pub

Fotografia: Joe Price
Publicado a: 24/04/2020

O jazz e a liberdade de se ir da raiz para todo o lado.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Tom Misch & Yussef Dayes, Zeroh ou Quelle Chris & Chris Keys

Fotografia: Joe Price
Publicado a: 24/04/2020

Na véspera do 25 de Abril, preparem os cravos com um carregamento de jazz liberto. Estendemos a celebração à música negra e não só, unida pelo princípio de autodeterminação. Tom Misch e Yussef Dayes fazem o clássico trânsito entre jazz e rap — faixa ocupada também por Quelle Chris com o produtor Chris Keys, e Skyzoo em união com os italianos Dumbo Station.

Não é só. Há a fervilhante proposta do indefinível Zeroh, que se estreia em longa-duração no mesmo dia em que Rafa G, rapper do Vale da Amoreira, lança o primeiro EP. O percussionista João Pais Filipe já conhece estas andanças, mas, em tempos de confinamento, até lançar um álbum se torna uma nova aventura. É tão bom ser livre para fazer, e ainda mais para escolher.

Para os viciados em música que pedem uma dosagem maior, existem projectos de Fivio Foreign (800 BC), Guadpad4000 (Platinum Falcon Tape, Vol.1), Mobb Deep (The Infamous – 25th Anniversary Expanded Edition), Kali Uchis (TOO FEEL ALIVE EP) e Galgo (Parte Chão) para consumir.


[Tom Misch & Yussef Dayes] What Kinda Music

Para Tom Misch,  londrino abraçado desde o Rio de Janeiro até Nova Iorque, a música é colaboração. What Kinda Music ainda não é o disco com Marcos Valle, nem repete a parceria com De La Soul: é mais um ponto no novo jazz britânico, resultante da intersecção com o baterista Yussef Dayes. Um disco para o pôr-do-sol, como sugere a capa, respaldado com a voz de Freddie Gibbs, o baixo de Rocco Palladino e o selo da Blue Note.


[Zeroh] BLQLYTE

Após uma série de mixtapes, Zeroh parte de Los Angeles para a sua primeira prova de resistência oficial. BLQLYTE é um disco que reconstitui epifanias e traumas, ao aprofundar o som amorfo do artista experimental: “de noise a música clássica e jazz, polvilhado com trance”, escreve-se na The Fader. O lançamento ficou por conta da Leaving Records, que se preza por desvalorizar o género musical — está tudo na música, e este pedaço psicotrópico é o culminar de seis anos de gravação.


[Quelle Chris & Chris Keys] Innocent Country 2

Enquanto as bilheteiras de cinema se ressentem, há sequelas que continuam a fazer êxito. Basta ouvir Quelle Chris, rapper de Detroit que editou Guns em 2019 e agora se reúne com o produtor Chris Keys para um álbum de hip hop delicado. Trata-se da continuação do seu disco de 2015, Innocent Country, e quase quintuplica os convidados: Earl Sweatshirt, Homeboy Sandman ou Pink Siifu figuram entre os 19 nomes na lista. Mais um disco na prolífica carreira de Quelle Chris — o célebre Everything’s Fine, álbum a meias com Jean Grae, ainda só tem dois anos.


[Skyzoo & Dumbo Station] The Bluest Note

Mais azul do que John Coltrane? Se o encontro do rapper Skyzoo com estes jazzistas de Itália nos desiludir, talvez a culpa seja das suas próprias expectativas. A união é obra da Tuff Kong, editora sediada em Roma, que conheceu os Dumbo Station numa live jam. O primeiro álbum, Tirana cafè, foi um ensaio; o EP The Bluest Note é o salto para a consciência do hip hop internacional, ao lado de um MC de Brooklyn que anda na luta desde 2002.


[Rafa G] Mr. Muda Flow

Para que nunca ninguém lhe chame “troca-tintas”, Rafa G propõe um apelido mais simpático. Mr. Muda Flow é o primeiro EP do rapper do Vale da Amoreira, bairro lisboeta a partir de onde tem editado singles como “Correria”, “Críticas” e o mais recente “Tranquilo”. São 25 minutos em que se faz acompanhar de Kappa Jotta, Julinho KSD, Jovem Dex, Monsta, Minguito e Ticiah Fernandes.


[João Pais Filipe] Sun Oddly Quiet

O percussionista do Porto é várias coisas: um autodidacta conhecido pelo trabalho com HHY & The Macumbas, acumulador de projectos, e nova cobaia para o lançamento de álbuns em tempo de confinamento. Sun Oddly Quiet vai ser apresentado online pela Lovers & Lollypops — responsável pela edição, em conjunção com a Holuzam — às 18 horas de sexta-feira. À agência Lusa, João Pais Filipe revelou que o arsenal de instrumentos tocados no disco foi “feito de propósito”.

pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos