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Slug Beetle é uma das facetas artísticas de Edgar Matos, 37 anos, produtor português de música electrónica com forte vertente experimental. Foi em 2006 que começou a assinar os seus primeiros instrumentais, embora já tivesse anteriormente participado em diferentes bandas do circuito underground alentejano. Depois de trabalhos como Passing The Gate, Clones, Seven Pointed e Pss780 Transmissions, editou recentemente !”#$ EP1. Este último projecto serve precisamente de pretexto para esta pequena conversa com o Rimas e Batidas.
Porquê o nome Slug Beetle?
Queria que não fosse um nome vulgar. Descobri que existe um insecto na saga Star Wars com este nome, e um escaravelho ou uma lesma é algo que pode soar tanto a grindcore como a dark ambient, ou a pop e electrónica em simultâneo… era importante que o nome não definisse a sonoridade na altura em que decidi usar este alias.
Quais são as tuas principais referências musicais?
São vastas e cada vez mais obscuras, tenho refinado de certa forma um gosto por coisas raras que coloco em paralelo com as playlists mais recentes dentro da área da electrónica e beats. Tento que não me passe nada ao lado sempre numa perspectiva de análise técnica.
Com que material começaste?
Um MPC2000 e um Casio CA-100.
Como definirias, essencialmente, a Phonotactics, a etiqueta com que lanças a tua música?
A Phonotactics é a minha casa, digamos assim. Já foi um projecto mais ambicioso a nível internacional mas de momento tem objectivos muito específicos quanto a edições. Tenho alguns colaboradores que mantenho… mas sou eu que dirijo o barco desde 2007.
Com que material está equipado o teu estúdio actualmente e que usas com mais frequência nos teus projectos?
A lista cresceu bastante nos últimos 3 anos, actualmente uso o seguinte: SP404 sampler da Roland, um Roland JV 2080, uma Yamaha RM1X, um Yamaha PSS780, que entra quase em todas [as faixas], um Yamaha TX81Z, uma Roland MC-307 e controladores MIDI para as máquinas todas, launchpad e launch control da Novation.
Em que é que te inspiras para criares a tua música?
No clima, nos desgostos amorosos e nas noites eufóricas, no quinto império e no Fernando Pessoa, e em tudo aquilo que faz a sociedade andar para a frente.
O teu som vagueia por diferentes universos e subgéneros electrónicos, mas há uma forte vertente experimental. Atraves-te a etiquetar a tua música?
Uma etiqueta em branco para quem quiser rotular, mas tenho a noção de que por vezes para quem ouve não é fácil perceber à primeira o que está a ouvir pela necessidade mental de definirmos tudo aquilo que percepcionamos.
Que influências sonoras trouxeste para o !”#$ EP1? Como foi o processo de composição?
Vão ser vários EPs !”#$, não sei ao certo se cinco ou menos, mas todos eles têm como base os synths e samples sacados de 78 rpms numa abordagem provocadora e desconstrutiva.
Numa perspectiva de futuro, planeias continuar a fazer música deste género ou experimentar novas sonoridades? Que ambições tens enquanto músico?
A minha principal ambição enquanto músico é um dia viver unicamente daquilo que produzo e do trabalho que realize com outros músicos. Já tenho 37 anos, dez dos quais a investir no meu trabalho na música, mas tenho os pés bem assentes no chão e sei bem que nem tudo são rosas neste percurso, apesar de nada ser fácil em nenhum meio profissional hoje em dia. Quanto a futuros trabalhos há muita coisa para fazer e editar! Experimentar sem limites.