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A entrada é livre e a comida é gratuita, comecemos por aí. Mais logo, a partir das 19h30, a Sonoscopia comemora o primeiro ano na Rua de Silva Porto, depois de estarem no Centro Comercial Stop entre 2011 e 2013 e no Carvalhido entre 2013 e 2021.
No press–release do evento, a associação cultural esclarece as razões para a mudança:
“Em Abril de 2020, no pico da insegurança e incerteza sobre o que poderia ser o futuro, conseguimos algum discernimento para constatar que estávamos perante uma mudança sobre a qual não haveria retorno. Perante todo o pessimismo e ambiente apocalíptico, tornou-se claro que haveria apenas dois caminhos – esperar (e possivelmente definhar), ou arriscar. Escolhemos o segundo, com a decisão de mudar de espaço, e construir um novo plano de ação que passasse por algo maior, mais versátil, mais ambicioso mas, acima de tudo, mais comunitário. Em tempos de isolamento, nada nos pareceu mais óbvio do que a construção de um espaço que pudesse albergar mais gente, onde se pudesse viver numa partilha mais generosa dos recursos que fomos adquirindo. Nos tempos de crise, são sempre os mais frágeis que sofrem primeiro, e sentimos que a nossa responsabilidade, enquanto pequena, mas já sólida estrutura artística, seria a de proporcionar um lugar seguro não só para nós mas também para todos os que passam e vivem a Sonoscopia.
Decidimos mudar, mas para onde? Perante todo um cenário de especulação onde os preços de arrendamento atingem valores absurdos e incomportáveis para a maioria dos portugueses, a solução passaria por encontrar um espaço para reabilitação. Um pouco ao acaso, mas como os acasos só vão de encontro às nossas expectativas, encontramos uma possibilidade de aluguer do antigo Instituto Orff do Porto, por onde passaram grandes músicos da cidade. Eram duas casas, quase devolutas depois de alguns anos de abandono, e sobre as quais nos propusemos intervir, renovar e preservar. No meio de um longo processo de negociação com o senhorio, banco e empreiteiro para conseguir desenvolver um projecto que fosse viável a longo prazo, ganhamos muitos cabelos brancos e muitas noites sem dormir. Finalmente, a 26 de Abril de 2021, assinamos o contrato de arrendamento, começando as obras logo nesse dia. Os meses seguintes foram duros, mas também entusiasmantes, ao sabermos que estávamos a construir um grande instrumento musical, que se vai construindo e tocando com o tempo. Neste ano que passou, e mesmo com todas as obras, dificuldades e incertezas, conseguimos finalmente atingir alguma estabilidade e ter algum tempo para imaginar as próximas transformações e revoluções sonoras que estão por vir. Pela Sonoscopia, nesta nova incarnação, passaram já inúmeras músicas, aficionadas, curiosas, rebeldes e preguiçosas cabeças. Que venham muitas mais!”
Peter Kutin, artista sonoro austríaco, é o anfitrião da festa, que está em residência na Sonoscopia desde 6 de Abril — amanhã é o seu último dia por lá. No início do ano, o também produtor e compositor unia esforços com Freya Edmondes e Lukas Koenig para EPDEMO, trabalho editado pela Opal Tapes.
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