmãos fotógrafos João Neves e Miguel Marquês, que são incríveis no que fazem; e à minha namorada, que corre atrás do seu sonho e que me motiva a chegar lá. Acho que isso é o que significa para mim Vegan Dreams, a luta das pessoas todas que tu viste crescerem contigo e que felizmente estão a chegar àquilo que chamamos sonho.

O que podemos esperar do sucessor de Tenho Tempo nesta fase da tua carreira?

O Tenho Tempo foi um projecto muito importante na minha carreira, marcando uma transição de fazer música sozinho no quarto para fazer música no estúdio com artistas que admiro. O novo projecto Vegan Dreams surge numa outra fase, onde procuro explorar ao máximo a diversidade que consigo trazer e para onde me quero direccionar. Com isto espero, tal como no projecto anterior, que marque uma fase de transição e que me marque, e isso já está a acontecer, por exemplo, neste concerto no Beat Fest — e com outra novidade que ainda não posso revelar, mas que está para breve.

A julgar pelos teus trabalhos anteriores e os dois primeiros singles do próximo, o Tayob J. vai ter novamente um papel fundamental. Sentes que ele foi determinante no teu desenvolvimento artístico e na descoberta da tua identidade enquanto rapper?

Claro, o Tayob J. é um irmão que a música me deu. Como referiste, é determinante para o desenvolvimento do que é o Visco hoje em dia e com certeza que este caminho sem ele não seria igual.

Além do Tayob J., podemos contar com mais contributos neste novo projecto — quer nas rimas, quer nas batidas?

O projecto é todo produzido pelo Tayob J., com excepção de um tema que é produzido pelo TRED. Num dos temas do projecto tenho o prazer de contar com o contributo de guitarra portuguesa de um ex-professor meu, Nuno Cacho, e noutro tenho o meu irmão DJ Perez no scratch. Em relação a rimas este projecto conta só comigo e com vozes adicionais da Rita Fialho. Mas posso dizer que já estou a preparar um próximo projecto que contará com algumas participações, mas esse fica para o próximo ano.

Tanto o “Ano Novo” como o “Tempestade” apontam para registos um pouco diferentes do que conhecíamos até então. Tens procurado premeditadamente explorar novas abordagens, ou essa é uma consequência natural da tua evolução?

Acho que essa foi a parte interessante do processo deste projecto. Estar com o Tayob J. a tentar desafiar-nos em cada música que fizemos, sem meter limites de sonoridade. Quando fazemos um tema novo, tentamos sempre ir na vibe da altura e transmitir o que estamos a viver naquele momento, e eu curto muito desse processo de criação. Por exemplo, no “Ano Novo”, como referiste, quisemos ir buscar uma sonoridade mais de UK. Isto acontece numa altura em que estava a viver entre Lisboa e Birmingham, e é isso que quero transmitir nos meus projectos, conseguir situar-me no momento e sentimento que estava a sentir e fazer com que o ouvinte se consiga identificar e ter outro sentimento que só ele passou.

Podes falar-nos um pouco sobre o que é a “FUGA”?

FUGA é um movimento criativo que começou a ser idealizado durante a quarentena e no qual tenho vindo a trabalhar em off para poder lançar de forma séria e correcta. O que esperamos levantar é um pouco o que a pgLang do Kendrick Lamar e Dave Free estão a fazer e a idealizar. Eles tanto são label, como são agência criativa para várias marcas e artistas, como ainda podem produzir um filme — é isso que imagino para a FUGA, estar na frente criativa. Posso dizer que já temos o estúdio do podcast montado e que falta só o pontapé de saída para o lançarmos. Espero que isso possa acontecer muito em breve.

Estás prestes a actuar na edição deste ano do Beat Fest. Vais levar temas inéditos do álbum para mostrar em primeira mão?

É um prazer poder pisar este tipo de palcos, acho que é para isso que trabalhamos todos os dias. Eu e o Tayob J. falamos muito em estúdio da primeira música que lançámos em 2017, o “Lupa”, que aborda o tema de ver com a lupa tudo em grande, e sentimos que aos poucos estamos a subir essas escadas e está a acontecer. Em relação à actuação vamos levar muitos temas deste novo projecto.

Tens mais datas em vista para os próximos tempos? Eventualmente, um concerto de apresentação do novo trabalho?

Temos uma data no Norte, no final de Agosto, e também uma data pensada para o lançamento do projecto: uma mistura de listening party com concerto onde possa estar de forma íntima a explicar o que significou fazer esta obra.


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