Stereossauro, que nos últimos anos se tem dedicado sobretudo à composição e produção, este ano voltou a vestir a pele de turntablist de competição e sagrou-se campeão do DMC Open Online, um campeonato digital que recebeu candidaturas de DJs de todo o mundo. Os resultados foram divulgados este sábado, 14 de Setembro, com o português a bater toda a concorrência.
A vitória garante-lhe o acesso à competição mundial do DMC em Paris, marcada para 19 de Outubro, onde Stereossauro irá competir ao vivo pelo título. Por enquanto ainda só está disponível o set de três minutos que o DJ e produtor das Caldas da Rainha preparou para se qualificar para a final do DMC Open Online — é uma amostra que serve de aperitivo. O set final, com um total de 12 minutos, será apresentado em Paris e divulgado publicamente mais tarde. O Rimas e Batidas colocou algumas perguntas a Stereossauro sobre a mais recente conquista.
O que te levou novamente à competição? Estavas com saudades de todo o processo que envolve participar num campeonato destes?
Não estava no meu bingo card para 2024 participar num campeonato de DJs e ganhar. Não estava mesmo à espera. E o grande culpado foi o DJ Ride, ele é que me convenceu e que me picou para eu entrar no DMC Online, porque este ano iria haver a categoria Open, que é uma cena mais party rocker e open format, e ele é que me andou a picar e convenceu-me a entrar. Portanto, mais uma vez tenho muito a agradecer ao DJ Ride, por ser o gajo que sempre acreditou em mim e que me empurra para eu fazer mais e melhor.
Estavas à espera da vitória? O que significa ou representa para ti?
Não estava de todo à espera da vitória. Estava confiante de que tinha feito um bom set, com bom skill, com uma playlist de que eu gosto, mas nada de top 40 hits comerciais… A cena mais comercial que lá está deve ser um som dos Led Zeppelin, porque o resto são cenas que costumo passar nos clubs, coisas party mais underground. Tenho uma acapella do David Bowie, mas nada de hits dos anos 80 e cenas dessas. Não fui pelo caminho mais óbvio, não estava também a meter aquela pressão de “tenho que ganhar isto”. Estava mais naquela de “deixa-me lá curtir aqui um bocado”. Ao mesmo tempo, sabia que tinha feito um bom trabalho e que havia uma hipótese, mas não estava com a fezada toda. Até estava a pensar que quase de certeza que seria o último ano que ia entrar em battles e que era fixe sair pela porta grande, mas vamos lá ver o que acontece. Quando recebi o email a dizer que tinha ganho, foi uma cena incrível. O DMC é aquele sonho de há muito tempo. Quando começamos no scratch, começas a ver os vídeos do DMC, das battles, e era the one that got away. Já tinha ficado em segundo lugar com o Ride pelo menos duas vezes, na categoria de equipas, e era aquele que estava meio entalado — “fogo, nunca ganhámos o DMC”. Então, é uma cena bué especial. Não é pelo prémio, é mesmo por ser algo pessoal. Esta é para sempre.
Ganhaste o online e agora vais a Paris. Será uma experiência muito diferente?
Claro que é diferente ao vivo, por muitos anos que tenhas disto os nervos contam sempre. É one shot e tem que correr bem. Agora é treinar, treinar, treinar, e ficar fechado em casa durante um mês até ir para Paris. Se bem que o online também tem muito que se lhe diga, porque estar a gravar o vídeo é super exaustivo. Porque nunca fica perfeito, ainda por cima num vídeo de 12 minutos tens muito espaço para te enganares e voltares ao início. Qualquer pessoa que já tenha gravado vídeos para campeonatos de DJs sabe que são muitos dias a gravar takes de vídeo até teres aquele que achas que já não consegues fazer melhor — ou então o deadline é amanhã e vais ter que entregar o melhor que tens porque já não tens tempo para gravar mais. É mesmo até ficares com dores nos braços. E há sempre ali qualquer coisa que podes melhorar, também não é fácil. Mas vou para Paris, espero que corra bem e quero fazer o meu melhor.