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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 01/06/2021

Por uma sociedade mais justa.

VIP (Very Important Preto), uma marca para “todos os que procuram ser a melhor versão deles próprios”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 01/06/2021

A vida de Fernando Cabral mudou nos últimos anos: depois de duas décadas a trabalhar em agenciamento de artistas e organização de concertos, a criação de uma marca de roupa, a VIP (Very Important Preto), passou a ser um dos seus principais focos.

Com 44 anos e uma vida ligada ao reggae “militante”, palavra usada pelo próprio para descrever aquilo que mais ouve e mais gosta, Cabral procura estabelecer-se no mercado através desta marca que pretende “levantar os espíritos” e propagar valores que passam pelo amor próprio, o respeito pelo próprio e a união entre comunidades.

Aproveitando a oficialização da VIP enquanto empresa — aconteceu em Março passado –, o Rimas e Batidas foi perceber o que move esta marca e o seu fundador.



Quem criou a marca VIP?

A VIP foi criada por mim, Fernando Cabral, 44 anos, natural de Bissau e residente em Portugal há mais de 25 anos. Com uma experiência de 20 anos a trabalhar no agenciamento de artistas e organização de concertos, com as agências Positive Vibes e SoundsGood, represento para Portugal nomes como Anthony B, Dub Inc, Tiken Jah Fakoly, Protoje, entre muitos outros.

A marca VIP foi registada por mim em 2019, mas apenas avancei com a primeira colecção completa este ano com um sócio e amigo meu francês. A empresa Very Important Preto Lda foi criada em Março 2021.

Já tinha iniciado a colecção com uma t-shirt e uma sweat em 2020, mas acabei por deixar o projecto de lado no início da pandemia. Agora é mesmo uma realidade com uma primeira colecção que inclui 3 t-shirts + 3 sweats + 2 caps e uma loja online em www.vipreto.com.

Podem, por favor, falar-nos do conceito por trás da marca?

Tudo começou como uma brincadeira, eu tinha a mania de dizer que eu era um VIP, Very Important Preto. As pessoas achavam piada, e eu passei a usar sempre esta dica. Passado algum tempo, após falar com várias pessoas, comecei a pensar que esta ideia até poderia funcionar em termos de marca, por ser algo simples e eficaz. Usei a sigla VIP (Very Important People) e substitui o People por Preto, por eu ser preto e ter muito orgulho nas minhas raízes.

Acredito que todos nós somos muito importantes, todos temos algo de especial que nos torna únicos, que nos preenche e que nos motiva a fazer o que gostamos, e assim contribuirmos para um mundo melhor. Para isso apenas é necessário procurar este caminho e alimentá-lo através do auto-conhecimento, do amor próprio e da relação com os outros.

Na minha carreira na música trabalhei com muitos artistas militantes e revolucionários que foram e são uma grande fonte de inspiração. Muitos cantam o orgulho nas suas raízes, o amor universal para todos e o respeito para todas as culturas. Esta é também a mensagem que pretendemos passar com a VIP, e por isso as bases da marca são o amor próprio, o respeito para todos e as raízes sólidas para crescer da melhor forma. Nomes como Marcus Garvey, Muhammad Ali, Bob Marley, Fela Kuti, Zack de la Rocha e afins são os heróis da VIP e todos os que se identifiquem com a mensagem deles são bem-vindos à família. Não procuramos criar separação, mas sim união entre todos, daí o nosso lema ser “Together as One”.

À palavra “preto” está associada uma carga negativa, mas ao reclamarem essa palavra para o lado certo da força, digamos assim, estão igualmente a intervir sobre a sociedade e as ideias que a regem, certo?

Exactamente, eu fui sempre tratado por preto no meio dos meus amigos e por isso não vejo nada de negativo nisso, pelo contrário. Gosto muito da dica de uma banda francesa que diz: “eu sou preto por ser orgulhoso”. Acho que eram os FFF – Federation Française de Funk. Se procurarem no YouTube há um vídeo que gosto muito do Muhammad Ali que pergunta: porque tudo é branco? Branca de Neve, anjos são brancos, Pai Natal é branco, o Presidente vive na Casa Branca e tudo o que é mau é preto… o patinho feio é preto, o gato preto traz azar, as bruxas vestem-se de preto, todos se vestem de preto num funeral e de branco num casamento.

