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Fotografia: Simon Da Silva
Publicado a: 11/10/2021

Batida sentimental para ajudar no bem-estar mental.

Vanyfox: “Expresso-me com muita melodia, ritmo e muitos sentimentos por trás de tudo”

Fotografia: Simon Da Silva
Publicado a: 11/10/2021

No meio de Crazy Times, Vanyfox deu-nos a banda sonora ideal para as “Summer Nights” que ainda estariam para acontecer. O novo EP do jovem produtor ficou disponível no início deste mês, mas foi a faixa incluída no segundo volume da compilação da Enchufada na Zona Vol.2, lançada em 2020, que nos despertou em definitivo para este engenhoso criador de melodias — e essas carregam lá dentro emoções fortes sem que seja precisa verbalizá-las.

No dia em que celebra o seu 22º aniversário, o músico fala com o Rimas e Batidas sobre a sua paixão por “luzes da noite no Verão”, a introdução ao mundo da música, a estreia no Boiler Room e a criação de um curta-duração que veio para ajudar a acalmá-lo, a ele a a todos aqueles que precisam de uma sessão informal de terapia ao som da sua batida.



Queria começar por voltar a 2020 e à minha faixa favorita da Enchufada na Zona Vol.2, a “Summer Nights”. Queres-me falar um pouco sobre a criação dessa canção e sobre o convite para entrares na compilação? A propósito disso, o Branko até disse que eras um “dos produtores mais talentosos de uma geração que está a caminhar para renovar totalmente o som de Lisboa“. 

A criação dessa faixa foi algo natural, mas ao mesmo tempo foi para me fazer viajar “mentalmente” para sítios que eu nunca fui, principalmente de noite. Desde miúdo tive essa paixão de ver luzes da noite no Verão, mas nunca [consegui fazê-lo] em sítios que gostaria de ir, então a minha faixa levou-me até esses sítios e fico feliz pelo resultado. 

A conversa começou com um feedback de um tema que eu tinha colocado no Bandcamp e a partir daí aproveitou para falar que estava a pensar em lançar a Enchufada Na Zona Vol.2 e que era muito fixe se eu pudesse participar. Não tinha como dizer que não, até porque era uma bela oportunidade de agarrar e fazer acontecer! E o tema sobre o qual ele me deu o feedback foi o “Paris”, ele achou muito interessante o que tinha feito e queria mais ou menos algo assim para a compilação. Passado mais ou menos dois dias, se não me engano, surge o Summer Nights.

Eu acredito que existam outros produtores talentosos da minha geração, mas fico feliz por saber que eu também sou um deles, é uma honra ouvir isso da parte dele! Um forte abraço ao Branko.  

Pelo que entendi da tua bio no Bandcamp, começaste a produzir por volta dos 13 anos. Continuas a utilizar as mesmas ferramentas para produzir ou mudaste radicalmente? Se mudaste, isso influenciou a forma como a tua música soa?

Sim! Comecei a produzir por volta dos 12/13 anos. Continuo usar o mesmo DAW que é o FL Studio, fui introduzido pelo o meu terceiro irmão mais velho, que na altura sacou aquilo por brincadeira. Mas é que eu achava interessante: tinha instrumentos e samples de voz com que eu poderia explorar mais e mais e fiquei com aquilo na cabeça até arranjar um PC melhor. Até hoje uso o FL Studio, exploro e crio coisas novas. Mas daqui uns meses quem sabe [se] eu irei mudar, talvez até vá mudar como a música soa e até para melhor [risos].

Aproveitando que falamos do teu início, quem foram os DJs e produtores para quem olhavas quando começaste? E o que é que te levou a começar a fazer sets e a produzir?

