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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/02/2019

Throes + The Shine: “Este próximo disco é capaz de ser o nosso trabalho mais heterogéneo”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/02/2019

Os Throes + The Shine lançaram hoje o single “Balança”, que antecede a edição do novo álbum de originais. Enza, que terá o carimbo da Sony Music Portugal, está apontado para sair no mês de Maio.

Nesta primeira amostra do quarto álbum da banda, é notória a evolução sónica que o projecto atravessou, agora que trabalha apenas a três cabeças. Igor, Marco e Mob apontaram sem receios às pistas de dança, apresentando este “Balança” num zouk assumidamente electrónico. O lançamento fez-se acompanhado da versão remisturada por Rompante, que promove uma experiência ainda mais corrosiva.

“A nossa progressão a nível criativo tem sido sempre numa direcção mais longínqua do rock”, explicou o grupo ao ReB, que admite ter em mãos o seu trabalho “mais heterogéneo” até à data, todo ele gravado durante um processo que os manteve durante “meses isolados numa casa de campo em Palmela”. Mike El Nite, Selma Uamusse, Cachupa Psicadélica e os mexicanos Sotomayor são os colaboradores creditados em Enza, que sucede a Wanga, editado em 2016.



Acabam de lançar “Balança”, o vosso single mais orientado para o clubbing de sempre. O que vos fez deixar de lado as guitarras no primeiro avanço de um novo disco?

Não foi propriamente uma decisão consciente. A nossa progressão a nível criativo tem sido sempre numa direcção mais longínqua do rock, com que começámos o projecto, e este “Balança” acaba por demonstrar isso. Os artistas com quem convivemos e os cartazes em que habitámos também acabam por ter uma conexão mais forte a esse lado mais club. No entanto, tentámos manter um lado mais orgânico no meio de tudo isto. O beat é um misto de programação electrónica e bateria acústica e procurámos manter uma estrutura mais ligada ao espectro da “canção”, com versos e refrões bastante pronunciados e diferenciados entre si. Deu-nos um grande gozo tentar trabalhar com duas estéticas que não coabitam no mesmo espaço de forma tão frequente.

Podemos esperar esta receita em todo o alinhamento do disco? O que é que muda do Enza para o o vosso último Wanga, por exemplo?

Este próximo disco é capaz de ser o nosso trabalho mais heterogéneo. O Wanga foi uma evolução para um lado mais electrónico e o Enza continua nessa senda, mas de uma forma bastante mais abrangente. Tem os temas mais enérgicos e ligados ao kuduro, que as pessoas provavelmente mais associam ao nosso trabalho, mas também tem alguns que fogem para um universo mais hip-hop, mais disco, mais r&b e um pouco mais relaxado. E no meio disto tudo também tem um ou outro tema mais calmo que acaba por fugir muito do que as pessoas esperam de nós. No fundo irá ter um equilíbrio bastante generoso entre géneros, assim como entre temas que são mais “mecanizados” como o “Balança” e outros que são mais orgânicos e soam mais a uma banda tradicional.

Olhando para o título do disco, de que forma é que o “mundo” se faz representar nestes novos temas?

O que nós queremos representar com este álbum é o nosso planeta, a nossa vontade de chegar a todos os cantos, mais ou menos recônditos, que ele possa ter. Nunca nos quisemos limitar à estética com que surgimos no mapa e queremos muito continuar nesse caminho. Ao trabalharmos os três (Igor, Marco e Mob) pela primeira vez juntos, num disco inteiro, conseguimos encontrar uma harmonia muito grande nessa procura por diferentes influências. Tivemos cerca de ano e meio de estrada com este novo alinhamento, e cerca de dois meses isolados numa casa de campo em Palmela a gravar o disco, e isso permitiu que reuníssemos influências e ideias muito dispares, que as amadurecemos bastante mais que anteriormente — sempre lançámos discos de dois em dois anos e desta vez o intervalo foi de três anos. Com esse tempo de trabalho mais relaxado conseguimos chegar a universos bastante diferentes e descobrir coisas que não havíamos descoberto até então em nós próprios, como abordagens de produção diferentes, ou como a voz do Igor, que usámos imenso em vários temas lado a lado com o Mob. Tudo isto foi uma procura por criar algo interessante e diferente e esperamos que seja um disco que surpreenda, porque foi isso que tentámos fazer para nós mesmos.

Conseguiram juntar os talentos de Sotomayor, Mike El Nite, Selma Uamusse e Cachupa Psicadélica à equação do Enza. Como é que foi trabalhar com estes nomes?

Foi óptimo. São artistas que adoramos e ouvimos imenso, e que nos despertaram logo a vontade para colaborar em algo. Com os Sotomayor tentámos uma abordagem ao universo da música latina, que conseguisse fundir um ritmo mais espaçado, com uma energia que tornasse a experiência de concerto forte e, felizmente, temos sentido essa missão cumprida quando a tocamos nos shows. É nova, mas uma das nossas preferidas para tocar. No tema que fizemos com a Selma quisemos chegar a um imaginário mais ligado às raízes africanas do Mob e da própria Selma, com uma instrumentação mais orgânica, numa espécie de celebração solarenga e com uma vibe muito positiva. Na música que trabalhámos com o Mike El Nite acabámos por cair numa onda mais ligada ao trap, com um pouco do braggadocio típico do género, com rimas rápidas de ambos os MCs e um refrão que acaba por tombar para o lado mais kuduro do nosso som. Duas energias que podem parecer distintas, mas que casaram muito bem a nosso ver. Finalmente, com o Cachupa Psicadélica procurámos seguir numa viagem sem um destino concreto. É o tema mais longo do álbum, com mais movimentos e explorações, que conta com uma letra que procura mostrar a conexão entre o que nós vivemos neste planeta e o que imaginamos que possa haver além dele, num lugar desconhecido e que nos fascina. Basicamente, colaborámos com quatro projectos recheados de pessoas extremamente talentosas, de mundos muito diferentes e que abraçaram o desafio com muito amor e carinho. Não podíamos estar mais felizes com o resultado.


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