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Publicado a: 04/08/2016

A tragédia amorosa segundo Frank Ocean

Publicado a: 04/08/2016

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Direitos Reservados

 

O culto, numa altura em que as redes sociais são actualizadas com regularidade assustadora, ganhou novos contornos e tem o seu expoente máximo num dos maiores escribas de canções da era digital. Duas mixtapes e Channel Orange chegaram para torná-lo num dos artistas mais requisitados e seguidos de uma geração à procura de novos ídolos R&B e pop como Marvin Gaye ou Michael Jackson. Frank Ocean, o eremita das redes digitais com voz de anjo, lança na sexta-feira, se tudo correr bem, o seu segundo álbum de originais, Boys Don’t Cry, e o ReB agarra nesse pretexto para revisitar o percurso do cantor.

Nascido no dia 28 de Outubro de 1987, Christopher Breaux, nome de nascimento de Frank Ocean, viveu em Nova Orleães até à entrada na vida adulta, tendo ainda estudado na universidade NOLA antes de se mudar. O principal motivo da sua saída foi o Katrina, furacão que assolou a cidade americana em 2005. Los Angeles foi o destino geográfico que se seguiu na vida de Frank Ocean.

 


frank ocean [pyramids] from nabil elderkin on Vimeo.


Fast forward para 2011. Kanye West e Jay-Z, dois dos maiores rappers/artistas do mundo, lançam um álbum em conjunto e abalam o universo pop. Embalado pela recepção de Nostalgia, Ultra, Frank Ocean, na altura com 23 anos, é convidado para ser o único artista a repetir a participação em duas faixas diferentes do álbum: “No Church in the Wild” e “Made In America”. Se existiam dúvidas sobre a magnitude do talento de Ocean, 2011 foi o ano que confirmou as expectativas entretanto geradas.

Inserida na produção do colectivo Odd Future no início de carreira, a música de Frank Ocean tinha vários ingredientes que o tornavam apetecível sonicamente: as escolhas para os instrumentais de Nostalgia, Ultra iam de Radiohead e MGMT a Eagles, um sinal claro de que Ocean tinha a sensibilidade necessária para entrar em qualquer tipo de género musical com uma facilidade só acessível aos maiores. Por outro lado, nas suas canções, as temáticas conseguiam ser abrangentes: a mortalidade, a efemeridade dos momentos, a infância ou o amor. Acima de tudo isso, erguia-se a sua voz e a sua escrita: duas das razões para ter sido chamado a escrever para nomes como Beyoncé, Justin Bieber ou John Legend.

 



Passado apenas um ano, Channel Orange tornou-se num novo clássico e um álbum para onde todos olham desde então: Anderson .Paak, Miguel, James Blake ou até Drake vivem hoje numa era onde o R&B, a soul e a pop repousam na sombra do magnum opus protagonizado por Ocean em 2012. Na senda de heróis como Marvin Gaye, Michael Jackson, Prince ou Stevie Wonder, a abordagem contemporânea do cantor/rapper às velhas fórmulas foram o epicentro de uma renovação ainda à procura de consumação no panorama actual.

O pós-Channel Orange trouxe muito pouco de Frank Ocean. Os sucessivos anúncios de “álbum terminado” e os pedaços de música que iam surgindo – sempre de forma não-oficial – não eram o suficiente para preencher o imaginário dos fãs e foram criando um culto à volta de Ocean que só tornou a espera ainda mais asfixiante. “Frank’s Track” em The Life of Pablo foi o última vez que ouvimos a voz de Frank Ocean. Para compreenderem melhor todos os passos até ao anúncio de data oficial de lançamentos de Boys Don’t Cry, a Pitchork fez uma timeline que reproduz na perfeição todos os momentos cruciais nesta penosa caminhada.

Leram-se nomes como Beach Boys, Chassol – compositor experimental – Rich the Kid, Lil B, Tyler, The Creator ou James Blake na matéria criada sobre o tão antecipado álbum, mas agora é altura de fechar o computador e meter a “rodar” Nostalgia, Ultra e Channel Orange na aparelhagem. Boys Don’t Cry está a chegar.

 


Frank Ocean – Thinkin’ Bout You from High5Collective on Vimeo.

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