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Fotografia: Adelaide Khaled
Publicado a: 29/08/2023

O autor de Cinema materializou uma das suas paixões com este projecto.

Um documentário sobre Sitah Faya e spock — e a estreia de Sir Scratch como realizador

Fotografia: Adelaide Khaled
Publicado a: 29/08/2023

Chama-se ,volta. e é um pequeno documentário que relata o percurso (e mergulha na essência) de Sitah Faya e spock. Ela é uma rapper de Vila Real de Santo António, ele um produtor da Amadora. Juntos já lançaram o álbum Assim Como Vai, em 2021, e preparam-se para apresentar em breve um segundo disco.

Para este projecto, uniram-se a um colaborador próximo, Sir Scratch, para que o autor de Cinema pusesse em prática uma das suas paixões e dirigisse este pequeno filme de 14 minutos. Naturalmente, tendo em conta que falamos de música totalmente independente, é uma produção em modo do it yourself, feita de (e com) amor, e uma vontade criativa genuína. O Rimas e Batidas colocou algumas questões ao rapper da Amadora sobre este trabalho.



Como é que nasce este documentário? Não só realizaste como estás creditado enquanto autor da ideia.

O documentário nasce do facto de já trabalharmos juntos. Quer eu como o spock e a Sitah Faya partilhamos o mesmo estúdio, porque ele é da Amadora, e eles têm a editora deles, a Contentor Records. E já trabalho com eles há algum tempo porque misturei o primeiro disco deles e agora estou a misturar o segundo. A ideia vem de um brainstorming por estamos aqui a partilhar o estúdio. Como tenho trabalhado com o Chris Costa, propus que ele fizesse o vídeo deles do “Entre Corais e Tubarões”, deste novo álbum. E eles curtiram muito de trabalhar com ele, eu também já tinha trabalhado com o Chris na cena do NBC, o EPílogo, e eles ficaram também muito com essa ideia… Sendo um projecto que já vai no segundo disco, mas ainda estão a dar os primeiros passos e é uma coisa muito independente, eles queriam também fazer uma espécie de mini-documentário para aqueles que não conhecem pudessem encontrar qualquer coisa sobre eles que não fosse numa entrevista. E foi numa de do it yourself. O Chris não estava cá, tinha ido para o Japão, então pensei: temos aqui umas luzes, algum material… ‘Bora fazer. Disse-lhes: “Escrevemos uma cena, mostras um bocado do teu background na Amadora, como é que fazes os teus beats; a Sitah mostra um bocadinho da sua cena no Algarve, o spot onde escreve e de onde vem a inspiração.” E pegámos no carro e estivemos um fim-de-semana a fazer isto.

Obviamente tens uma ligação ao universo audiovisual, mas este é o primeiro projecto que realizas mesmo, em nome próprio?

Sim, assim sozinho é a primeira cena. Mesmo nos meus vídeos gosto de fazer um storyboard ou dar assim algumas ideias, mas depois passo tudo a quem vai filmar, porque também curto que a pessoa traga as suas ideias. Desta vez, foi mais responsabilidade minha porque lhes disse: “Tenho esta ideia, vamos fazer isto e isto.” Imaginei os planos na cabeça e foi assim o meu primeiro trabalho sozinho. Claro que eles dão-me o estatuto de realizador mas, pronto, foi algo que fizemos todos.

Gostaste deste papel? Gostarias de fazer mais coisas atrás das câmaras?

Eu sou suspeito, não é? O meu primeiro disco chama-se Cinema [risos]. Eu sempre curti e sempre quis estar hands on nas filmagens, é algo que aprecio muito, desde filmes a séries. E muita da inspiração das minhas músicas e da forma de escrita tem a ver com filmes. Gosto de muitos realizadores de cinema.

E estás muito envolvido no mundo das locuções.

Sim, sim. Lá está, é um universo em que estou integrado, seja a fazer vozes e dobragens… Até já tive experiências lá fora enquanto figurante. Sempre foi um mundo que curti bué. E este é mais um passo. À medida que vamos crescendo, vamos tendo fome de ir buscar inspiração ou de mostrar a nossa criatividade noutras cenas, sem ser só num canal. Volta e meia estou a passar som, a fazer dobragens, a ajudar a misturar um disco… Mas a minha cena há-de ser sempre MC, eu hei-de sempre ser um rapper. Mas gosto de nunca estar parado e se puder ajudar alguém ou usar a minha criatividade sem ser numa música vou fazê-lo, se tiver oportunidade.

