[TEXTO] KESO [FOTOS] Hélder White
O Virtus fez o que tinha a fazer e fez muito bem. Partiu, mais uma vez, no regresso a Lisboa e aos palcos. É um artista com tanto talento quanto futuro e este novo formato, ao vivo, só serve para demonstrar que, além de rapper e letrista exímio, é um produtor e guitarrista de primeira linha. Bonita de se ver foi também a cumplicidade com o teclista Sérgio Alves, novidade da formação, que interpretou e acompanhou os beats do Johny com amor e entrega total, assim como o acertado e preciso DJ Score que fez lembrar com os seus cuts, muito pontuais, a importância de um DJ com muito skill no scratch para os adlibs de um belo instrumental. Está para o Virtus como Andy Smith estava para os Portishead. O alinhamento do concerto foi o que já se previa, tendo o Universos como motor de arranque. Temas como “Figuras Públicas” ou “Caminho de Volta” reavivaram a memória da perfeição de um clássico, e levaram a um desfecho monumental com os dois singles, “Sinónimos” ou “Sono Profundo”. O público, que foi enchendo a zona do Palco LG, não arredou pé até ao fim do concerto e deu para perceber como o Virtus consegue ser tão intimo e próximo de cada um de nós pela forma como todos cantam e expressam as suas letras. A música dele sente-se. Muito. É muito especial.
Mais do que alguém que escreve com muita inteligência e destreza no jogo das palavras, não há uma frase ou um único verso que não soe poético. Foi maravilhoso perceber, assim como em concertos de Nerve, por exemplo, que ainda existem muitos ouvintes com amor e capacidade de ouvir e decorar textos, tantas vezes longos como complexos. E o Virtus tem fãs muito sérios. Foi uma honra presentear este regresso que é (e será) na realidade “outra vez primeira vez”. Ficamos à espera de mais.