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Rimas no lugar de armas é a base da proclamação de liberdade de MCK. “Violência Simbólica” é o tema “que marca oficialmente o início da campanha para o álbum Valores”, o próximo trabalho do MC angolano. A um mês das eleições em Angola, Nhanga Lwamba ataca “a gestão caótica” da administração actual e aponta dedos sem medos num beat produzido por Ricardo 2R & Camufingo.
O quarto disco de originais, que contará com participações de DJ Nel’Assassin, Mynda’Guevara, Azagaia, Aline Frazão, Paulo Flores e Ikonoklasta, chega no final de Setembro e, para além do single revelado hoje, podemos ouvir “Chamada Grampeada”, uma música que segue a mesma linha de discurso ácido, uma constante na discografia de MCK.
O Rimas e Batidas conversou com o músico e falou sobre “Violência Simbólica”, as eleições e a divulgação da música em Angola:
Um som destes é também uma forma de exercer cidadania e de alguma forma participar no processo político?
Várias gerações africanas usaram a música como principal veículo de transmissão de conhecimentos. Os Griots representam o mais expressivo exemplo. De igual forma, a minha geração tem estado a usar a música como veículo de denúncia e combate à corrupção e outras violações dos mais variados direitos. O cenário de privação de liberdade que se vive em Angola transformou o rap numa vital ferramenta de exercício de cidadania.
Esta música é um tema solto ou faz parte de algum trabalho maior?
“Violência Simbólica” é o single que marca oficialmente o início da campanha para o álbum Valores, o meu quarto [disco] de originais que será lançado finais de Setembro. Um CD que reflecte o actual cenário global de inversão de valores e que conta com participações de DJ Nel’Assassin, Mynda’Guevara, Azagaia, Aline Frazão, Paulo Flores, Ikonoklasta e outros nomes relevantes do cenário alternativo lusófono.
Como é que uma música assim chega às pessoas em Angola? Alguma rádio passa? Ou a disseminação acontece apenas na Internet?
Depende da natureza da música: do conteúdo, estrutura rítmica e rimática. Um tema como esse em Angola não passa em nenhum espaço público. No entanto, por força da Internet, chega facilmente à pirataria e é consumido massivamente por conta da proibição.
O que pensas que se vai passar nas eleições?
A inexistência de lisura e transparência ao longo de todo processo preparatório compromete a seriedade do Escrutínio, daí a célebre frase: “Eleições não derrubam ditaduras”. A nossa luta enquanto activistas cívicos é no sentido de combater o abuso de poder e violações cíclicas da constituição e da lei, no sentido de construirmos uma sociedade que respeita e valoriza o cidadão como pessoa e não como mero instrumento de voto.
Finalmente: próximos passos na carreira? O que é que os próximos meses vão trazer?
Lançamento do quarto álbum, Valores…