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Publicado a: 16/12/2015

Stereossauro: “Tenho várias ideias absurdas, o que se calhar me falta é mais bom senso”

Publicado a: 16/12/2015

[ENTREVISTA] Rui Miguel Abreu [FOTOS] Direitos Reservados

 

Stereossauro é como James Brown: “um hardworking mutha” que não pára – nas cabines de DJs, no estúdio, na internet, seja lá onde for, o DJ e produtor das Caldas da Raínha está sempre com as mãos na massa. Adivinha-se, por isso mesmo, um 2016 em cheio. Antes do ano chegar, no entanto, é tempo de fazer um balanço, aproveitando o facto de termos 10 cópias de Get Buck para oferecer aos nossos leitores. Como se podem habilitar a receber um pequeno redondo da mixtape? A resposta está no fim desta nossa conversa com Stereossauro. Mas antes, toda a atenção para as palavras do homem que armou Bombas em Bombos!

 

Já tem alguns meses de rua, a mixtape Get Buck. Tiveste reacções de malta do skate a esta “banda sonora” que assinaste?

Sim, tanto nacional como até internacional. Enviei alguns emails e foi mencionada em publicações no Canadá, Espanha, Alemanha, etc.… E também ouvi coisas boas de alguns skaters profissionais bastante conhecidos, e também de pessoal mais desconhecido que anda de skate apenas por prazer. Várias pessoas do meio já me deram feedback muito positivo.

Que importância atribuis à mixtape como veículo de expressão? Já não há muitos DJs em Portugal a usar esse formato, ou há?

Nunca tinha pensado na mixtape nesses termos, mas sim começa a ser uma raridade. Para mim continua a ser um formato obrigatório para qualquer DJ que se intitule DJ de hip hop. Não basta o cap para o lado e ter uns MP3 de trap ou boom bap. Agora, se a mixtape é um formato popular entre os DJs? Acho que não, muito menos mixtapes de scratch, sem MCs. Salvo erro, tirando as minhas e a de Beatbombers, não estou a ver mixtapes só de DJs, assim de repente. Mas eu faço-o por amor ao “ofício” e o facto de não ser trendy até me dá mais vontade de o fazer.

Fizeste três volumes de Até Borras-te. Haverá um quarto?

Não sei, vou concerteza continuar a explorar o tema “sample nacional”, mas provavelmente em malhas soltas, não necessariamente uma mix no seguimento das outras. Também não gosto de repetir fórmulas e tenho sempre vontade de explorar novas maneiras de apresentar ideias. Se o fizer, talvez faça um volume 4, desta vez com MCs para contrastar com as outras!

Para fechar o assunto das mixtapes: já tens tema para uma próxima? E qual a ideia mais absurda que já te ocorreu mas que o teu bom senso te recomendou a abandonar?

Tenho alguns temas possíveis, mas ainda não me decidi, estou em fase de pesquisa e experimentação. Tenho várias ideias absurdas, o que se calhar me falta é mais bom senso. Uma dessas ideias absurdas seria fazer um serviço de mixtapes por encomenda. Por exemplo, tu querias oferecer uma mixtape à tua cara metade, enviavas-me alguma informação sobre a pessoa e eu construía uma mix personalizada para essa pessoa. Tipo Mix4you! (risos).

 


 


O que também já tem algum tempo de rua é o Bombas em Bombos. Se as mixtapes sublinham o teu lado de DJ, este trabalho vincou bem a tua vertente de produtor. Como é que olhas para o teu álbum de estreia a esta distância?

Estou bastante satisfeito com esse trabalho, aprendi muitas coisas durante o processo de fazer o álbum e depois do lançamento do mesmo; tive a sorte de colaborar com músicos que admiro e ainda a honra de ter as remixes do R I O T, Bassbrothers e Médio. Sinto-me abençoado por ter tido toda a ajuda desses músicos que participaram no álbum. Apesar de já estar a pensar em coisas novas, o Bombas ainda não está arrumado a um canto, possivelmente ainda sairão mais remisturas.

