Nova Iorque, teclas e jazz londrino já são ingredientes habituais na receita do Rimas e Batidas — só que hoje ainda polvilhamos o resultado com flores e gatos.
Esta sexta-feira, o esperado primeiro álbum da produtora Violet surge ao lado do regresso de Cashmere Cat e do segundo trabalho de Joe Armon-Jones, teclista dos Ezra Collective. Há ainda a frutífera união entre Skyzoo e Pete Rock e o novo projecto de Kiefer, teclista nato e produtor de Anderson .Paak. É um dia de estreias, ângulos novos, colaborações frescas e imaginação expandida.
[Violet] Bed of Roses
Podíamos dizer que Violet está finalmente a abrir a porta ao seu rosário, mas tem-no feito em digressão mundial nos últimos anos, entre EPs e sets vencedores. É só agora, contudo, que a DJ e produtora portuguesa se estreia em longa-duração: Bed of Roses tem a chancela da Dark Entries Records, um título em jeito de tributo aos Bon Jovi, e dez faixas que servem de capítulos para um diário sonoro da vida de Inês Coutinho. “Um dispositivo de cura”, assim o descreve a presidente da naive e co-fundadora da Rádio Quântica.
[Cashmere Cat] Princess Catgirl
Para Cashmere Cat, é fácil transitar dum disco com participações de Ariana Grande, Jhené Aiko ou The Weekend para um álbum focado em si mesmo e gravado em dois meses, e é especialmente confortável abandonar a configuração humana para abraçar a imagem de uma gata. Princess Catgirl é o título do seu novo capítulo artístico e um avatar do seu desejo de se ausentar da ribalta — mas não da música. Os 18 minutos que sucedem a 9, editado em 2017, têm co-produção de SOPHIE, Benny Blanco ou Toby Scott.
[Skyzoo & Pete Rock] Retropolitan
O caminho de Brooklyn ao Bronx acaba de se tornar mais rápido. Skyzoo, autor de The Salvation, encontrou a lenda do rap Pete Rock — o seu encontro materializa-se em faixas com Styles P, Conway e mais convidados. Desta vez, não se ouvirá a tag “Another Pete Rock Remix”, dado tratar-se de um álbum de colaboração entre “duas gerações de nova-iorquinos lendários e nativos”. São 12 faixas que documentam a erosão da cultura da sua cidade, ao passo que lhe envia uma carta de amor.
[Kiefer] Superbloom
O teclista e produtor (com créditos em Oxnard e Ventura de Anderson .Paak) completa o mini-disco Bridges com uma segunda parte que descreve como “mais luminosa, imaginativa e vibrante”. Superbloom é uma peça que procura balançar a euforia com a paz, continuando a abordagem de Bridges, em que já enriquecia o plano instrumental com sintetizadores analógicos — complementando a espontaneidade quase jazzística do piano com batidas e teclas corpulentas.
[Joe Armon-Jones] Turn to Clear View
Inseridos na vibrante cena do jazz londrino, os Ezra Collective já disseram “presente” no ReB — é altura de ouvir o seu imaginativo e bizarro teclista. Joe Armon-Jones editou o seu primeiro disco, Starting Today, em 2018; um ano depois, traz Turn to Clear View, reflexo da club culture contemporânea em que se imiscuem o hip-hop e o p-funk (derivado de George Clinton e os Parliament). Nubya Garcia, outra protagonista da nova dinâmica de Londres e colega de trabalho de Armon-Janes, colabora numa das faixas.