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Publicado a: 17/03/2017

SXSW: o futuro segundo Zane Lowe

Publicado a: 17/03/2017

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Direitos Reservados

Neste momento, o debate sobre o presente e o futuro imediato da indústria da música está ao rubro: o que vai ser dos media? Como podemos optimizar as plataformas sociais? Podem os artistas vencer sem o apoio das editoras? E onde se encaixa a rádio no meio de tudo isto. Zane Lowe, o influente radialista neo-zelandês que é hoje um dos principais rostos da Beats 1, a rádio digital da Apple, e que possui um percurso que passa pela XFM londrina, pela MTV e pela BBC Radio 1, falou perante um auditório esgotado sobre o seu percurso na indústria da música e apresentou as visões que defende para este presente e para o futuro que está já ao virar da esquina.

 



Zane Lowe é um comunicador, como muito bem se sabe. Atrás das câmaras, numa cabine de DJ, no estúdio de rádio ou, como se percebeu claramente ontem, ao vivo, perante uma audiência sentada. No dia anterior, um encontro pessoal no bar de um hotel revelou um apresentador extremamente simpático, paciente, curioso sobre a rádio em Portugal, afável e acessível. Tudo características que usa em cima do palco, numa comunicação fluída, inteligente, pontuada por notas de humor q.b., pertinente e tecnicamente perfeita: o tom de voz certo, a cadência certa, sem glitches no momento de introduzir músicas, sem excesso de gadgets ou adereços. Aliás, Zane só se socorreu de um objecto: um LP de Tom Petty que serviu para começar a sua história.

Filho de um pioneiro da rádio livre na Nova Zelândia, Zane cresceu a amar música e a basear toda a sua vida nessa sede de descoberta que ainda hoje o anima. “Percorri a colecção de discos do meu irmão mais velho em busca de mim mesmo”, explicou. Nesse processo foi tendo epifanias: Schooly D, Nirvana, Beastie Boys. Quando comprou a cassete de Nevermind o impacto foi tal que, num acampamento de verão no fim do liceu num ritual local de iniciação a uma juventude mais adulta, Zane copiou a cassete “umas vinte vezes” e a música espalhou-se por todos os campistas: “percebi aí que partilhar música era uma coisa fantástica”.

 



Zane descreveu o presente apontando o exemplo de Stormzy que conquistou um lugar cimeiro nas tabelas britânicas de forma independente e orgânica. Para isso, as redes sociais, acredita o apresentador, são cruciais. Nesta comunicação, Zane falou dos tempos do MySpace até chegar a este presente de Facebook e YouTube.

Os artistas aprenderam a usar as redes e a quebrar as regras, a falarem como e quando desejam, sem imposições das editoras ou dos media tradicionais. E cita o exemplo de Jay Z e de uma famosa e longa entrevista em vídeo que realizou com o rapper como um ponto decisivo na imposição dessa ideia de que os artistas estão em controlo. O papel da rádio, defende o comunicador, é de ser um vaso comunicante entre o artista e o seu público. “Não há histórias numa playlist apenas”, defende. Dar voz aos artistas é uma das missões da rádio e daí a presença de artistas como Dr. Dre, Drake ou Frank Ocean na Beats 1: “a semana passada o Frank fez uma coisa incrível e estreou o seu novo single, “Chanel”, tocando-o em loop durante uma hora. Cena maluca, inacreditável, mas quando acabou eu fui ouvir a música outra vez”.

Ouvir a música outra vez. Sempre foi esse o objectivo!

 


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