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Mané Fernandes

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Tigran Hamasyan na Casa da Música: alma, toque e ritmo

O Tigran parte muito. Já o sabia. A minha relação com a música do pianista e compositor arménio não é muito vasta, não conheço profundamente todos os seus lançamentos mas o disco Shadow Theater (Verve, 2013), assim como alguns concertos ao vivo no YouTube, tiveram um impacto fortíssimo na minha vida.

Esta passada segunda-feira, na Casa da Música (Porto), tive a confirmação de tudo o que a sua música já me tinha mostrado: um encontro fértil entre uma imaginação melódica sensível e honesta, informada pelo folclore arménio e um universo de groove e energia informado por alguns sub-géneros progressivos do metal (*cough* djent? *cough*) e da música electrónica.

O Tigran é um artista livre. A música que nos foi oferecida neste concerto foi de quem faz o que bem lhe apetece, deixando que as diferentes tradições com que interage enriqueçam mas não limitem as suas opções e propostas. Saí do concerto com a impressão de que esta pessoa não deixou nada escondido, nem trouxe nada que não quisesse mesmo oferecer. Riffs pesadíssimos à quintina? Check. Cantares que cantam dores e alegrias milenares? Check. Acordes “enrolados” nos agudos do piano, com um laidback a um ponto que faria o Erroll Garner corar? Check. Estruturas métricas longas e complexas? Melodias assobiáveis e catchy“? Riqueza e diversidade de paleta harmónica e textural? Emotividade sem tabu nem cinismo? Energia?? Check.  

O trio (com Arthur Hnatek na bateria e Marc Karapetian no baixo) tocou o material composto com direcção e intenção (sem partituras…) e brilhou nos dois momentos mais improvisados do concerto, com escuta e interacção orgânica, mantendo-se coerente com a estética do material escrito. 

Depois de tanto som e energia, ficou no ar um statement: sê o que és, sem pudor, e vai daí. Obrigado, Tigran <3.


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