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[FOTOS/VÍDEO] Vera Marmelo [TEXTO] Nuno Afonso
Num cenário nacional de concertos e festivais ainda dominados pela pop rock, é natural que a vinda de Knight a Portugal tenha causado um entusiasmo quase viral. Afinal faz parte de uma nova geração de poetas de rua cujo trabalho tem sido admirado à escala global. Apesar da tenra idade, traz já um sólido percurso, garantindo as melhores expectativas futuras – sob o manto brilhante da crew Pro Era. Nesta primeira visita ao país, o álbum Late Knight Special acabou por ser o foco central da noite perante uma sala Aquário com lotação esgotada e muitas surpresas pelo meio.
Abençoada por um intenso nevoeiro de fumos orgânicos, a celebração arrancou poucos minutos após a hora marcada. Em jeito de warm-up, o DJ de Kirk alinhou energias com um público já de si em estado de euforia. De resto, a curiosidade era imensa e o que se seguiu entrou facilmente para a lista de um dos momentos musicais deste 2016, dentro e fora da esfera hip hop. Após a entrada em cena do homem da noite, a moldura corporal presente na sala – e a temperatura sentida – não mais voltou a ser a mesma. Comunicador nato e figura carismática, o cavaleiro de Brooklyn guiou uma actuação não só tecnicamente sólida como experiência vibrante, inesperada e de coração aberto. Algo que se traduziu num soberbo desfile de canções fielmente acompanhado por um público conhecedor e devoto. Um dos frames mais emblemáticos do concerto acabou por ser uma bomba chamada “Knight Time”. Entre saltos e cigarros mágicos trocados entre artistas e a audiência, escutou-se a questão de ordem: “What the fuck you know about the knight time?”.
Já com a fasquia alta, sensivelmente a meio da festa, surgiu alguém muito especial e a milhares de quilómetros de distância. Do telemóvel do próprio Kirk escutou-se a voz do amigo Joey Badass que trocou palavras com o público da ZDB e ainda deu a novidade em primeiríssima mão: também ele estará por cá nos próximos meses. Maravilhas da tecnologia ao dispôr da vontade maior em proporcionar e partilhar. “Brokeland” foi outra das malhas responsáveis pela total entrega física dividida entre saltos e braços no ar. A dada altura chegou a existir uma curta, mas massiva, invasão de palco com cerca de metade da sala a engolir os anfitriões. E se dúvidas havia sobre a magia do evento, este terá sido um exemplo chave. Mais introspectivo, embora sempre pleno de espectacularidade, foi a interpretação de “I Know”. Rimas confessionais, ritmo arrastado e uma melodia ressacada e persistente como o único feixe de luz num quarto escuro.
Perto do final, eis outra surpresa. A apresentação do novíssimo tema “Take That“, na verdade partilhado online há menos de 48 horas. Uma clara oferenda face ao modo caloroso com que fora recebido nesta passagem pelo Porto e por Lisboa – que o próprio classificou como o melhor gig da digressão. Deste lado de cá ficou a certeza de que algo especial realmente aconteceu. É provável que depois de tamanho encontro amoroso, o retorno do MC seja para breve. Numa perspectiva maior, fica um sinal evidente da urgência em surgir na cidade uma oferta contínua e regular em redor do rap. No que diz respeito às imagens e emoções vividas ali, só resta uma coisa dizer: estaremos cá para mais.
O momento em que Kirk Knight apresenta Joey Badass ao público da ZDB, captado pela lente da Vera Marmelo:
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