Já pensas em sucessor para o Bombas em Bombos? Tens material em carteira?

Sim, claro, vou sempre produzindo música e até estou a trabalhar em alguns projectos com o Razat, outros com o Ride e com o Holly… (risos). São os suspeitos do costume, mas acabam por ser mais do que amigos: são produtores que admiro e com quem tenho facilidade em trabalhar. Se desses collabs vão resultar álbuns ou EPs ainda não sei. Questiono, por vezes, se o álbum é uma herança de uma indústria que já não é a mesma de há 10 anos. Mas, por outro lado, parece ser necessário para promover junto das revistas e rádios, embora depois esses canais só destaquem uma música do álbum. É algo que me questiono frequentemente. Prefiro primeiro pensar no que quero expressar e se a resposta for em formato de álbum, mixtape, ou mesmo uma música solta para a internet, o formato pode não ser o mais importante. Importante é ser original e ir de encontro ao do que quero dizer.

Há um documentário sobre diggin’ em que te defines como um caçador de pechinchas. Continuas a dar importância aos vinis encontrados em feiras ou hoje já és um digger mais digital?

O vício do disco não tem cura, sabes bem do que falo, uma vez digger, digger pra sempre. Também uso a internet, mas basicamente só para vozes, os samples musicais, regra geral, são de vinil, mas não sou fundamentalista, sou só uma beca esquisito. E forreta: um euro = um disco!!


 

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“É bom ver que existe sangue novo na electrónica e hip hop portugueses, mas isto mais no plano dos lançamentos, porque em termos de actuações ao vivo arrisca-se pouco.”
– Stereossauro


Enquanto produtor, mas também como DJ, o que pensas do estado actual do hip hop e da electrónica em geral em Portugal?

É sempre ingrato responder a isso porque não estou a par de tudo o que acontece e sou uma pessoa difícil de surpreender. No geral, acho que nada me fez “saltar da cadeira” em 2015. Há sempre coisas mais fora da caixa e interessantes que vão acontecendo, é bom ver que existe sangue novo, mas isto mais no plano dos lançamentos, porque depois, em termos de actuações ao vivo, arrisca-se pouco. Quero ouvir mais coisas originais, menos trendy, a originalidade e o conceito são coisas muito importantes para mim.

A tua parceria com o DJ Ride é muito longa e tem sido frutuosa. Há planos para os Beatbombers no futuro mais próximo?

Estamos a trabalhar num EP, mas sem data de lançamento previsto ainda, e continuamos todas as semanas a treinar turntablism juntos e a preparar os nossos DJ sets. Quem já nos viu ao vivo sabe a energia e dedicação que pomos em cada set e isso também se treina e ensaia. Já começámos também a preparar material para as battles de 2016

Estamos mesmo na recta final de 2015: consegues dar-nos um Top 5 dos discos que te marcaram mais este ano?

Sem nenhuma ordem: Someday Somewhere de Mura Masa; Short Stories de Sam Gallantry; To Pimp a Butterfly de Kendrick Lamar; Dead Limit EP de Noisia & The Upbeats; e tudo o que TroyBoi lançou este ano é muito bom, beats soltos na net, nem é álbum, nem EP, mas é bom.

E, já agora, cinco inspirações que tenham sido determinantes para a tua carreira…

Eu não sou hermético, nem tenho um estilo fechado, continuo a absorver inspirações e novas ideias: Mixmaster Mike, DJ ShadowJ DillaDJ Ride e Razat.

 

*Para te habilitares a receber uma de 10 cópias de Get Buck que temos para oferecer, basta, no Facebook, partilhares o post desta entrevista, fazeres like nas páginas de Stereossauro, Rimas e Batidas e LRG Portugal e responder, em comentário, à pergunta abaixo:

Qual foi o prestigiado prémio de turntablism que Stereossauro venceu ao lado de DJ Ride enquanto Beatbombers em 2011?

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