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Publicado a: 22/06/2017

SPOTCAST #1

Publicado a: 22/06/2017


[ILUSTRAÇÃO] Min [FOTO] Rui Correia

SPOTCAST é o programa de autor de DJ Spot que terá espaço na emissão longa do Rimas e Batidas na Antena 3 com emissão na terceira 4ª feira de cada mês, a partir da 1 da manhã, e nova reposição entre as 2 horas e as 4 horas de sábado. Pós-escuta no SoundCloud do Rimas e Batidas.

DJ oficial de Keso e Minus, o mestre nos pratos mostra aquilo que anda a ouvir e junta velhos talentos com novos artistas para criar um mix calibrado pela qualidade e não pelo tempo. “Um desafio criado a mim próprio para nunca desistir de fazer aquilo que realmente gosto”, revelou-nos o DJ.

Para introduzir este novo segmento, o ReB esteve à conversa com Spot e falou sobre assuntos como o DJing na actualidade, o início da sua carreira ou rappers que o “obrigam” a tomar atenção às rimas:

 


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És DJ desde os 17 anos. O que é que te levou a seguires esta arte? Quais foram as tuas inspirações?

Senti que gostava de estar mais ligado ao movimento de outra forma que não só ouvinte. Na altura, não me via como writer, b-boy ou MC, embora tivesse tentado uma abordagem como MC numa banda de amigos da escola que não passou de uma experiência. Por isso, só me restava o DJing. Na altura, um dos elementos da banda e meu amigo mais chegado (Filipe XlRap Pina) espicaçou-me para fazer algo mais, e fomos, passo a passo, reunindo o material possível para nos exprimirmos. Começámos por dois leitores CD sem pitch e uma mesa de mistura Gemini muito básica e treinávamos passagem atrás de passagem. Mais tarde, comprámos cada um o gira-discos direct drive e alguns discos de vinil. Treinámos até a exaustão e ainda chegámos a tocar os dois em festas que organizávamos na nossa zona, mas entretanto ele desistiu e eu continuei. Nos tempos pré-Internet, os registos visuais eram escassos, mas lembro-me de dois momentos que me influenciaram e reforçaram a minha vontade de ser DJ (turntablist): o 1º foi a aparição do Cut Killer no filme La Haine; o 2º foi um filme de skate (em VHS) intitulado Zoo York Mixtape em que apareciam vários rappers, skaters e DJs. Quando vi o que o Roc Raida fazia com 2 gira-discos, uma mesa de mistura e 2 discos de vinil, estava decidido!

És o DJ oficial do Keso e do Minus. A simbiose entre o DJ e o MC é uma parte fundamental da cultura hip hop. Em termos de espectáculo, não existem outros elementos da “banda” para te protegerem quando falhas. Como é olhas para a posição do DJ hoje em dia? Achas que se perdeu um bocado o respeito à tua posição, muito por culpa das facilidades que as tecnologias vieram trazer?

Enquanto DJ de uma banda de hip hop, continuo a achar que há respeito pelo DJing e os artistas que vivem o hip hop a sério sabem que é quase obrigatório ter um DJ, de preferência com algum skill. O DJ é o pilar do hip hop. Quando vejo bandas com alguém a carregar play nos CDJs não considero isso DJing. Respeito a abordagem de cada um, mas não podemos confundir as coisas. Um dj de hip hop é ou deverá ser na sua essência um turntablist, alguém capaz de scratchar ou manipular batidas e, até certo ponto, se necessário, criar o hype para a entrada do seu artista. No hip hop, o DJ não pode ter um aspecto decorativo. Felizmente ainda não existe tecnologia para emular scratchs ou body tricks por isso, neste aspecto, o skill continua a ser uma defesa: ou tens ou não tens.

A questão da tecnologia leva-nos a uma discussão interminável. Tudo tem o seu lado bom e o lado mau, não podemos culpar a tecnologia como única causa para se deixar de respeitar este ou aquele DJ, mas podemos acreditar que contribuiu bastante para a banalização do DJing!

Neste primeiro mix encontramos música de Illa J, Surreal & DJ Balance, “Lavender” dos BBNG com o Snoop Dogg ou os A Tribe Called Quest com o Kendrick Lamar. Como DJ, pareces ter uma grande preocupação com as rimas e os rappers. Como é que olhas para o panorama hip hop actual? Quais é que são os nomes que te obrigam a parar para tomares atenção ao que estás a ouvir?

Tento sempre manter-me coerente em relação às escolhas que faço, porque, se queres passar uma mensagem em que tu próprio acreditas, tens de filtrar bastante para criares a tua linha. No panorama actual do hip hop a maior parte dos artistas debitam conteúdos que não me interessam, soa quase tudo ao mesmo, por isso, criam-me um desafio ainda maior na procura. Gosto de artistas que se focam na realidade e que não se deixam afectar por modas e que, por norma, acabam por criar música intemporal. Com esses acabas por criar uma relação ao longo dos tempos, os ATCQ, Mobb Deep ou Gang Star são exemplos máximos disso, mas existem muitos mais. A lista é infindável. Além dos que mencionaste, nomes como Joey Bada$$, Oddisee , Jonwayne ou produtores como Pete Rock, DJ Premier, 9th Wonder ou Jake One merecem sempre máxima atenção.

Como é que é a tua preparação para um set ao vivo? És alguém que se adapta com facilidade a qualquer tipo de público?

Há uns anos não preparava os meus sets, porque conhecia minimamente as minhas crowds e sabia o que queriam ouvir. Tocava essencialmente em eventos ligados ao hip hop. Hoje em dia, o papel do DJ é bastante diferente, com a quantidade de música nova e de diferentes estilos que saem diariamente, não chega só tocar hip hop. Tens de estar atento a tudo o que te rodeia para te adaptares a públicos diferentes e seres mais efectivo. Tento sempre criar um bloco forte de temas e rotinas, mas depende sempre dos eventos onde estás inserido e do que é suposto tocares.

Para finalizar: O que é que te levou a criar o SPOTCAST? Sentiste necessidade de partilhar o que andavas a ouvir ou são treinos gravados?

Sempre gostei de partilhar a música na qual acredito, se não provavelmente já não era DJ. O SPOTCAST acaba por ser um desafio criado a mim próprio para nunca desistir de fazer aquilo que realmente gosto.

 


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