Na altura ouvia muito DJ Firmeza, DJ Nigga Fox e Marfox, mas não [era] só de batida como também hip hop: 40 Shebib, Southside, Timbaland, Pharrell, J. Dilla, MF Doom, entre outros. E o que me levou a começar a produzir foi a curiosidade de saber como era criar uma melodia, uma base, estruturar, fazer a master. Eu tinha muita curiosidade de saber essas coisas mas não tinha ninguém para sentar e me ensinar as coisas básicas. Até que chegou uma altura que conheci alguém, tive essa oportunidade de conhecer o mundo dos producers e conhecer algumas bases de batida. O resto fui aprendendo a ver e ouvir sozinho.

A minha forma de produzir é para me expressar com muita melodia e ritmo, muitos sentimentos por trás de tudo e sinto-me sempre bem depois de produzir porque é um alívio. Se eu não consigo me expressar verbalmente, tento fazer [isso] com os meus beats, não importa o estilo, tudo com flow e amor à música.

Os meus sets foram um extra para completar o meu perfil, aprendi com os mais próximos e hoje sou quem sou, fico feliz pelo resultado até porque vou sempre melhorando a cada dia que passa! 

As tuas faixas são, na maior parte dos casos, puramente instrumentais, mas até acabaste a garantir um placement num tema do EU.CLIDES este ano, por exemplo. Como é que essa ligação com ele aconteceu?

Se eu pudesse apostar em mim com rimas e flows e métrica até o fazia, mas não tenho jeito para melodias de voz. Freestyle não chega até porque tinha que dizer algo com sentido, e eu para não estragar a vibe acabo sempre em Instrumentais e prefiro assim. Quem sabe [se] um dia eu começo a criar umas letras para os meus instrumentais… um dia. 

EU.CLIDES… que artista! Eu já tinha escutado uma faixa dele, a “Ira Para Quê?”, não o conhecia na altura mas ‘tava a curtir a vibe. E o Branko mandou um e-mail apresentar-me a faixa do EU.CLIDES e foi aí que notei que era a mesma pessoa que tava ouvir há uns meses atrás sem saber! Foi tudo um processo até que ele me propôs em criar algo para um EP dele, Reservado. Desde aí não páramos de trocar ideias, incrível!

Tens interesse em colaborar com mais cantores, rappers e produtores? Quem são aqueles com quem gostavas mesmo de trabalhar?

De rappers? Lon3r Johny, Matuê, Carla Prata, Skepta, FRANKIONTHEGUITAR, Bispo e PARTYNEXTDOOR. De resto não me estou a lembrar porque é muita gente com quem eu gostaria colaborar daqui para frente. Mas de produtores sem dúvida KAYTRANADA. 

Acabas de lançar o EP Crazy Times, um projecto que, para mim, acaba por funcionar quase como uma viagem, as faixas têm diferentes moods entre si. Quando juntaste estas faixas num EP, qual era a tua visão?

Crazy Times foi criado durante a pandemia. Como não podíamos sair de casa, aproveitei [para] criar algo melódico em conjunto com batucada. Durante essa altura fui criando as faixas para transmitir sentimentos em cada uma delas! E a minha visão era mesmo essa, que fosse um EP [que funcionasse] como uma viagem e, ao mesmo tempo, como uma esperança. Podíamos estar fechados, mas queria que o pessoal soubesse que daqui para frente tudo poderá ficar melhor. Eu trouxe isso como uma prenda de esperança para o pessoal se mexer mesmo estando fechado em casa. Sei que houve pessoas com mental breakdown e eu também já ‘tive assim há uns anos. O EP não saiu na altura, mas também não foi tarde em ter saído este este mês, no meu mês, Outubro. Para mim, esse EP funcionou como uma terapia, espero que consiga transmitir isso para quem ouve as minhas faixas. Só energias positivas.

Também acabas de te estrear no Boiler Room. Como é que foi a experiência?

É verdade, que noite! Lembro-me como se fosse ontem. Tinha os meus comigo naquela noite e foi muito energético, pessoal estava afim de libertar aquela vontade toda de dançar na pista, o feedback foi incrível e o resultado foi lindo. E foi a primeira vez que toquei no Boiler Room e, pela primeira vez, foi quente [risos]! 


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