Tendo em conta isto tudo, achei que ao dar o nome Very Important Preto à marca estaria a valorizar a cor preta, que é uma cor linda e que deve também poder brilhar como as outras todas. Já chega de ser sempre olhada como algo de negativo, há muitos VIP por aí de todas as cores e queremos que vistam a nossa marca.

Podemos identificar no movimento #BlackLivesMatter uma inspiração para a criação da vossa marca?

Como referi anteriormente, eu já tinha a ideia desta marca desde de 2019, mas claro que o facto de terem surgido vários movimentos sociais à volta do Black Lives Matter foi um impulso para levar o projecto para a frente. Faz todo o sentido, nestes tempos, haver uma marca que valorize a cor preta, mas, mais uma vez, não procuro criar alguma tensão ou separação através da marca, nem que esta seja vista como uma representação do orgulho negro ou algo similar. Por mim somos todos VIP sejamos nós de que cor formos, temos que encontrar a nossa luz dentro de nós e deixá-la brilhar ao máximo e sermos felizes com isso.

Claro que a marca terá um significado um pouco mais forte junto dos africanos e negros, mas África é o berço da humanidade, certo? Portanto, acho que todos temos um pouco de preto dentro de nós, aliás, tenho muitos amigos brancos, amarelos e castanhos que são mais pretos do que muitos pretos…

Quem cria os designs?

Esta primeira coleção está focada em estabelecer a marca, por isso demos ênfase ao logótipo e à marca. O design foi feito pelo João Albuquerque aka Espiga em conjunto comigo. Temos o modelo t-shirt e sweat clássico com o logo simples VIP, outro com um sol tribal e outra com um sol, um pouco diferente e com o nosso lema “Together As One”, lá esta, todos juntos.

A quem se destinam os vossos produtos?

A todos os que se sentem VIP por dentro e por fora. Todos os que procuram ser a melhor versão deles próprios e que queiram contribuir para um mundo melhor para todos, sejam eles de que cor, raça ou crença forem.

Fala-se muito da música como ferramenta de transformação de sociedades e construção de comunidades, mas exactamente o mesmo pode ser dito da moda e do streetwear, certo? Como seria a sociedade ideal para a qual a VIP pudesse ter contribuído de alguma forma?

Como já expliquei, estou ligado ao reggae desde de sempre, aliás, muitos me conhecem por Ras Fernando, cortei as locks mas continuarei sempre com rasta no coração, rasta não tem nada a ver com o cabelo, mas sim com o coração e a forma como abordamos a vida e os outros. A música reggae militante, que é o que mais oiço desde de pequeno e o que mais gosto, é um género musical que sempre procurou mudar a sociedade ou, pelo menos, levantar os espíritos e abrir as mentes para algo de diferente. De alguma forma é esta mensagem que queremos transmitir com a VIP.

Durante esta pandemia a nossa sociedade viu que o sistema capitalista e material que domina o mundo pode não ser a solução, e muitos descobriram, como eu, que o caminho para a felicidade começa em nós próprios e na procura do bem estar individual e colectivo. A VIP gostaria de ter uma sociedade onde seriamos todos iguais, cada um com o seu brilho único, todos muito importantes para o mundo e a trabalhar juntos para o melhorar. Uma sociedade baseada no amor, no respeito e na união, onde todos somos VIP. 

Projectos para o futuro?

A ideia é, obviamente, ter mais colecções, mais modelos, passar a produzir camisas, calças, fatos de treino, isto é, sermos uma marca completa de vestuário. 

Eu tenho um podcast semanal que pode ser ouvido no Spotify, YouTube e afins, onde todas as semanas abordo temas que considero importantes, recebo convidados diversos e através dele tento passar a mesma mensagem que quero passar através da roupa.

Também tenho ideias de criar conteúdos-vídeo que poderão passar por reportagens, entrevistas e documentários. Quando regressarem os concertos, existirão de certeza muitas surpresas por parte da VIP. Até lá, estamos juntos, one love.


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