Em seis discos, seguimos ao sabor de uma longa corrente que nos leva por diversos trilhos da electrónica, passando também pela pop jazzy nacional, pelo rap norte-americano e até pelas cadências caribenhas da salsa. Não esquecendo, claro, o derradeiro álbum de Phoenix RDC, Último Rapper, que muito em breve terá maior expressão por entre estas páginas sob a forma de uma entrevista.
Mais um final de semana atribulado com muitas propostas a acusarem no radar do Rimas e Batidas, formando uma longa lista em que importa também destacar as presenças de Noiserv (7305), Ryu, The Runner (ADULTO IDEAL), Ty Dolla $ign (TYCOON), Dave East (Karma 4), Soulwax (All Systems Are Lying), Gucci Mane (Episodes), Ashnikko (Smoochies), Sam Wilkes (Public Records Performance), PARTYOF2 (AMERIKA’S NEXT TOP PARTY!), Curren$y (10/15), Laura Jurd (Rites & Revelations), bbno$ (bbno$), Headache (Thank You for Almost Everything), Peter Evans Being & Becoming (Ars Ludicra), Otherlands Trio (Star Mountain), Silvana Estrada (Vendrán Suaves Lluvias), WHATMORE (WHATMORE), Carlos Dafé (Carlos Dafé JID025), C.Y.M. (C.Y.M.), Python P (BORN), Chick Corea (Forever Yours: The Farewell Performance), Bar Italia (Some Like It Hot), CRRDR (Latincore Legend), Elias Rønnenfelt (Speak Daggers), Jane Inc. (A Rupture a Canyon a Birth), Jerome Sabbagh (Stand Up!), Steve Hauschildt (Aeropsia) e Skullcrusher (And Your Song Is Like a Circle).
[Sudan Archives] The BPM
O violino continua presente, mas a sonoridade de Sudan Archives está cada vez mais conectada com a electrónica, muito por culpa das influências da música de dança oriunda de Chicago e Detroit e de algumas linguagens de vanguarda ligadas ao trap e ao R&B. The BPM é o terceiro álbum da artista de Los Angeles e retoma a experimentação que a afiliada da Stones Throw Records tão bem tem conseguido nos seus lançamentos, quer seja através de batidas eufóricas como de momentos mais meditativos.
[Femme Falafel] Dói-Dói Proibido
Na sua estreia sob o formato de longa-duração, Femme Falafel mergulha num universo musical onde a dor existencial é negada através do humor absurdo e da fantasia musical, traduzindo questões do quotidiano — dos problemas do coração à crise climática — em metáforas inusitadas que navegam livremente entre jazz, hip hop, jazz, house e MPB, unidos pela veia irónica da artista e do seu compromisso em transformar mazelas pessoais em celebrações caprichosas e genuinamente delirantes.
[IBSXJAUR] SANITY
SANITY é a tempestade sonora que serve de primeiro álbum no trajecto dos recém-formados IBSXJAUR. Com influências que vão de Massive Attack e SOPHIE aos Paramore, a dupla formada pelo produtor IBS (INFRABASSESATURE) e pela cantautora JAUR escava bem fundo na toca da electrónica para ir buscar referências de drum and bass, trap, techno ou bass music numa arrojada proposta hyperpop. Fruto da inquietação de uma geração que luta para manter a sanidade num mundo digitalizado e em ebulição, o disco explora sem medo alguns temas ligados à saúde mental.
[Nathy Peluso] MALPORTADA
Seguindo uma tradição recente das novas popstars da América Latina, Nathy Peluso dá uma volta de 180 graus no seu trajecto para abraçar as origens musicais daquela região. É a salsa que dita o ritmo do novo projecto da artista Argentina, MALPORTADA, um manifesto que tanto é uma homenagem como uma subversão. Tal como nos indica o título, há uma rebeldia de Peluso neste trabalho de raízes caribenhas que transforma a tradição machista do género num palco para sua própria narrativa desafiante e autobiográfica.
[Monaleo] Who Did The Body
Cinematicamente sombria, Monaleo atira-se de forma conceptual a temas complexos como a saúde mental, a vida após a morte e suas conexões ancestrais neste novo LP, influenciada pelos seus estudos em ciência mortuária e por uma estética gótica do sul dos EUA. A capa do registo, que tem a MC de pé dentro de um luxuoso caixão de tons rosa, é auto-explicativa: apesar das temáticas abordadas, a artista adopta um tom burlesco que nos permite uma perspectiva mais clara e acessível sobre assuntos que muitas das vezes são vistos como tabus. Lizzo, Bun B, Lil’ Keke e Paul Wall são convidados neste Who Did The Body.
[Tame Impala] Deadbeat
Kevin Parker deu uma guinada no volante de Tame Impala para levar o projecto a enveredar por um novo rumo naquele que é o seu quinto álbum, Deadbeat. Influenciado por festas rave ao ar livre, batidas de house e techno, psicadelismo, sintetizadores carregados de energia e a habitual preocupação para com o detalhe, o sucessor de The Slow Rush abraça a euforia da cena clubbing de um ponto-de-vista minimal. Contudo, esta fachada dançante e hipnótica serve como pano de fundo para uma narrativa lírica profundamente introspectiva e conflituosa, em que Parker explora o tenso diálogo entre a persona de artista e a forma como age na vida privada.