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Expectativas superadas, surpresas na abordagem ou grupos em remodelação: nada como agitações de diferentes sectores para nos lembrar que nem tudo é o que parece (nem tem de soar àquilo que esperamos inicialmente). Para além das seis escolhas principais, G Herbo (Survivor’s Remorse: A Side), Hagan (Textures), Cormega (The Realness II), Joyce Wrice (Motive), NNAMDÏ (Please Have A Seat), Gil Daltro (Pervasivo), Daphni (Cherry) e Sleep Sinatra & Ohbliv (Shadow Self) chegam-se à frente numa segunda linha fortíssima.
[Open Mike Eagle] a tape called component system with the auto reverse
Aparelhagens, cassetes virgens, rádios e autocarros são a inspiração para Open Mike Eagle fazer uma viagem no tempo até 1997 e dar-nos a tape called component system with the auto reverse, o sucessor de Anime, Trauma And Divorce (2020). Armand Hammer e Aesop Rock são dois dos nomes a garantirem versos neste disco que tem beats de ilustres como Madlib, Diamond D ou Quelle Chris. O rap alternativo em montra.
[Jean Dawson] CHAOS NOW*
Num mundo onde “Bad Habit” chega a número 1 no Billboard Hot 100 depois de meses a pular entre outros lugares menos ambiciosos da tabela, CHAOS NOW* é a tempestade perfeita na altura certa. Jean Dawson prefere fugir a géneros musicais e focar-se na energia que o seu som é capaz de emanar. E, bem, há um tema intitulado “BAD FRUIT*” com um Earl Sweatshirt que está mais perto do cruzamento entre Bon Iver com Mumford & Sons do que de outra coisa. Inesperado.
[Quavo & Takeoff] Only Built For Infinity Links
Qual é o valor dos Migos sem Offset? É esse o exercício que se faz quando ouvimos Only Built For Infinity Links (um título que referencia directamente o disco de 1995 de Raekwon), tal como a capa (que, para além disso, parece ainda fazer uma subtil referência a Stankonia). Os Outkast voltam a “aparecer” em “Bars Into Captions”, citando-se “So Fresh, So Clean” no instrumental. Quavo e Takeoff, tio e sobrinho, unem esforços para provar que dois é bom — e se calhar três é demais.
[Da Chick] Good Company
Da Chick costuma andar bem acompanhada, mas Good Company é outro nível. Melo D, Fred Ferreira, João Gomes, Beware Jack, Gui Salgueiro (aka YANAGUI), Gabriel Salles Silva, Sandro Félix, Iúri Oliveira, Eduardo Cardinho, Selma Uamusse, Mirza Lauchand, Barbara Whanon, DJ Glue, Moullinex e Xinobi são os seus parceiros neste álbum com músicas em português e o feeling de quem andou a escutar muito os diferentes volumes de Jazzmatazz e o colectivo Soulquarians.
[Loraine James] Building Something Beautiful For Me
Quando a Phantom Limb a desafiou para criar um corpo de trabalho com inspiração no catálogo de Julius Eastman, Loraine James não sabia praticamente nada sobre o compositor. Essa informação é entregue num excelente texto publicado pelo The Guardian em que, entre outras coisas, a produtora britânica se abre sobre o facto de conhecer outros contemporâneos de Eastman, como Philip Glass e Steve Reich, mas muito pouco mesmo sobre este. Building Something Beautiful For Me é James a fazer a ponte com o americano e encontrar aquilo que os liga (e trazer os seus temas para o contexto da música electrónica dos dias de hoje).
[DJ Muggs & CRIMEAPPLE] Sin Cortar
Depois de Medallo (2019) e Cartagena (2021), o produtor e DJ Muggs e o rapper CRIMEAPPLE voltam a juntar forças para um álbum colaborativo, Sin Cortar. São nove faixas com o castelhano do MC a ser privilegiado e os ambientes sonoros a gritarem “perigo” do co-fundador dos Cypress Hill a permearem tudo à sua volta. Sem cortes.
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