Mas tens assim algum projecto específico que gostasses muito de fazer nesta área de cinema ou de vídeo?

Tenho algumas cenas, mas elas podem materializar-se ou não. Mas tenho sempre ideias, e com outros artistas. Mesmo com o próprio NBC. Mesmo este vídeo do “Entre Corais e Tubarões”, também estou lá na produção, foi algo que foi falado com o Chris. Há sempre ideias de cenas que queremos fazer só que muitas das vezes não há budget ou formas de fazer, então temos que estar num registo do it yourself. Este documentário com a Sitah e o spock foi feito completamente com o telemóvel [risos]. Foi pegar num tripé, numa luz e no telemóvel e ‘bora para o Algarve e para a Amadora. Editei no telemóvel e depois passei para o Buda XL, que fez uma edição mais clean, e a [Adelaide] Khaled fez as fotografias. Quando temos oportunidade de fazer melhor, como foi o EPílogo que foi uma cena com mais budget , fazemos e fica ainda mais bonito. Mas cada vez mais o que interessa é o conteúdo das coisas.

Aproveito também para te perguntar: em termos musicais, em que fase é que estás?

Agora estou a acabar de misturar o novo álbum deles, que vai sair entretanto. Tenho aqui um projecto meu e do NBC que também estamos a finalizar. Foi algo que nasceu desde o “Espelho”, vamos sempre gravando cenas e vamos fazendo aos poucos. Temos isso para materializar. E tenho também o meu terceiro disco… Eu queria lançar este ano, mas vamos ver. Quero fazer sem pressão, porque era algo que eu curtia de fazer quase a partir do zero. Quero apresentar como se fosse… Não é uma faceta nova, mas é uma fase nova. Então estou a fazer a cena com cuidado, mas também não quero demorar muito. Tive um tempo assim mais parado no que toca às minhas cenas, mas voltei este ano.



Mas as faixas que lançaste nos últimos anos serão para entrar no disco?

Não, não. Eu tenho um projecto… Talvez o pessoal mais recente não esteja a par, mas antes do meu primeiro álbum, antes do Cinema, ainda nos tempos do eMule e não sei quê, lancei uma tape digital, que era o Ás Escuras (Remixes e Maquetes 2002-2004), que tinha temas meus como o “Manias”, o “TPC”, as cenas com o Lancelot, etc. E eu entre 2019 e agora, não estive parado, sempre gravei música e sempre escrevi. E tenho quase 30 músicas aqui guardadas. E tenho essa fome, até já falei com o pessoal da Universal, de pegarmos nisto e lançarmos uma tape antes do álbum. Também tenho aqui remixes e maquetes, cenas que fiz do Holly Hood, sons com o Ace… Coisas que não saíram mas que também não vão entrar num disco novo. Hei-de lançar.

Mas já tens músicas feitas e guardadas para o álbum em si? Pergunto porque estavas a comentar que querias começar do zero a partir de certo ponto.

Estou a fazer músicas para o álbum, mas são de agora, 2023. É uma fase de 2023 para a frente. Tenho é estes sons feitos entre 2019 e 2023 que não… Um ou outro viram a luz do dia, ou no Instagram ou mesmo até ao vivo, porque volta e meia quando vou a um Sumol Summer Fest da vida canto um som que ninguém ouviu… Estes temas hão-de sair: o som que fiz no Primeira Vez com o Sam The Kid, o “Repara”, um som que fiz com o Madkutz… Há vários que fui fazendo e que não estão inseridos em lado nenhum. Nem em digital nem nada. E hão-de sair, mas não são para o álbum.

Há alguma área criativa que ainda não tenhas explorado muito, mas que gostavas de experimentar mais?

Sim, eu andei a tocar com um projecto que é a Lisbon Poetry Orchestra, que é uma banda instrumental mas com poesia, e eles lançaram um disco com um livro. Há sempre ideias que te vêm à cabeça… Por exemplo, também não tenho nenhum disco só com um produtor. E mesmo a cena de vídeo é algo que gostaria de explorar um bocado melhor, mesmo para mim, quando lançar o disco, gostaria de juntar os dois mundos. De certeza que vou querer enriquecer a coisa.


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