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Fotografia: Vera Marmelo
Publicado a: 16/10/2021

Uma paixão que perdura.

Slum Village: “Estamos sempre a levar a cena para onde ela nunca tinha estado antes”

Fotografia: Vera Marmelo
Publicado a: 16/10/2021

J Dilla e Baatin já não se encontram nós, mas a sua alma e o seu legado continuaram a ser carregados nas costas de T3, Young RJ e DJ Wels, trio que vestiu a camisola dos Slum Village na edição do Iminente que aconteceu no passado fim-de-semana.

Ao serviço da Antena 3, Rui Miguel Abreu conversou com o grupo sobre o impacto do autor de Donuts, aquilo que andam a preparar e os principais encantos do nosso país.



CVocês podiam ensinar uma coisa ou duas ao coelhinho da Duracell…

[T3] Sem dúvida. De onde eu venho, vejo grupos que andam aí há muito tempo, que sobem aos palcos com todo aquele lustro… Eu nunca gostei disso. Há algumas pessoas que conseguem manter a energia em cima. Se eu for actuar, eu quero dar 110%. Sempre.

Quais diriam que são as principais ideias — e ideais — que definem Slum Village?

[Young RJ] Eu diria que são a integridade, a lealdade, a criatividade. E o estar sempre a levar a cena para o limite. É toda esta cena da experimentação, de pegar numa coisa e levá-la onde ela nunca tinha estado antes.

Para ti, RJ, que já estás no projecto há algum tempo, como tem corrido a experiência?

[Young RJ] Tem corrido bem. Estou no meio desde que me lembro, comecei a produzir aos 15 anos, trabalhei no Trinity (Past, Present and Future) e tudo o mais. Tem sido uma grande experiência, de levar o legado em diante e de representar os membros-fundadores na vanguarda. Essas pessoas estiveram lá e estabeleceram as bases para nós. Nós só temos de a levar para a frente.

Vocês sabem melhor do que ninguém como é que o J. Dilla conseguiu tocar toda uma geração. E o seu espírito mantém-se vivo, mesmo na era dos posts nas redes sociais, em que as coisas parecem durar apenas cinco minutos. Porque é que acham que isso acontece?

[T3] É pelo facto da música estar sempre a ser descoberta por alguém. A cena da música é que, mesmo que tu morras, as pessoas ainda podem acabar por ir dar com aquilo. São cenas que eu, enquanto produtor, quando ando à procura de músicas, ainda consigo encontrar sons que nunca ouvi no passado. Isto é uma realidade para um digger de boa música. É o que é. E aplica-se ao Dilla: ele fez tanto trabalho que há pessoas ainda hoje a descobri-las.

Achas que daqui a 20 anos as pessoas vão ser capazes de olhar para o Dilla da mesma forma que nós, hoje, olhamos para um John Coltrane, por exemplo?

[T3] Claro que sim! Porque a música dele continua a ser descoberta e porque são coisas que nunca ninguém ouviu. Ele ainda hoje estaria à frente do seu tempo. Quando tu te cruzas com músicos que estão à frente do seu tempo — e não apenas como produtor, mesmo como músico, até porque ele sabia tocar — tu vais sempre encontrar coisas novas na sua discografia.



E em relação ao Baatin? De que forma é que ele influenciou a música do grupo?

[T3] Há bocado falava da energia. Esse gajo trouxe imensa energia. Ele estava sempre a 210%. E acho que ele também tinha um cunho muito próprio. Ele era uma personagem… E, claro, é um dos fundadores deste nosso legado. Em todos os espectáculos lhe agradecemos tanto a ele como ao Dilla.

Há algumas semanas entrevistei os Abstract Orchestra e a conversa, logicamente, também passou pelos Slum Village. Vocês chegaram a conseguir replicar o Fantastic 2020 ao vivo?

[T3] Nós fizemos alguns espectáculos com eles.

[Young RJ] Sim. Nós fizemos uma digressão no Reino Unido com eles em 2019, antes de tudo ter fechado. Eles abriam o evento, nós tocávamos a seguir e, depois, eles regressavam ao palco para tocarmos todos juntos.

Isso deve de ter sido muito interessante de se assistir.

[Young RJ] Sem dúvida. One love para o Rob Mitchell e para os Abstract Orchestra. Nós tentamos sempre trabalhar em cenas novas. E eles são família.

Já que falas em cenas novas: o que é que podemos esperar de vocês no futuro?

[Young RJ] Estamos a trabalhar tanto em cenas a solo como em material de Slum Village. Eu tenho um álbum a caminho, cujo single está também quase aí, uma malha em conjunto com o Blu e a Abstract Orchestra. Estou também a fazer um álbum com o Mega Ran, outro com o Boldy James. O T3 também está constantemente a trabalhar em cenas novas. Ele tem um disco a caminho, com o Amp Fiddler e com o Daru Jones. Tem outro com o Daru Jones e com o Jermaine Holmes. E não deixamos de fazer novas cenas para Slum Village.

Portanto, 2022 será o grande ano?

[T3] Sim! Há muita música para editar [risos]. As cenas estão aí a vir. Desta vez é a sério!

Para terminar: esta não foi a vossa primeira vez em Portugal; o que é que mais apreciam daquilo que já tiveram oportunidade de conhecer?

[T3] Olha, comemos muito bem! A vossa comida é fantástica. Gostamos do comer, de relaxar, ver a cidade… Todo o cenário parece tão relaxante e bonito. Parece que não precisas de fazer mais nada em Portugal [risos]. Parece que podes apenas deixar-te levar e desfrutar.


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