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Fotografia: André Chantre
Publicado a: 20/05/2022

A volta ao mundo através do ritmo.

Studio Bros: “Não pensamos em chegar ao topo e estagnar. Queremos sempre mais”

Fotografia: André Chantre
Publicado a: 20/05/2022

Fábio Miguel e Miguel Batista – Famifox e Nunex, respectivamente – começaram a sua jornada conjunta no meio musical em 2007, com o nome Alto Nivel Produções, e, ainda que assumido de uma forma descontraída, o projecto chegou a constar da lista de trunfos da Príncipe Discos, culminando na presença na compilação CARGAA 2 (uma colaboração entre a editora lisboeta e a notória Warp Records).

Em 2017, como consequência da sua escalada em termos de reconhecimento, Famifox e Nunex reinventam-se enquanto Studio Bros, tendo editado desde então diversos tipos de registos discográficos onde projectam uma visão fortemente afrocêntrica da música electrónica, não apenas nos estilos recorridos como também na instrumentação que se faz ouvir nos seus temas.

Em 2022, o duo oriundo da Quinta do Mocho e de origens santomenses já conta com um currículo performativo de onde se destaca uma recente estreia no Coliseu dos Recreios, uma tour colombiana, ou paragens desde a Suíça até à Venezuela. Esta sexta-feira, dia 20 de Maio, editam Different, o seu primeiro álbum. Uma dupla repleta de evidências que, discutidas em conversa com o Rimas e Batidas, revelam um percurso em constante ascensão



Começaram a ganhar visibilidade enquanto Studio Bros com o lançamento do single “Kapiro” em 2017; porém, deram-se a conhecer ao mundo 10 anos antes, assinando como Alto Nivel Produções. Esta mudança de nome reflectiu, também, uma mudança de capítulo na história do vosso duo?

[Famifox] A mudança de nome surgiu porque havia a necessidade de fazer as coisas a um nível mais profissional. Enquanto Alto Nivel Produções – e mesmo a nível individual -, fazíamos música por gosto, em tempo livre, e com a mudança de cenário veio a dar-se essa responsabilidade acrescida em começar a fazer as coisas mais profissionalmente. E, mesmo sabendo que, na altura, o nome já estava a ganhar alguma força, concordámos os dois que seria melhor mudá-lo nesse momento para que o impacto não fosse maior mais para a frente.

Existe uma componente orgânica bastante presente na sonoridade de Studio Bros — particularmente no que toca ao recurso a linhas de guitarra e diversos tipos de instrumentos de percussão –, o que vos destaca de outros nomes de produção de música de electrónica lusófona. O que vos influenciou a ter estas referências presentes no vosso trabalho?

[Nunex] Andávamos à procura de uma identidade; uma das nossas influências, o [DJ] Marfox, deu-nos sempre essa indicação: “vocês têm de ter um I.D., não podem ser mais um [nome] no mercado”. Então, andámos à procura das nossas referências – por exemplo, os nossos pais influenciaram as nossas guitarras, os nossos drums, e por aí fora – e até agora está a ser bom, estamos a ter um bom feedback, e qualquer pessoa que ouça uma música nossa, ainda que possa não conhecer o nome ou quem tá a tocar essa música, já sabe logo: “isso é Studio Bros que ’tá a tocar”. Isso é o que é mais gratificante para nós. 

Após a edição de diversos EPs e singles durante os últimos anos, Different é o vosso álbum de estreia formal, cujo registo normalmente tende a representar o núcleo da identidade artística do projecto em causa. No entanto, e como o próprio título indica, encontramos algumas novidades neste disco, nomeadamente a introdução de elementos da house music à vossa habitual mistura de ritmos de música africana, e uma aproximação gradualmente do universo pop através de uma maior presença de temas com voz. Irão estas novas abordagens redefinir o som de Studio Bros como até então o conhecíamos?

[Nunex] Hum… é e não é. Já tínhamos metido vozes nos nossos instrumentais, temos uma música chamada “Zulu”, com a Blacka, que é cabo-verdiana; mas sim, embora já o tenhamos feito no passado, queremos abordar mais essa questão de meter mais voz nas nossas músicas.

[Famifox] Em relação a todos os trabalhos que a gente já fez anteriormente, este álbum veio afirmar mais essa mudança: temos andado a lançar muitos instrumentais, já tínhamos feito um álbum em colaboração com outros artistas, já tínhamos lançado alguns EPs, mas nunca tínhamos lançado um álbum apenas de Studio Bros. Este é o nosso primeiro álbum e, para dar mais esse peso, sentimos a necessidade de mostrar o que temos feito anteriormente e o que desejamos trazer agora, que é também essencial para o mercado – músicas com voz, outros estilos musicais, porque há a necessidade de fazer essa mudança.

Desde actuações por diversos países europeus e latino-americanos, assim como uma passagem recente pelo Coliseu dos Recreios, basta olhar para a vossa agenda de concertos dados no espaço de um ano para perceber que estão a deixar a vossa marca musical um pouco por todo o globo. Como se sentem em fazer parte de um cenário que claramente está a ajudar a moldar a música popular da actualidade? 

[Famifox] Basicamente, nós estamos a fazer a passagem para o mundo daquilo que nós consumimos desde crianças, então, mostrar ao mundo as nossas raízes e aquilo que nós fazemos no quarto e em estúdio, desde a Europa até à América Latina, tem sido muito bom.

Após conquistas deste género, o que mais gostariam de alcançar em termos de reconhecimento internacional?

[Nunex] Pisar grandes palcos. Ainda não tivemos essa oportunidade, mas queremos ainda pisar palcos grandes, Tomorrowland, por aí fora… O objectivo é sempre crescer, né? Não pensamos em chegar ao topo e estagnar, queremos sempre mais e mais e mais e mais – aprender nunca é demais, há sempre espaço para tal. Então, o objectivo é sempre ter ambição de ir mais além daquilo que já descobrimos. Foi sempre assim desde que começámos a levar isto mais a sério de modo a podermos evoluir, senão não estamos aqui a fazer nada. 


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