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Texto: ReB Team
Fotografia: Roberto Flores
Publicado a: 29/01/2021

Ir ao encontro das expectativas.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Madlib, Capicua, Farhot, Divide And Dissolve, Mind Safari e Arlo Parks

Texto: ReB Team
Fotografia: Roberto Flores
Publicado a: 29/01/2021

Qualquer dia que tenha novidades de Madlib é, sem grande sombra de dúvidas, um bom dia. De um outro patamar (mas com pretensões e qualidades para pedir um lugar mais acima), há o beatmaker Farhot, que vai às suas origens afegãs à procura de samples. Os portugueses Capicua e Mind Safari, a novata-mas-já-a-apontar-para-as-estrelas Arlo Parks e as reivindicativas Divide And Dissolve fecham a lista.

Querem ocupar todos os segundos do vosso dia a ouvir música nova? Podem picar ainda os discos de Passport Rav (Travel Ban), Celeste (Not Your Muse), Tha God Fahim & Your Old Droog (Tha Wolf On Wall St), The Musalini & O Finess (No Squares in My Circle), Koncept Jack​$​on & Ohbliv (JET MagaZINE ’21 Reissue), Fredo (Money Can’t Buy Hapiness), BONES (BURDEN), brwnsounds (WITH LOVE.), Lil Peep (CALIFORNIA GIRLS), Conor Albert & Alice Auer (Forget) e Marcos Resende & Index (Marcos Resende & Index).



[Madlib] Sound Ancestors

O New York Times chama-lhe “o primeiro álbum tradicional” de Madlib. O hiper-activo criativo californiano foi lançando projectos de todos os feitios e formas, a solo (através de vários alter-egos) e com outros artistas, mas este é o momento em que convoca a cavalaria pesada (que neste caso é o igualmente brilhante Four Tet) para um esforço diferente, chamemos-lhe assim. Kieran Hebden teve a missão (e a benção) de pegar em pedaços de música de Otis Jackson Jr. e transformá-lo num longa-duração que pode muito bem funcionar com uma espécie de entrada especial para a longa discografia do apanha-loops.



[Capicua] Encore

O mais recente álbum de Ana Fernandes, mais conhecida como Capicua, não teve o tempo de estrada merecido, por isso a solução mais prática foi transportar o que se passou ao vivo (nas raras ocasiões em que foi possível levá-lo para o palco) e colocá-lo num pacote: o EP reúne gravações ao vivo de temas do disco de Língua Franca (“Ela”), da sua participação (“Fumo Denso”) em From Scratch, de DJ Ride, duas faixas de Madrepérola (“O Quadrado Perfeito” e “Parto Sem Dor”) e um inédito (“Encore”). Já têm saudades de concertos? Nós também…



[Farhot] Kabul Fire Vol. 2

“Vou lixar os jornalistas que empregam a expressão ‘tapeçaria sonora’”, terá pensado Farhot ao escolher a capa da sua segunda mixtape, aniquilando de uma vez só o cliché. Ammar Kalia do The Guardian desviou-se dessa abordagem, ao usar a entretecedura como metáfora para a “identidade imigrante” do produtor afegão repatriado na Alemanha desde os anos 80.

A capa não é uma provocação: apenas a visualização mais imediata do trabalho investido em batidas com pés de pomba, cânticos e flautas samplados. Madeira sem verniz, mas esfregada durante meia hora; o fogo de Farhot pode vir de longe, mas vai direitinho à cidade de Kabul.



[Divide And Dissolve] Gas Lit

Quando alguém se diz gas lit, fala de violência; manipulação como palavra de ordem. Também Takiaya Reed e Sylvie Nehill jogam com expectativas e desilusões, emergências e retiradas, prolongamentos de dor. É claro que o sopro do saxofone, ostinato que abre as hostilidades do álbum (produzido por Ruban Nielson dos Unknown Mortal Orchestra) é uma armadilha. Nada será tão suave, nem tão violento quanto a primeira erupção de drone e guitarra; os címbalos são a única segurança ao longo do disco.

Reed e Nehill são mulheres de ascendência indígena (a primeira é Cherokee, a segunda é Māori, o povo nativo da Nova Zelândia). À sua história juntam a influência punk, como o útil para o agradável — na missão pela libertação negra, pela soberania indígena e pelo fim da supremacia branca.



[Mind Safari] Sincronismo

Sai pela Rave Tuga, chancela da Discos Paraíso, uma homenagem às potencialidades da música house, ambient e techno. Sob o nome de Mind Safari, o produtor aveirense João Melo viaja da cadência mais hipnagógica (“An Act of Providence”) aos jactos eletrónicos com maior velocidade (“Nebula’s Kiss”).



[Arlo Parks] Collapsed In Sunbeams 

Arlo Parks pinta vários “arco-íris a partir de algo doloroso” em Collapsed In Sunbeams, o seu aguardado álbum de estreia. Filha de pai nigeriano e mãe chadiana-francesa, a artista de 20 anos, que cresceu em Londres, criou este trabalho com a ajuda preciosa de Gianluca Buccellati, o produtor de serviço, com quem tentou canalizar uma certa nostalgia adolescente que, independentemente da idade de quem ouvir, vai ressoar com algum impacto.

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