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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/01/2021

Ânimo em forma de comprimido musical.

Two-Time Winners sobre “State of Emergency”: “O ‘It Ain’t Fair’ dos The Roots foi uma grande inspiração”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/01/2021

Naquilo que parece um infindável estado de emergência, Portugal precisa de nova alma para insuflar ânimo no espírito e no corpo. E é aí que entram os Two-Time Winners, que acabam de lançar “State of Emergency”, duplo single com versão com voz do nativo de Toronto Owen O’sound Lee além do respectivo instrumental.

O duo composto por João Samuel Silva e João Sêco faz uso da sua bagagem para unir as pontas entre o jazz, o r&b e a soul e assim trazer para a cena nacional um reflexo daquilo que os The Roots (e a crew da neo-soul) andam a fazer há anos. Mas a sua “fórmula” também presta atenção às subtis actualizações que a abordagem de Anderson .Paak, por exemplo, trouxe para a mesa.

Fomos saber mais sobre esta dupla que se emancipou para dar um sopro definitivo em direcção a uma trajectória promissora.



Podes, em primeiro lugar, apresentar os dois responsáveis pelo projecto Two-Time Winners? Ambos têm currículo sólido com nomes bem conhecidos da nossa cena musical, certo?

Acho que já podemos dizer que sim. Este projeto é constituído por mim (João Samuel Silva) e pelo João Sêco. Conhecemo-nos brevemente na ESMAE em 2014 como colegas de curso e posteriormente o nosso trabalho de secção de sopros com outros projetos acabou por nos juntar mais frequentemente. Desde então já trabalhámos com nomes como Expensive Soul, Marta Ren, Jimmy P e Capicua, entre outros.

Qual a ideia destes Two-Time Winners? O jazz é o ponto de partida, julgando pelo tema agora apresentado, mas não se ficam por aí, certo?

A estética que temos em mente vai também beber um pouco ao jazz. No entanto, vamos buscar muita influência ao neo-soul, r&b e hip hop. Por sermos instrumentistas de sopro, a composição é também algo centrada nestes instrumentos e nas suas possibilidades. Vamos inevitavelmente beber aos estilos que já as exploraram anteriormente, mas sem preconceitos.

Que músicos participaram nas sessões para este primeiro tema?

Tivemos a sorte de ter, ao mesmo tempo, bons amigos e excelentes músicos connosco: Marito Marques na bateria, Pedro Ferreira no baixo, Gui Salgueiro nos teclados, Bruno Macedo na guitarra, Fábio Rodrigues na tuba, João Sousa e Gileno Santana nos trompetes. Eu (SAM) toquei os saxofones e o Sêco os trombones deste tema.

Há, na voz, um convidado internacional: como aconteceu essa colaboração?

O Owen surgiu através do Marito, uma vez que trabalharam os dois em Toronto. Quando eu e o Sêco estávamos a terminar o beat e a começar a encaminhar o tema para os outros músicos, o Marito foi o primeiro que o ouviu. Partilhámos com ele parte da ideia que tínhamos para a voz e ele sugeriu quase imediatamente o Owen. Entrámos em contacto e ele gostou do tema e aceitou participar. Nas semanas seguintes trocamos várias ideias durante a fase de pré-produção da voz e quando o arranjo ficou fechado ele gravou num estúdio em Toronto.

Este tema antecipa um EP que pretendem editar ainda em 2021, é isso? Que mais colaborações e surpresas poderemos esperar desse trabalho?

É isso! Queremos terminar e lançar o EP até ao fim deste ano. Gostámos da experiência de criar com o Owen e estamos a trabalhar em mais dois temas em que prevemos também participações internacionais.

O jazz tem sido campo de várias experiências de cruzamento com outras sonoridades nos últimos tempos e parece estar a despontar uma nova geração nacional que parte desse género, mas vai ao encontro de outro tipo de sonoridades. É nesse território que se incluem?

Sem dúvida que o jazz teve influência na nossa sonoridade porque ambos passámos por uma formação académica à volta do seu estudo. Acho que podemos dizer que estamos nesse território mas não necessariamente nessa trajectória. Podemos estar dentro do estilo soul ou hip hop mas ir de encontro a outras sonoridades, como o jazz que referes. No fundo e como qualquer projecto humano, estamos a colocar na nossa música um conjunto de experiências que vivemos e que nos definiram como pessoas e músicos ao longo dos anos.

Que referências nos podem apontar para o som dos Two-Time Winners?

The Roots, Brasstracks, Jill Scott e Anderson Paak.

Há planos para apresentações ao vivo? Com a mesma banda que gravou?

Não há planos concretos para já, mas há muita vontade. Estamos no entanto limitados pela situação que vivemos e queremos virar o foco para terminar o EP. Assim que seja possível, queremos muito montar um concerto e, claro, contando com esta equipa que está a gravar o EP.

Finalmente, o tema vem com uma mensagem forte e adequa-se bem a este estranho tempo que atravessamos. A letra é da autoria do vocalista Owen, mas certamente que falaram sobre a ideia que queriam transmitir, ou não?

Sim, esta abordagem, o tema e o tom do discurso sempre foi algo que ambos quisemos. Depois começamos a procurar alguém com o estilo e acima de tudo a legitimidade para o interpretar. O tema “It Ain’t Fair” dos The Roots com o Bilal sempre foi uma grande inspiração para nós no arranque da composição do “State of Emergency”. Quando falámos com o Owen, apresentámos-lhe todas estas ideias e inspirações e ele soube absorver tudo perfeitamente e passá-lo para o texto que acabou por se tornar a letra do tema.


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