A Gota D’Água {Preta} vai ser apresentada em quatro momentos diferentes em território português durante o mês de Outubro. Suka Figueiredo está entre os músicos que vão acompanhar o projecto pelos palcos do Cineteatro Louletano (dia 15, em Loulé), Convento São Francisco (dia 19, em Coimbra), Coliseu do Porto Ageas (dia 20) e Teatro Aveirense (dia 23, em Aveiro).
Editada em livro em 1975 e encenada pela primeira vez no mesmo ano, Gota D’Água foi a peça teatral que nasceu da colaboração entre Chico Buarque (distinguido com o Prémio Camões há três anos) e Paulo Pontes. Conta a estória de Joana (que chegou a ser interpretada por Juçara Marçal), abandonada pelo marido sambista Jasão (interpretado por Jé Oliveira) e à beira de ser despejada da casa onde vive com dois filhos. Ao longo do espectáculo e com base no actual momento de tensão atravessado pelo Brasil, são abordadas questões de ordem racial e social.
Sem concertos a solo à vista para o nosso país, a saxofonista Suka Figueiredo concedeu uma entrevista a Adailton Moura, publicada por cá há dois dias e que decorreu em torno de AfroLatina, o seu EP de estreia. Durante a conversa, a artista lembrou como remou contra a corrente para chegar a esse importante ponto da carreira:
“Eu pude perceber muito rápido que os espaços para as mulheres sopristas são bem restritos. As mulheres, na música de maneira geral, atuam mais na voz, no piano… e eu ficava muito incomodada de sair de casa pra ver uma orquestra e nela só ter homens. Às vezes tem uma ou outra na flauta, no violino… Aí, eu me perguntava: cadê as saxofonistas, trompetistas? Isso me incomodava porque eu sentia que se não criasse o meu próprio espaço de trabalho, não ia conseguir tocar o repertório que gostaria. E aí, no começo da pandemia, eu mostrei as minhas composições para o meu companheiro Rafael Acerbi, que é produtor musical. Ele falou: “nossa, isso é muito bom, precisamos trabalhar e colocar no mundo”. Em Agosto de 2020, a gente começou a trabalhar nas minhas músicas. Lancei meu primeiro single, “Caminho de Mármore” com o apoio de alguns amigos que gravaram junto comigo. Deu muito certo…. Comecei a investir tempo pra escrever projetos e editais pra ter recurso financeiro para fazer. A gente sabe que a arte no brasil é muito complicada. Se você não nasceu em berço de ouro tem que ir na raça total. Depois dessa loucura, eu lanço um disco que tem cinco faixas.”