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“But is it heaven or Las Vegas?”, perguntava Miley Cyrus esta semana, amedrontada em palco – talvez pela primeira vez na sua vida – por estar a arriscar uma versão de Cocteau Twins perante fãs desconhecedores e, portanto, aborrecidos. Deste lado, podemo-nos perguntar: será calor apoteótico ou aquecimento global? Ambos! O leque de música desta sexta-feira é abrangente o suficiente para acomodar as seguintes modalidades de reação: paixão, introspeção, desanimo, psicadelismo, melancolia ou imaginação. E todas as outras que queiram, também.
Para além destas seleções, há ainda Raven Eldritch (VULVATORIUM) ou a icónica dupla de produtores Jimmy Jam & Terry Lewis (Jam & Lewis, Volume One).
[Vince Staples] Vince Staples
Uma frase do crítico Dylan Green, na Pitchfork, descreve bem a vibe: “[Vince Staples] já foi a cara de campanhas publicitárias da Sprite e vai ter uma série na Netflix, mas a morte e memórias decadentes estão sempre à espreita.” Este álbum homónimo não é celebratório, agarra sentimentos mais melancólicos, uma produção mais apagada (cortesia de Kenny Beats) e histórias potencialmente mais traumáticas. Uma delícia.
[Snoh Aalegra] TEMPORARY HIGHS IN THE VIOLET SKIES
Snoh Aalegra, iraniana-sueca em Los Angeles, lança o seu terceiro disco. TEMPORARY HIGHS IN THE VIOLET SKIES sai pela chancela da ARTium (editora do produtor No I.D.), através da Roc Nation. Com participações de Tyler, the Creator e James Fauntleroy, o disco sai após – Ugh, those feels again (2019), que consolidou o seu êxito nas rádios de r&b, e traz já o seu próprio hit “DYING 4 YOUR LOVE”.
[Rejjie Snow] Baw Baw Black Sheep
A única coisa que precisam de saber sobre o pueril, inquietante segundo disco de Rejjie Snow é a seguinte: foi desenhado, após a ingestão de alguns cogumelos engraçados, como a banda sonora não oficial para o filme Willy Wonka e a Fábrica de Chocolate. Posto isto, não nos responsabilizamos por mais nada.
[Tkay Maidza] Last Year Was Weird, Vol.3
É estranho pensar que o título Last Year Was Weird já existe desde 2018 — parece invenção de 2020, mas não é. Uma das rappers mais aclamadas dos últimos tempos, Tkay Maidza edita o último capítulo da sua trilogia de EP, produzido por Dan Farber (conhecido também por trabalhar em “Tempo”, de Lizzo e Missy Elliott). Uma das faixas, “Kim”, é a profissão de fé de Tkay como devota de Kim Possible — o que se pode pedir mais?
[Charlotte Day Wilson] ALPHA
A alma de Charlotte Day Wilson, que conhecemos de luminosas colaborações com os BADBADNOTGOOD ou Kaytranada, derramada em soul subtilmente potente. O quarteto canadiano de jazz retribui o favor, acompanhando Wilson em “I Can Only Whisper”, tal como Daniel Caesar em “Danny’s Interlude”; acresce ainda a colaboração com Syd (dos The Internet), “Take Care of You”, single previamente disponível. É o primeiro álbum de Wilson, após os EP CDW (2016) e Stone Woman (2018). Artista revelação, não é o que dizem?
[MAF] Home
Após uma série de curta-durações, Pedro Correia aposta no seu primeiro longa-duração, que sai pelo colectivo Monster Jinx. Home é um portal para o mundo eletrónico de MAF, entre os polígonos mais suaves e os sólidos geométricos mais cortantes que um sintetizador é capaz de projectar.
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