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Fotografia: Telmo Pinto
Publicado a: 14/11/2022

A estreia do grupo no formato longa-duração aconteceu em 1992 com Peng!.

Stereolab no Hard Club: 30 anos depois, aquilo que ainda realmente importa

Fotografia: Telmo Pinto
Publicado a: 14/11/2022

Para quem conhece a história de Stereolab, colocá-la no centro da origem dos termos pós-rock e avant-pop parece óbvio e imprescindível. Mas isto é pouco. Todo o contexto dos anos 90 em Londres quando a banda emergiu foi altamente influenciado pela sua estética e deixou-se absorver por toda a nova sonoridade que estes músicos traziam — uma voz feminina quebrada entre o inglês e o francês, teclados que escalam a dimensão terrena, e uma bateria que fazia qualquer corpo brotar do chão. 

Também é sabido que os Stereolab tiveram na sua estrutura elementos que ficaram para sempre, e outros que saíram sem retorno. De uma sonoridade complexa e enriquecida pelo máximo de instrumentos possíveis, a imagem disruptiva que nos deixaram mantém-se até aos dias de hoje.

No dia 4 de Novembro, vindos directamente do Lux Frágil, em Lisboa (onde tinham actuado na noite anterior), os Stereolab subiram ao palco do Hard Club para reviver algumas memórias e apresentar o seu mais recente trabalho em formato de compilação, Pulse Of The Early Brain (2022), ou pelo menos era o que se esperava. Uma sala cheia de pessoas cujas faixas etárias iam da adolescência até à idade adulta (bem adulta), e todas tinham a mesma coisa em comum: um respeito enorme pelo trabalho musical (e também político) da banda. 

Talvez tenha sido este o factor que manteve a multidão estável durante todo o tempo, pois dificilmente outro motivo justificaria tanto o esforço por parte do público em esperar o concerto de Stereolab. Depois de uma abertura feita por Alberto Montero, os músicos subiram para testar o material, o que mais tarde resultou no começo de uma viagem indagada por tentativas de interação e empatia para com o público que resultou, em algumas delas, exactamente no oposto.

De um concerto onde o som e a luz não conseguiram corresponder, a setlist cruzou toda a discografia dos Stereolab, sem ter deixado de fora quase nenhum dos seus álbuns pós-2000. A verdade é que, apesar de parecer que nada daquilo tinha sido preparado previamente, a segurança (e o rigor) de Tim Gane e Andy Ramsay foi generosa e prodigiosa em doses iguais, o que compensou as fraquezas inerentes anteriormente mencionadas. Independentemente das dificuldades, e depois de um aquecimento de mais de uma hora, o encore também foi um abraço apertado que nos trouxe um dos seus hits mais conhecidos, “French Disko” (1995), terminando em definitivo com “Simple Headphone Mind” (2022). 

Há uma mensagem muito forte nas mãos dos Stereolab que não pode ficar de fora de qualquer descrição que possa ser feita, e muitos dos comentários de Laetitia Sadier entre as músicas motivaram a ênfase do público. Do socialismo manifestado sobre “as contrações entre o delírio e a burguesia”, o que mais marcou este concerto foi o “materialismo não ser sobre a felicidade”. E aquilo que deixa os Stereolab no lugar de uma das bandas indies mais memoráveis de todos os tempos é precisamente isso. O concerto pode não correr da melhor maneira, mas no final trazemos sempre uma mensagem para casa.

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