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Em semana especialmente produtiva há que dar prioridade ao que não pode, definitivamente, ficar para amanhã. Seja esse restrito role matéria para desgovernar o corpo, agitar a cabeça, ou alinhar ambos. Tudo possibilidades que uma noite de sexta-feira abre. Agora, para quem a noite só acaba de manhã, há ainda tempo para espreitar os cantos de Marlene Ribeiro (Toquei no Sol), KING VISION ULTRA (SHOOK WORLD), Pearla (Oh Glistening Onion, The Nighttime Is Coming), Tennis (Pollen), Black Belt Eagle Scout (The Land, The Water, The Sky), Yo La Tengo (This Stupid World), The Brian Jonestown Massacre (The Future is Your Past), Amber Arcades (Barefoot on Diamond Road), The Academic (Sitting Pretty), Andy Shauf (Norm), Civic (Taken By Force), Eric Bellinger (1-800-Hit Eazy: Line 2), INNA (Just Dance #DQH1), J.I the Prince of N.Y (One Way Or Another), Kelly Lee Owens (LP.8.2), ou Zolita (Falling Out / Falling In).
[Two Shell] lil spirits
A música programática dos Two Shell continua a ser divulgada em doses compactas e intensas. O duo de produtores britânicos escondidos por trás da “concha” acaba de editar lil spirits, um EP que de pouco espírito não tem nada: há ímpeto desenfreado nestas batidas que soam como lasers a apontar em todas as direcções. As coordenadas ideais para quem procura passar a noite de sexta-feira com as pilhas no máximo.
[Liv.e] Girl in the Half Pearl
De concha dupla a meia pérola, o que se procura não é, na verdade, assim tão diferente. A proposta de Liv.e no seu recém-desabrochado Girl in the Half Pearl vai para lá dos universos entre o jazz, o r&b e o hip hop que a artista norte-americana — que já colaborou, por exemplo, com Earl Sweatshirt (em “MTOMB”, de Feet Of Clay) — bem conhece. À semelhança do que fez Pink Siifu em NEGRO — com quem a cantora e produtora já trabalhou, também, variadíssimas vezes (assim como com o parceiro Fly Anakin) —, Liv.e permitiu-se a explorar uma faceta mais distorcida do seu encantador registo harmonioso. E é, precisamente, a partir daí que a corrente volta a ligar ininterruptamente.
[Kelela] Raven
O fascínio por Raven começa desde logo pela capa do novo disco de Kelela. Mesmo ignorando toda a carga simbólica que a imagem espelha, não há como ficar indiferente ao rosto enegrecido que emerge à tona de um mar também ele envolto em escuridão. Neste trabalho, é caso para dizer que a imagem fala tanto quanto as mil palavras que a autora usa para dar cor à sua perspectiva enquanto mulher negra, tema central do álbum. Dar cor, sim, porque se o ponto de partida se apresenta preto no branco, o resultado pinta-nos um cenário bem diferente. A arte de dar luz às trevas tem destas coisas.
[Brainorchestra] It Means A Lot
Da electrónica ao hip hop vai uma distância bem mais curta do que se possa pensar. Quem veio atrás é prova disso, ainda que no caso de Brainorchestra esse rasto seja menos perceptível — mas ele está lá. Não obstante, é pelas renovadas expressões do boom bap mais tradicional que o rapper e produtor de Nova Jérsia se movimenta com especial à-vontade. It Means A Lot representa mais um volume da sua já preenchida obra e cumpre a receita à risca: até os ingredientes — que é como quem diz os beats — foram revelados isoladamente.
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