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Publicado a: 22/12/2017

Slug Beetle sobre AAD: “Foi mais um exercício técnico de gravação do que uma preocupação melódica”

Publicado a: 22/12/2017

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

Slug Beetle fecha as contas de 2017 com uma nova edição através da sua Phonotactics. AAD é um EP com recurso a maquinaria analógica, um trabalho que alberga 6 temas experimentais.

 



Edgar Matos já deu vida a várias personagens no âmbito da música electrónica. Sempre num registo mais experimental do que meramente funcional, as faixas que carimba têm percorrido alguns trajectos alternativos àqueles que ditam as regras no mainstream. Só no ano passado, a sua série !”#$ deu origem a três EPs, tendo ainda colaborado no arranque de Colónia Calúnia com uma entrada na compilação AJUNTAMENTO, o lançamento que celebrou a nata da produção digital e underground nacional.

2017 foi um ano mais calmo no que toca a edições, mas isso não é sinónimo de menos trabalho por parte do produtor de Elvas. Timelapses and Other Fables deu início a uma parceria com a con+ainer, que editou um álbum de Slug Beetle em Abril passado. É também na Rádio Quântica que podemos ter acesso às coordenadas sónicas por onde a nave de Edgar tem passado, com um podcast mensal a rodar na emissão online da iniciativa radiofónica portuguesa.

Em AAD, Slug Beetle volta atrás no tempo e liga-se às máquinas, deixando de lado a vertente digital que hoje tanto vemos associada à música electrónica. No horizonte do produtor, há a possibilidade do projecto vir a embarcar numa viagem pelo formato físico, mais precisamente em cassete, um formato analógico que teima em não morrer por completo – e ainda bem.

O Rimas e Batidas falou com Edgar Matos para perceber as ideias na base da sua mais recente edição pela Phonotactics e a sua situação actual dentro das várias iniciativas nas quais se tem envolvido.

 


https://soundcloud.com/mojunkie/santababy


Este AAD soa a muito trabalho de maquinaria – menos digital, mais analógico; Como foi o processo criativo destes 6 temas?

Foi gravado em 6 pistas e algumas das pistas foram passadas por diferentes hardwares para lhes dar uma diferente textura e não soar normalizado. Eu diria até mesmo que foi mais um exercício técnico de gravação do que uma preocupação melódica. Um processo de refinamento talvez. As faixas foram trabalhadas entre Setembro e Novembro e masterizadas ainda este mês. São ideiais que sairam mais uma vez de forma espontânea, tentei não saturar muito as tracks de forma a que o resultado soe mais minimal em alguns momentos. Não há VSTs, neste disco é tudo hardware: Yamaha TX81Z, Yamaha PSS480 & 780, Roland JV2080 e Novation Circuit.

É uma fórmula que pensas voltar a usar no futuro? Casar vários tipos de máquinas e testar combinações diferentes de hardware?

Sim. Pensando numa perspectiva quase de historia da informática. Acho que, ao usar diferentes synths produzidos nos 80´s e nos 90´s com chips baratos e com diferentes escaladas de integração no seu fabrico, se consegue obter alguns resultados muito peculiares a nivel de sonoridade. Há musicas que usam 3 gerações de chips diferentes para gerar tons, o que dá numa coisa por vezes perfeita e desafinada. Há muita cena geek por detrás dos sons nestes temas. É quase como um demo show de desbloqueio de parametros de fábrica nos synths da Yamaha.

Este foi um ano menos produtivo para ti, no que toca a edições, mas não de menos trabalhoso: além dos projectos que desenvolves sozinho, estás envolvido em algumas iniciativas da Rádio Quântica, lançaste um álbum pela con+ainer… Fala-me um pouco desse trabalho de background que andas a desenvolver.

O álbum na con+ainer foi muito importante. Deu me um certo equilibrio emocional para continuar a explorar as máquinas e continuar a produzir. As editoras com alguma visibilidade são isso: um reanimador artístico. A Quântica… Ai a Quântica… É uma família! O programa que lanço por eles faz de mim, uma vez por mês, um host radiofónico alienado. Tem servido para estar mais atento às cenas electrónicas a nível nacional e internacional, com a preocupação de todos os meses ter uma playlist de duas horas actualizada com as melhores fritarias que por aí se vão ouvindo. A Rádio Quântica é uma boa forma de viajar sem sair do lugar. A física quântica explica isso muito bem. O facto de ser uma plataforma liberal em muitos aspectos também me dá a vontade de, se um dia me apetecer, levar uma guitarra e fazer um unplugged em direto. Sem os patrocinadores – que não existem – cancelarem o show horas depois.

No Facebook fizeste alusão a uma futura edição em cassete. É este AAD que vais passar para a fita?

Vou reeditar algumas coisas em cassete. Mas está tudo ainda a ser bem planeado. É provável que consiga também uma edição em tape deste trabalho.

2018 está já aí à porta. Tens material para lançar no próximo ano? Quais são os teus planos para o ano que se segue?

Não tenho nada ainda muito planeado. Tenho uma espécie de linhas guia a desenvolver. Manter e reavivar algumas colaborações com outros artistas – João Branco Kyron dos Beautify Junkiards e a Helena Espvall (que é uma grande violoncelista) – mas não vou adiantar detalhes desse projecto. O resto logo se ouvirá. Ou verá (risos). Também tenho o hábito de convidar amigos e amigas para gravar em casa, e depois aproveitar algumas coisas dessas sessões. Basicamente tenho vários ghost guests nas minhas tracks por vezes. É provável que edite algo com muitas dessas collabs não assumidas no ano que vem.

 


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