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Fotografia: Glen Luchford/i-D
Publicado a: 21/10/2020

pgLang na casa.

Três coisas que aprendemos na conversa de Kendrick Lamar com Baby Keem para a i-D

Fotografia: Glen Luchford/i-D
Publicado a: 21/10/2020

A i-D celebrou o seu 40º aniversário com uma cover story muito especial: Kendrick Lamar e Baby Keem estiveram à conversa um com o outro para a publicação americana.

E se a especulação já pairava no ar em torno do futuro dos dois artistas, o caso ganha agora uma nova dimensão. 2020 parece ter sido o deadline mais unânime para a vinda de um novo álbum de K.Dot entre o núcleo mais acérrimo da sua legião de seguidores. DAMN., o último LP, celebra o quarto aniversário em Abril de 2021, um período de tempo já bastante considerável no que toca ao silêncio editorial que reina desde então. Além de que estamos cada vez mais perto de um novo acto eleitoral nos EUA e há uma enorme urgência em perceber que quadro tem o rapper de Compton para pintar acerca destes últimos três anos com Donald Trump na liderança.

Para Keem, o nível de pressão vinda do exterior é bastante menor mas o entusiasmo que paira em torno da música que tem lançado aumenta de dia para dia. Editou as mixtapes The Sound of Bad Habit e DIE FOR MY BITCH em 2018 e 2019, respectivamente, e na mais recente morava “ORANGE SODA”, o seu primeiro grande êxito a nível comercial que soma centenas de milhões de reproduções espalhadas pelas diferentes plataformas digitais. Em Março último esteve envolvido na campanha de apresentação da pgLang, uma nova comunidade artística liderada por Kendrick Lamar e Dave Free, sendo que no mês passado lançado o duplo single “hooligan” / “sons & critics freestyle”, os primeiros resultados a caírem no domínio público por parte da pgLang e que muitos apontam como sendo avanços do álbum de estreia do jovem MC de Las Vegas.

Uma coisa é bastante clara: a conversa entre os dois artistas para a i-D parece fazer parte de um plano muito maior. Além de Kendrick ter conduzido as atenções da entrevista para o primo e protegido, houve ainda uma forte campanha por parte de Keem e da pgLang para promover o acontecimento. Daí nasceram um novo e enigmático vídeo, que mostra o artista de 20 anos em acção no estúdio, e ainda um hoodie repleto de mensagens estampadas, que esgotou em menos de 24 horas e que tem deixado os fãs a questionarem-se acerca da possibilidade de serem títulos de novas canções.

Tanto um como o outro podem, por isso, estar na iminência de lançar algum projecto e, no Twitter, há até quem parece ter apanhado K.Dot e a sua equipa durante a sessão de gravação de um possível novo videoclipe. Na mesma rede social, Punch, da Top Dawg Entertainment, disse mesmo a um par de seguidores que o sucessor de DAMN. estaria para “muito em breve“.

Enquanto as peças deste puzzle não encaixam ainda todas umas nas outras, o Rimas e Batidas virou as suas atenções para a conversa entre Kendrick Lamar e Baby Keem para a i-D e destacou três pontos merecedores de redobrada atenção.



[Precoce mas não instantâneo]

Entre as primeiras trocas de impressões, o par foca-se nos primórdios das respectivas carreiras. Kendrick revelou ter gravado uma faixa pela primeira aos 16, enquanto Keem aos 13 anos já dava os primeiros passos nesse sentido. Mas o novato não se limitava a captar a sua voz e já existiam preocupações de maior escala quanto à qualidade que rodeava todo o processo de gravação. “Andava a descobrir de que microfones gostava e agora tenho de deixar de ser teimoso com isso. Se eu os experimentei há um ano, quando a minha voz era diferente, tenho de os voltar a experimentar agora.”

Nos bastidores, longe da vista do público, ponderações e decisões deste género surgem com frequência. Mas depois do trabalho estar na rua, cria-se a ilusão de que foi fácil para o artista chegar àquele resultado. “Eu senti que tu fizeste aquilo do dia para a noite”, diz Keem a propósito dos primeiros lançamentos do primo mais velho, que prontamente lhe explicou que não existem atalhos, deixando ainda alguns elogios: “Eu entendo que, de fora, as pessoas pensem que foi do dia para a noite. Lembro-me de quando o meu primeiro álbum saiu, as pessoas pensavam que tinha feito aquilo do dia para a noite, mas aquilo foram anos e anos a fazê-lo. E essa dedicação conta, é a parte quente da coisa. Quando ouvi a tua música na altura e a ouço agora, eu ouço um jovem negro sem remorsos, a fome de um jovem negro, à procura de diversão na mesma medida em que procurávamos diversão quando eu tinha 19.”

[Novas sonoridades]

“Eu passo o ano inteiro só a pensar em como é que vou executar uma nova sonoridade. Não posso estar sempre a fazer a mesma coisa”. Kendrick abre este capítulo da forma que se esperava por parte de qualquer criativo com esta dimensão colossal. E esta é uma ideia que segue à risca os acontecimentos da carreira do MC de Compton, com as sonoridades de Good Kid M.A.A.D City, To Pimp a Butterfly e DAMN. a servirem de exemplos desta mesma ideia.

“Eu estou num sítio completamente diferente”, refere Keem. A evolução no que toca ao seu som é algo merecedor de atenção por parte do jovem rapper mas, talvez devido à diferença de idades, não será sensato esperar vê-lo a criar longe dos circuitos electrónicos e digitais que dominam a indústria discográfica nos dias que correm. Será que o newcomer se vê a si mesmo ao leme de um projecto com as características de TPAB? “Sim, embora à minha maneira. Não quero fazer as coisas da forma mais comum. Se for orgânico e eu quiser fazer um disco em torno disso, fá-lo-ei, não será neste álbum. Não me posso sentir forçado. Porque os fãs veem através dessa merda. Aprendi isso há muito.”

[O beat “roubado”]

Quando terminou DIE FOR MY BITCH, Baby Keem continuou a gravar novo material e, dessas sessões, resultou aquele que Kendrick defende ser o seu tema favorito por parte do primo e que poderá vir a integrar seu o próximo LP. O beat utilizado é assinado por DJ Dahi e estava “reservado” para ser utilizado em DAMN.. “Estava no meu top 5 de beats do DJ Dahi. Mas o facto de teres pegado nele e teres feito algo que eu nunca faria em cima dele… acabaste por fazer um tema melhor do que aquele que eu faria”, confessa o astro de Compton numa espécie de acto de passagem do testemunho.


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