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“Acliclas” é o novo single de Tristany, que também assina a produção do tema a meias com Ariyouok e Fidju Matchu. Chullage, Julinho KSD e Blade são os artistas convidados para a faixa retratada em vídeo por Diogo Carvalho.
Começa a contagem decrescente para a edição de Meia Riba Kalxa, agendado para chegar às plataformas digitais no dia 4 de Junho — podem reservá-lo a partir deste link. “Acliclas” é o quinto avanço a ser extraído do álbum de estreia de Tristany, que explicou ao ReB a importância do recurso às imitações de roupas de marca como catalisador no processo de afirmação de um jovem oriundo dos bairros da periferia de Lisboa.
“Sinto que mal entrei no quinto ano de escolaridade conheci todo um mundo competitivo no qual eu não estava habituado a viver. De repente, estou inserido numa pressão abstracta onde valores materiais e estéticos começam a contar para o teu estatuto numa micro sociedade. Estávamos em meados de 2007 e nunca tinha ligado à forma como os mais velhos se vestiam ou comportavam socialmente. Lembro-me como se fosse hoje, estar num dos ringues de Mem Martins e um rapaz mais velho, da zona, se dirigiu para mim e disse: ‘Puto, estás assim vestido porquê? Todo ranhoso… Tens que idade? Tu até tens umas calças fixes da Nike, se meteres a meia por cima da calça vais ficar um bazofo! Não queres ter damas? Não podes estar assim, doce, madjé. E vê se tiras esse casaco da Acliclas, bem falso. Tira isso para não te tirarem de abuso’. Quando saiu de ao pé de mim, o mais velho entrou num Saxo Cup, azul, onde rapazes já o esperavam há algum tempo. Igualmente marcante para mim, foi o facto de ele me estar a dizer isso enquanto os rapazes estavam a ouvir ‘National Ghettographik‘. E essa é uma das minhas memórias mais antigas a ouvir Chullage.”
13 anos após este episódio, o rapper e produtor de Mem Martins aborda a temática numa faixa com um dos seus intervenientes, Chullage. O veterano da Margem Sul, que assume mais funções noutras das peças de Meia Riba Kalxa, encerra a música num instrumental de funaná, depois de Tristany, Julinho KSD e Blade debaterem o assunto numa estética mais bairrista e contemporânea, à boleia do drill e do trap, fazendo “um som que vai para além de uma categoria musical, devido às gerações e à ancestralidade dos criativos envolvidos.”
E de que forma é que se deu este cruzamento entre nova e velha escola do hip hop nacional? Tristany explica: “Sou fã deles, por isso quis fazer um som com os mesmos. A mistura de gerações foi apenas uma coincidência, porque vivemos todos no mesmo tempo. Conheci o irmão Chullage, atmosfericamente falando, há muito tempo, assim como o Julinho e o Blade. A oportunidade de colaborar surgiu no dia em que um deu a oportunidade de ouvir o outro.”
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